Capítulo 9

168 19 21
                                    

O questionamento de para onde Viktor fora começara a se formar na mente de Andrew, mas antes que ganhasse a forma de palavras, sua garganta foi agarrada pela mão do asiático, que, furioso, olhava ao redor enquanto gritava:

   – Olha o que você fez! Eu quase consegui.

Sem conseguir respirar, Andrew agarrou o braço do vampiro e seus dedos penetraram nos rasgos causados por Viktor. Para sua surpresa, a carne que sentia era tão macia quanto a sua. Esperava que fosse como vira em livros e  filmes, dura como mármore. O homem ergueu seu corpo, e Andrew esperneou, dando socos inúteis em seu braço e peitoral.

   – Você vai matar ele! – Becky se jogou contra o seu corpo, agarrando-o pela cintura. – Por favor, para! 

Mostrando as presas para ela, o vampiro rosnou e deu-lhe um empurrão, lançando-a para trás como uma boneca de pano. Greg surgiu correndo por trás dele e deu um soco em suas costas, mas o efeito foi o mesmo que se tivesse atirado um saco de penas contra o asiático.

   – N-não… Não… Respirar… – Andrew começava a perder a consciência e as forças. 

O homem virou novamente para ele, os olhos cintilando, e disse enquanto abaixava-o até o chão e aliviava a força de seu aperto:

   – Como você se lembrou de mim?

Os pulmões de Andrew começavam a recuperar o ar, mas os dedos permaneciam em sua garganta, prontos para findarem sua vida. Ele não sabia do que o homem estava falando. 

   – Lembrar de você? Eu não sei do…

Greg tentou atacar o vampiro outra vez, mas, sem nem olhar para ele, a criatura agarrou-o pela jaqueta, fazendo-o gritar.

   – Você disse que achava que já tinha me visto no dia que esbarrou em mim na rua. Onde você me viu?

Andrew teve a impressão de que o homem estava apenas verificando algo, o qual já sabia a resposta. Como se as cenas passassem em flashes enquanto encarava o brilho naqueles olhos frios, Andrew recordou-se da mulher sendo jogada ao chão como um pedaço de carne, do sangue nos lábios do asiático, da mão em seu pescoço e… Olhou para a boca dele. As presas afiadas.

   – Você é o vampiro que matou a mulher na cabana. Você tentou me mat…

Transtornado e confuso, o vampiro inclinou a cabeça, estudando o rosto de Andrew.

   – Como isto é possível? – murmurou ele, mais para si do que para os outros.

   – Se vai me matar, acaba logo com isto. – As lágrimas fundiam-se à água no rosto de Andrew. – Só não faz nada com eles. Por favor…

Becky, que parecia não mais querer se aproximar após ter visto o rosto do vampiro, mantinha-se paralizada, a alguns metros deles, com as mãos na cabeça. Em um movimento que desafiou todas as leis da física, o vampiro virou-se para ela e lançou Andrew e Greg no chão. Rolando pelo gramado, as roupas ficando imundas com a lama, os dois pararam nos pés dela, que se jogou em cima deles, como se fosse capaz de protegê-los do vampiro.

Em um flash, o vampiro estava diante dos três e disse:

   – Vocês vão esquecer tudo o que aconteceu aqui. Irão recolher as coisas de vocês, as bebidas, chamar um Uber, irão para um hotel e ficarão trancados no quarto até amanhecer. – Olhou para Andrew e seu olhar vacilou. – Não abram a porta para ninguém, muito menos, convidem alguém para entrar no quarto. As dores que vocês sentirão no corpo irão acreditar que é sintoma de resfriado por terem bebido demais e ficado na chuva. Vocês vieram até esta casa, mas, no meio da noite, decidiram ir para outro lugar, deixando o amigo de vocês em casa. Isto é tudo o que se lembrarão.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora