Capítulo 24

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Andrew já havia colocado Becky a par de tudo o que havia acontecido entre ele e Kai na sala e seu arrependimento de ter traído a confiança de Greg. Ela tentou acalmá-lo, dizendo para aguardar até que eles realmente tivessem a tal conversa para saber como as coisas ficariam. 

Pelo grupo em que os três se comunicavam, Greg enviou mensagens explicando o que havia descoberto e que achou muito estranho toda aquela história que o homem havia dito sobre não querer que a atenção fosse atraída para a área dele.

Ao dizer como eram as características físicas dos seus informantes, Andrew achou que seria coincidência demais o cara ter a mesma aparência que o tal Michael que entrara no bar no dia em que foi contratado.

“O que foi?”, digitou Becky e mostrou para ele. 

Ele explicou que talvez fosse o mesmo cara que tinha falado com Shawn no bar. Greg enviou uma mensagem perguntando se eles achavam que Shawn sabia de algo e não estava contando. Andrew esperava que Becky fosse a primeira a descartar aquela hipótese, mas a garota enrolava uma mecha do cabelo no dedo, pensativa.

Sacudindo a cabeça, Andrew digitou: “Não, gente, não viagem”. Porém, ele também já não sabia no que acreditar.

“Bom, eu já não sei de mais nada, Drew”, respondeu Greg, “Consegui falar com a Eleanor, e ela disse que consegue descer antes que amanheça. Lá embaixo, ela vai poder andar tranquilamente sem se preocupar com o Sol. Estou voltando pra casa.

Sem dizer nada, Becky escrevia algo para Shawn, que respondeu logo em seguida, com uma foto dele na cama. Andrew sorriu, mas Becky sacudiu a cabeça e apontou para o relógio na parede do quarto da foto.

A hora estava diferente. “Pilhas velhas…”, pensou Andrew, tentando se agarrar à esperança de que Shawn era confiável. 

Fazia um tempo desde que Lindsay não aparecia no andar em que eles ficavam, e isso já estava preocupando tanto Andrew quanto Becky. Eles ouviram barulho na sala, e Andrew abriu uma brecha da porta para ver o que acontecia. Lindsay levava um prato e um copo para a cozinha. Ela parecia saudável e vestia roupas diferentes. 

Pelo que parecia, Kai não a estava deixando passar fome ou sofrer lá embaixo.

Enquanto tentava fechar a porta sem fazer barulho, o celular de Andrew vibrou com uma ligação de Christopher, seu pai. Imediatamente, ele atendeu, esperando que o pai tivesse conseguido escapar.

   – Pai, vocês estão bem? Onde estão? 

   – Estamos bem, filho – respondeu Christopher, mas a voz estava calma demais. Ele tossiu algumas vezes e voltou a falar. – Estamos com saudades. Sua mãe pediu para avisar que já está quase terminando o manuscrito.

Christopher não era do tipo que pegava resfriados ou gripes com facilidade. Foram poucas as vezes que Andrew o vira de cama por conta de algo assim.

   – Pai, você tá doente? O Viktor tá machucando você?

   – Mesmo que eu estivesse – Viktor disse ao fundo da ligação. –, você não acha que eu permitiria que  ele te dissesse, certo, Andrew? Sua burrice me surpreende, sabia? 

As lágrimas rolavam pelo rosto de Andrew, que tremia, andando de um lado para o outro no quarto.

   – Achei interessante demais a movimentação de vocês, mas vou manter em segredo, ok? Aposto que o Kai está de ouvidos bem abertos neste exato momento. Bom dia, querido Kai.

Desesperado por Viktor estar ciente de que Greg e Eleanor estavam vagando pela cidade, Andrew olhou para a Becky, mas disfarçou, o melhor que pôde, quando notou que Kai olhava para os dois, de pé à porta.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora