Capítulo 10

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Após passar a manhã e a tarde inteira intrigado com o comportamento dos pais, Andrew, enfim, convenceu-se de que não estavam agindo daquela maneira somente porque Greg estava lá na noite anterior quando saiu de casa para trabalhar, e eles não fizeram nenhuma objeção. Seguindo o conselho de Becky, não tocou no assunto com eles para que não causasse o retorno da discussão.

Dentro do Uber, estava lendo um capítulo falando sobre as supostas habilidades dos vampiros, o que incluía a imortalidade, regeneração, força e velocidade sobre-humana,hipnose e até alguns boatos de que teriam a capacidade de sugar a energia das pessoas. “Quem me dera ser imortal…”, pensava, guardando o livro na bolsa.

Entrou no bar, e Shawn estava terminando de limpar a mesa de sinuca. Imaginando se algum dia ele já tentara pentear o cabelo, Andrew tocou-lhe o ombro.

   – Teu uniforme tá perto dos armários – Shawn acertou um dos tacos no lugar, então, acompanhou-o em direção ao balcão. – Lembra como faz o que te ensinei?

Andrew repassara os ensinamentos mentalmente tantas vezes nos dias anteriores que acreditava ser capaz até de dar aulas sobre como fazer aquelas coisas.

   – Tá tranquilo. Eu dou conta – Andrew sorriu, querendo demonstrar confiança, mas, por dentro, pedia para que não estivesse errado.

O uniforme ainda estava com cheiro de novo quando Andrew o tirou da bolsa. Sorria, orgulhoso, conferindo o tamanho da camisa, quando Podrão entrou na sala dos funcionários, parecendo discutir com alguém:

   – Ronnie, já falei que não precisa esquentar com isso. – Ao perceber que Andrew estava ali, deu um aceno de cabeça e voltou para fora.

Andrew não deu importância, afinal, as pessoas gostam de ter privacidade, ainda mais quando estão discutindo com os parceiros. Trocou de roupa e ouviu a música ficar mais alta lá fora. “Começou!”, pensou, trancando o armário, em seguida, saiu para o salão.

Por ser a noite de uma Segunda-Feira, o bar estava com um movimento razoável, como Shawn havia dito que seria. Para Andrew, aquilo era ótimo, pois estava tendo a chance de pegar o ritmo dos atendimentos sem precisar ficar na correria.

Andrew terminou de encher uma caneca de chopp, entregou-a para um homem careca e notou que Shawn o observava enquanto passava pelo salão com uma bandeja com hambúrgueres e uma porção de batata frita. O grandalhão serviu a mesa, então aproximou-se do balcão.

   – Viu? Eu falei pra ti que iria aprender a servir o chopp. – Ele apoiou os cotovelos no balcão, balançando a cabeça no ritmo da música.

Com um sorriso de orelha a orelha, Andrew recebeu o pagamento de uma cliente e jogou a gorjeta em sua caixinha.

   – Alguém reclamou do atendimento? – perguntou Andrew, passando um pano no balcão para secá-lo.

Shawn negou com a cabeça, olhando para a porta do bar.

   – Nunca vi alguém que tivesse o atendimento ruim ganhar gorjeta, cara. – Shawn inclinou a cabeça para a porta. – Temos gente nova no bar. Vou receber eles.

Andrew não sabia se sorria ou se ficava nervoso por ver o trio que entrara no bar. Becky, analisando toda a decoração como uma crítica profissional, Greg, respondendo algo para Shawn, e Viktor, que, por algum motivo, parecia sério demais, encarando-o. O loiro apontou para o balcão, indicando para eles que o havia encontrado, então aproximou-se.

   – Boa Noite, Andrew. – Algo no tom da voz dele deixou andrew desconfortável. – Aproveitando seu primeiro dia de trabalho?

   – Muito. – Os olhos de Andrew desceram até a camisa de Viktor, que dizia “Doe Sangue”, depois, foram até Becky e Greg, que ainda conversavam com shawn. – Eu falei pra eles não virem no meu primeiro dia. 

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora