Capítulo 20

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Andrew se aproximava de Kai e Greg, que continuava pressionado contra o tronco da árvore, levando a mão até o ombro de Kai para puxá-lo, mas Kai soltou a camisa de Greg. Ele se virou para Andrew, e Greg tentou revidar. Com um aceno de mão, como se espantasse uma mosca, Kai acertou o punho de Greg, lançando sua mão para o lado.

   – Percebe o que eu disse sobre você ainda ser fraco? – Kai o olhou de canto. – Recomponha-se e tente evitar que eu pegue o Muller. 

Greg deu um passo para longe da árvore, e Andrew levou alguns segundos até desprender o olhar do dano causado contra o tronco. Era como se ele tivesse sido atingido por uma enorme bola de ferro. Greg, por sua vez, apenas estalou as costas e, inflando as narinas, cuspiu o sangue de sua boca sobre o gramado.

   – Tá tudo bem? – Andrew colocou as mãos sobre seu rosto, preocupado.

   – Sim… – Greg mal terminou de falar e agarrou Andrew pela cintura, saltando para longe da investida de Kai.

Ele parou no centro da clareira, procurando por Kai, que havia sumido novamente. Algo roçou na nuca de Andrew, e, ao se virar, encontrou o sorriso cínico de Kai por um segundo antes de ele desaparecer novamente.

   – Gregory, você vai ter que ficar mais atento se pretende mesmo proteger ele. – Kai estava escalando uma árvore à direita de onde eles estavam. 

Greg bufou irritado pela provocação, as veias escuras surgindo ao redor de seus olhos e suas íris aumentando de tamanho. A madrugada seria longa, e Kai parecia estar se divertindo além da conta com a frustração de Greg toda vez que ele encostava em Andrew antes de ser percebido.

Ao menos, não estavam machucando um ao outro. Contudo, aquele treinamento ainda deixava Andrew no mesmo nível de vulnerabilidade de antes, o que não o agradava nem um pouco. Não queria ser apenas uma isca.

   – Não dessa vez! – Greg se movimentou tão depressa que os olhos mortais de Andrew foram incapazes de perceber quando ele se abaixou e com o antebraço, deu uma rasteira em Kai, que rolou pelo gramado.

Kai soltou um grunhido, arrancando uma boa quantidade de grama enquanto se levantava. Limpou a terra da própria roupa, erguendo a sobrancelha para Greg, que ainda se mantinha em posição de defesa.

   – Acho que já posso começar a pegar mais pesado, certo? – Kai olhou para Andrew. – Muller, preciso que fique longe agora. Não importa o que aconteça, lembre-se que ele se regenera, e eu não tenho intenção de matá-lo. 

Aquilo não soava nada agradável aos ouvidos de Andrew, mas Greg assentia para ele com as presas evidentes, o que ajudou-o a reforçar a ideia de que seu namorado não era mais tão frágil. Sentindo a queda da temperatura, deu um passo para trás, decidido a ir buscar um agasalho, quando sentiu que havia alguém atrás dele. Virou-se alarmado, mas era Lindsay, segurando duas canecas de  chocolate quente.

   – Jesus Cristo, Lindsay! Eu tinha esquecido que você estava aqui. – Só então, ele percebeu que havia fechado o punho e o abriu, sem graça.

   – Fiz pra ajudar com o frio. – Ela estendeu a caneca para ele, e seu olhar se desviou para algo atrás dele. – Chegou alguém.

Andrew pegou a caneca e se virou. Uma caminhonete preta entrava no jardim, aproximando-se da casa. Ele não reconheceu o homem ao volante, mas Eleanor, mãe de Greg, estava no banco do carona e acenou para ele.

Greg andou na direção da caminhonete, mas Kai o agarrou pela nuca e disse:

   – Estamos no meio do treinamento. Agora, vamos ver se sabe alguma coisa sobre combate corpo a corpo. – Ele deu um soco na barriga de Greg, que se curvou, então acertou seu queixo, fazendo-o cair de costas no gramado.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora