Capítulo 26

49 6 3
                                    

Algo devia estar acontecendo com Eleanor. Já havia anoitecido, e ela não havia retornado para a casa. Greg tentou ligar, mas o celular estava desligado.

   – Parece que seremos só a gente – disse Kai, subindo a escada, com um pouco de sangue no canto da boca e o cabelo preso em um coque. – Sua mãe não parecia ser do tipo que foge.

Ele carregava a espada sobre o ombro esquerdo, andando até a porta da sala, onde Greg aguardava.

   – Ela não é – respondeu ele, virando-se para Kai e franzindo a testa ao ver a espada.

   – Eu deixaria você brincar com ela se não fosse capaz de acabar se cortando – provocou Kai. – Ele deve atacar a qualquer momento, então fique de olhos bem abertos.

   – Drew – Becky saiu do quarto com a jaqueta de Andrew na mão. – A gente ainda sente frio, então é melhor vestir isso.

Ela olhou para Kai e Greg, olhou ao redor, e Greg, preocupado, perguntou:

   – Ele não estava contigo?

Kai entrou na sala, furioso com Greg e o empurrou contra a parede.

   – Eu disse pra ficar de olho nele!

   – Ele falou que ficaria com a Becky pra se acalmarem, então fui dar uma olhada na área pra ver se não tinha mais ninguém entrando. – Greg não parecia nem um pouco orgulhoso daquilo.

Kai o soltou e , bufando, passou por Becky, verificando os outros cômodos, então parou na porta e resmungou:

   – Tão parecido… 

   – Quê? – perguntou Becky, olhando, confusa, dele para Greg, que também não havia entendido o comentário.

   – Esquece. Temos que achar ele. – Kai ia correr para fora, mas Greg entrou em sua frente.

   – Acho que sei pra onde ele foi.

Andrew não podia perder aquela oportunidade. Kai havia descido para se alimentar outra vez, Greg tinha acreditado que ele ficaria com Becky no quarto, e ela estava concentrada em suas orações para Ganesha. Se Jay estivesse certo, ele precisava chegar na cabana antes que Viktor atacasse outra vez.

Correndo a toda velocidade, consultava o GPS para não se perder, pensando nos tipos de torturas que seus pais poderiam estar sofrendo naquele exato momento. Na outra mão, segurava a arma. A todo instante, sentia-se observado. Talvez já tivessem dado sua falta, e Kai houvesse enviado a coruja atrás dele, mas não podia parar.

O grito de Christopher, a todo instante, o assombrava. Não conseguia nem pensar no que poderia ter acontecido com sua mãe também. Parou próximo à uma árvore para recuperar o fôlego, olhando para trás, então os pêlos de seu braço se arrepiaram ao escutar passos no seu lado esquerdo.

“Não se mexe…”, pensou, tentando permanecer imóvel. “Está escuro. Não irão te ver.” Claro, se fosse um humano andando pela floresta. Seu coração era um chamariz de vampiro, batendo tão acelerado que Andrew achava que Kai e Greg poderiam escutá-lo mesmo se ainda estivessem na casa.

Seja lá o que fosse, parecia ter percebido sua presença, pois os passos haviam cessado. Engolir se tornou uma tarefa difícil para Andrew, que temia até mesmo piscar. Apertou a coronha da arma, preparado para atirar em qualquer coisa que se movesse perto dele.

   – Andrew? – um sussurro chamou, mas o tom indicou que a pessoa estava tão insegura quanto ele. – É você?

Vampiros tinham o poder de imitar vozes? Talvez fosse Viktor provocando uma alucinação nele. Manteve-se calado, mas a pessoa ou criatura deu mais dois passos em sua direção, e foi o suficiente para fazer o desespero se apossar de seus atos. 

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora