Capítulo 7

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Andrew terminara de sair do banho, após chegar do bar, quando recebeu uma ligação de Greg.Sentou-se diante da gaiola de Alucard, o hamster, e atendeu, preocupado que fosse mais alguma das brigas com o pai.

   – Oi, amor. Aconteceu alguma coisa? 

   – Posso dormir na sua casa hoje? – Greg falava baixo. – Eu te explico quando chegar aí.

Andrew ficou de pé e foi até a janela do quarto.

   – Você tá na rua? É o seu pai de novo? 

Olhou para as estrelas, percebendo o silêncio de Greg do outro lado da ligação. Conhecia o namorado suficientemente bem para saber que precisava esperar o tempo dele para se abrir.

   – Tá. Vem pra cá. Vou falar com os meus pais. Quando chegar, me manda mensagem. Eu vou na casa da Becky agora.

   – Tá bom. Te amo.

   – Também te amo.   – Andrew sorriu e colocou o celular no bolso.

Tomou um susto quando, de repente, a enorme coruja preta pousou em seu ar condicionado. “Você tá fazendo ninho aqui perto, é?”, pensou ele e, por um momento, teve a impressão de que a coruja o compreendera, pois ela virou a cabeça para ele e a meneou. Inclinou-se para a frente para observar melhor a ave, já que ela parecia não estar nem um pouco assustada com sua presença.

   – Eu preciso tirar foto disso. – Ele pegou o celular, mas ao abrir a câmera, a coruja alçou voo. – Ah, não. Volta aqui.

Andrew conseguiu fotografá-la antes que ela sumisse de sua visão. Enviou uma mensagem para Becky, dizendo que estava indo, e pôs o celular de volta no bolso.

   – Indo na Becky, mãe. A senhora tá bem mesmo? – Ele parou na porta do quarto da mãe. – O Greg pode dormir aqui hoje? Acho que é o pai dele de novo.

A Sra. Muller mordeu um pedaço da maçã que estava segurando e o olhou.

   – Esse traste não deixa o garoto em paz. Homenzinho desprezível. 

A Sra. Muller, desde o dia em que ela e o Sr. Muller foram até a casa de Greg para conhecer o pai dele, criou aversão a John. Não satisfeito em fazer discursos homofóbicos contra ambos, Andrew e o próprio filho, ele ainda teve a audácia de dizer que sempre fora louco para provar a “salsa latina”, referindo-se à Selena. 

Aquela foi a única vez que Andrew viu o pai se descontrolar e quase partir para a violência com alguém. Se tinha algo que Christopher Muller não tolerava era o desrespeito com sua família.

   – Mãe! O Greg não gosta que a gente fale do pai dele desse jeito.

Ela soltou uma bufada de ar, dando outra mordida raivosa na pobre maçã.

   – Eu não estou falando na frente dele, mí amor. Eu jamais faria isso com o pobrecito. – Ela se espreguiçou como um gato, segurando o notebook, e sua coluna estalou. – Tudo bem. Claro que ele pode.

   – Valeu. Vai escrever na mesa do computador. Depois fica reclamando que tá com dor nas costas. 

Mas já a havia perdido para a escrita. Ela voltou a digitar e respondeu com um “uhum”, sinalizando com uma das mãos para que ele fechasse a porta do quarto.

   – Becky, eu já falei pra você não ficar futucando a porcaria da TV. – Ishani resmungava, sentada em seu canto sagrado, o sofá da sala, sacudindo o controle da TV. – Eu não sei mexer nessa coisa. Anda. Vou perder a minha novela.

Andrew deu uma risadinha, entrando no apartamento da amiga. Becky, em menos de um segundo, colocou no canal que a avó queria, e começou a andar para o quarto.

A eternidade mordeOnde histórias criam vida. Descubra agora