Com a remoção da estaca, Kai recuperava sua aparência devagar. Não era um processo muito agradável, julgando pelo jeito que ele retorcia os lábios e cobria o buraco em seu peito. Andrew largou o pedaço de madeira e, observando-o se sentar, colocou as mãos em suas costas, temendo que ele fraquejasse e caísse novamente.
– O que eu faço pra te ajudar? – Andrew falava com Kai, mas mantinha um olhar de esguelha para Greg e Eleanor, sua sogra.
O vampiro balançou a cabeça, pondo-se de pé.
– Só preciso de alguns segundos. – Sua voz era quase um sussurro.
Quando Kai baixou a mão, Andrew viu que a ferida em seu peito diminuía, retornando ao estado intacto de antes. Entendendo que ele já não corria perigo, Andrew correu até Greg, que se afastou, estendendo a mão para que ele não se aproximasse.
– Drew, é arriscado demais. – Greg seguiu o caminhar da mãe com os olhos até John, que agora quase não respirava. – O que você vai fazer? E onde você esteve esse tempo todo?
Eleanor nem se deu ao trabalho de olhar para o filho. Ajoelhou-se ao lado de John, murmurou algo, olhando-o nos olhos, então, cobrindo-os, segurou seu crânio e torceu seu pescoço.
Tanto Andrew quanto Greg tiveram a mesma reação de gritar e correr até ela. Greg chorava, colocando as mãos na cabeça, e Andrew, ao tentar acalmá-lo, viu que seus olhos já não estavam mais inchados. Ele também estava se regenerando.
– O que você fez? – Greg gritou para Eleanor, então, baixando a voz e assumindo a postura de culpa que Andrew aguardava, acrescentou: – O que eu fiz? Pai…
Ele começou a se abaixar para tocar em John, mas Eleanor, com o rosto impassível, o impediu.
– Eu fiz o que precisava ser feito. Eu sei que você está com raiva de mim agora, mas não temos tempo pra discutir sobre isso. Eu preciso me livrar do corpo e levar você pra um lugar seguro antes que o Sol apareça.
Kai se aproximou, e Eleanor mostrou as presas para ele, como se o alertasse para não chegar perto de seu filho. Ele ergueu ambas as mãos, sinalizando que não oferecia risco, e disse:
– Eu posso cuidar do corpo. Conheço os melhores esconderijos da cidade.
Greg franziu a testa para Andrew, que imaginava quantos corpos o vampiro já tinha escondido por toda a cidade.
– O nome dele é Kai. Ele que tirou a gente do beco em que o Viktor quebrou o seu pescoço.
– E me prendeu naquela masmorra. – Greg não escondia o rancor, estudando o rosto de Kai, que estava indiferente a ele.
– Ele só estava tentando ajudar. Andrew colocou a mão no rosto do namorado. – Se eu não tivesse te soltado…
Andrew olhou para o cadáver e deu um suspiro. Greg passou o dedo na lágrima que escorria pela bochecha de Andrew.
– Não foi culpa sua. Eu pedi pra você me tirar de lá.
Kai jogava o corpo de John no ombro, enquanto Eleanor retornava para perto do filho. Ela deu um último olhar para Kai, e Andrew teve a ligeira impressão de ter visto raiva nela, porém ela logo afirmou:
– Vai rápido enquanto eu fico com o Andrew.
Kai pareceu inseguro sobre aquilo, mas quando Andrew assentiu, ele desapareceu.
– Pra onde vocês vão? – Andrew ignorou o pensamento de que agora estava sozinho com dois vampiros. – A senhora também foi transformada? Por quem? Foi aqui na cidade? Quantos vampiros estão por aqui?
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A eternidade morde
RomanceDooms Ville poderia ser considerada a cidade dos sonhos para as pessoas que desejam ter tudo que consideram mais importante para agilizar seus trabalhos. Repletas de prédios e centros comerciais, a cidade abriga uma grande diversidade de pessoas, en...