02 | She

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Eu tinha o dom de esquecer a porta do loft destrancada na maior parte das vezes, portanto não me surpreendi quando Sunghoon passou pra dentro na maior despreocupação do mundo.

De onde estava em cima da cama, terminando de remontar a câmera de Ryujin, lhe lancei um olhar feio.

— Não te ensinaram a bater na porta antes de entrar? Ou no mínimo ser convidado?

Ele deu de ombros, continuando sem nem me dar ouvidos até o grande espelho que tomava uma parede inteira do loft.

Se olhou ali, ajeitando sua roupa.

— Portas abertas são domínios públicos, Jiji.

Revirei os olhos, sabendo que não adiantaria insistir, e voltei a atenção para a câmera.

Estava terminando de posicionar cuidadosamente a última peça em seu devido lugar. Assim, quando eu colocasse a bateria e fechasse a traseira do objeto outra vez, veria se tinha sido bem sucedida ou não em fazê-lo funcionar novamente.

— O que achou do meu look? — Sunghoon perguntou, ainda se olhando satisfeito no espelho.

— Se eu falar que tá horrível você vai colocar outro? — Eu provoquei, sem tirar a atenção do cuidadoso processo de remontagem.

— Não. — Ele respondeu, alisando o terno com suavidade.

— Então do que adianta eu dar minha opinião se ela não fará diferença nenhuma?

Ele bufou, e eu sorri com sua irritação.

— Só fala logo — Disse, me olhando por cima do ombro. — Sem dúvidas prefere uma bela paisagem depois de ficar enfurnada aqui dentro concertando essa velharia.

Eu o olhei com uma sobrancelha erguida e um sorriso torto.

— E a bela paisagem seria você?

— É claro! Quem mais?

— Tá olhando pra ela.  — Brinquei, dando-lhe uma piscadela. — Não sei como continua perseguindo Chaeryeong quando tem uma beldade como eu bem na sua frente.

Ele bufou uma risada, voltando a se encarar no espelho.

— Você não faz meu tipo, Jiji.

Sacudi a cabeça, sorrindo, e finalmente depositei em Sunghoon minha atenção e estudei sua aparência como ele queria muito que eu fizesse. Estava elegante no terno que parecia se misturar agradavelmente com os cabelos loiros.

— É um belo traje. — Falei com sinceridade.

— Só isso? Nada de 'você tá incrivelmente maravilhoso'?

— Se está descontente com meu elogio, eu o retiro.

Ele bufou. Eu, revirando os olhos, terminei de ajustar a posição da última peça da câmera para logo em seguida colocar a bateria. Fechei a abertura lateral e, com um suspiro, pressionei o botão de ligar.

Curioso, Sunghoon se aproximou para ver o resultado.

E para a minha total surpresa, a câmera ligou.

Não que eu não confiasse em minhas habilidades — na verdade, eu era muito boa em concertar coisas, mas depois de tanto tempo evitando fazer aquilo pra não ser consumida por memórias indesejadas, realmente esperei que fosse estar enferrujada.

Ou, no mínimo, um pouco sem jeito.

Suspirei audivelmente ao perceber que me enganei.

"Quando o sangue é forte..."

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora