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Depois de duas semanas desde que o verdadeiro motivo da depressão de minha mãe foi revelada e desde minha visita ao cemitério, as coisas andavam estranhamente mais calmas.

Eu andava estranhamente mais calma.

Pensamentos afloravam na minha cabeça outra vez, e com menos remorso. Eu estava tentando me perdoar como prometi à Yeji e à minha mãe que faria. Era uma jornada difícil, mas uma jornada que aos poucos eu estava conseguindo trilhar. Bem aos poucos.

Montar o estúdio ajudava, assim como ver a carreira de Yeji alavancando a cada dia que passava: seu clipe no YouTube já estava com milhões e milhões de views, assim como milhões e milhões de ouvintes semanais em várias plataformas de música, e inclusive, quando estávamos de frente ao novo apartamento dela, uma garota a reconheceu e pediu autógrafo. E foi naquele momento muito inusitado que a ficha de Ji sobre todo aquele início de fama caiu e a felicidade em seu rosto se expandiu de forma gigantesca. Sorri ao lembrar.

Felizmente eu estava com ela e pude ver o momento exato.

Tudo estava indo bem. Tanto pra mim, quanto pra ela. Meu estúdio estava sendo reformado e ganhando cara de estúdio, as fotografias para a nova revista da Vogue estavam em polvorosa, e a boate havia ganhado investimento e a promessa de abertura de uma nova filial em Nova York.

Tinha tanto dinheiro na minha conta bancária, que se eu quisesse parar de trabalhar e viver o resto da vida viajando por cada canto do mundo com
Yeji, eu poderia. E ainda sobraria dinheiro.

Naquele momento em particular, estávamos dirigindo rumo ao Aeroporto Internacional de Los Angeles para mais uma viagem de Ji à Nova York.

Finalmente ela havia concordado em ir no meu carro, já que eu insisti em acompanhá-la até lá. Mas só concordou porque não queria deixar o dela sozinho no entorno do aeroporto enquanto estivesse em NY caso tivesse ido com ele.

Eu estacionei numa vaga praticamente de frente para as portas principais e me virei pra ela, sem querer perder um segundo de seu rostinho lindo que me deixaria morrendo de saudades.

— Você trate de se comportar enquanto eu estiver fora, hein, mocinha. — Disse ela, inclinando-se pra capturar minha boca na sua.

Toquei sua bochecha, abrindo o maldito cinto que me impedia de me aproximar melhor de seu corpo, e intensifiquei nosso beijo, sentindo seu gosto doce e viciante que, sabia eu, me deixaria completamente na abstinência depois que ela viajasse.

Ela puxou meu lábio inferior entre os dentes ao se afastar e, quando me soltou por completo, tratei logo de pousar um beijo demorado em sua testa.

Me afastei alguns centímetros e fitei seus olhos brilhantes.

— Como é suposto que eu aguente ficar umas duas semanas sem você aqui?
Só me explica.

Ela revirou os olhos, mas sorriu.

— Não seja dramática.

— Estou só citando fatos. Vou sentir muita falta de você. Não quero dormir sozinha! — Fiz um biquinho pra enfatizar minhas palavras. — Cama gelada e vazia por tempo indeterminado! Vou morrer!

Sempre que Ji dormia comigo, o meu sono era pesado e livre de sonhos. Mas só quando ela estava presente, agarradinha em mim. Sem ela... Bem... eu teria que lidar com pesadelos desagradáveis.

— Eu estarei nos seus pensamentos, assim como você estará nos meus. — Disse ela, sorrindo com divertimento. — E eu não vou demorar tanto assim, bebê. Só algumas semanas. Depende de quanto tempo vamos levar pra gravar o comercial de shampoo e as entrevistas na TV.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora