You Give Love a Bad Name | RYEJI

05 | Attention

Como acontecia todas as manhãs, acordei alguns minutos antes do celular despertar. Ainda de olhos fechados, estendi a mão para a direita, onde meu criado-mudo deveria estar. Quando não encontrei nada além de um vão, abri os olhos com tudo e levei um minuto pra compreender que não estava no meu quarto.

Olhei ao redor, piscando algumas vezes para me localizar.

Havia prateleiras com livros que pareciam intocados, uma poltrona sob a janela, alguns quadros com pinturas estranhas, as portas fechadas de um closet e a porta solitária do banheiro. A pintura era totalmente branca, num tom creme, e apenas alguns detalhes em bege quebravam a monotonia e tornavam o lugar elegante.

Tudo era perfeitamente organizado, limpo e arrumado.

Parecia um quarto que não era usado, apenas mantido por uma limpeza periódica.

Eu estava na cama larga e macia, deitada na borda, quase caindo de cima dela. Me ergui de um salto, repassando a noite anterior na cabeça,

Depois que subi para o quarto de Ryujin, fiquei resistindo às suas provocações idiotas e bêbadas durante um bom tempo enquanto estava sentada na poltrona. Mas devo ter pego no sono, pois não lembro de mais nada após. Além disso, eu tinha intenções de ir embora quando ela dormisse. E nem mesmo lembro se ela dormiu ou não.

Na verdade, eu não lembrava de nada.

Nem mesmo como fui parar em cima daquela cama.

Olhei para o meu próprio corpo, e vi com um suspiro aliviado que eu estava totalmente vestida com as roupas da noite anterior. Exceto, talvez, pelos meus saltos. Mas eu não precisel procurar muito pra encontrá-los cuidadosamente repousados aos pés da poltrona.

Ryujin não estava no quarto, para a minha felicidade.

Dei um passo em direção à porta na intenção de ver se havia alguém por perto, e toquei a maçaneta dourada, mas ela se abriu antes que eu fizesse qualquer esforço.

Uma mulher baixinha com um traje padronizado levava nas mãos uma toalha de rosto bem dobrada, com uma escova e uma pasta de dente, ambos lacrados, em cima.

— A Srta. Ryujin achou que gostaria. — Disse a mulher num tom monótono. Aquilo me fez ter uma leve noção de que ela visitava constantemente aquele quarto para fazer aquela mesma coisa.

Provavelmente, o lugar era bem movimentado, embora não parecesse.

Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, a mulher colocou a tolha com a escova e a pasta de dente nas minhas mãos e apontou pra trás dela.

— O café da manhã será servido em minutos no saguão principal.

E então, tão repentinamente quanto veio, ela se foi.

Fiquei parada ali, fitando os objetos em minhas mãos sem saber o que pensar.

E então, quase automaticamente, fechei a porta do quarto e deixei meu corpo me guiar para a porta lateral, próxima ao closet, onde eu acreditava ser o banheiro da suíte.

Entrei ali, vendo que o lugar parecia tão intocado como todo o resto, e tratei logo de escovar meus dentes, lavar meu rosto e enxugá-lo em seguida com a tolha branquinha. Me olhei no espelho, e corei com o involuntário pensamento de que Ryujin havia me visto daquele jeito, com o cabelo todo bagunçado e embolado.

Rapidamente, afastei o pensamento.

Eu não estava nem aí para o que Ryujin pensava sobre mim.

Ainda assim, tratei de desembolar meus cabelos com os dedos e, quando me senti satisfeita com o resultado, eu a ajeitei e me preparei para descer as escadas.