39 | I Forgive You

182 18 35
                                    

RYUJIN

Deslizei os dedos pela grama macia do píer, comprimindo os olhos pra tentar diminuir a potência do sol en meu rosto. Um lento suspiro escapou de meus lábios, esvaziando cada centimetro dos meus pulmões para preenchê-los com uma nova dose de ar fresco.

Malibu. Não existia lugar melhor pra ir quando o foco era pensar. Meu pai nunca visitava aquela propriedade, especialmente não depois que minha mãe se foi já que era o lugar favorito dela nos Estados Unidos, então na maior parte das vezes ela era toda minha.

Minhas costas estavam descansando apoiadas contra o longo tronco de um dos coqueiros que se enfileiravam por ali. Minha cabeça estava inclinada pra trás, de frente pro sol, tanto que eu podia sentir o calor suave queimando. minha pele.

A maresia escorregava por mim, balançando a grama sobre a qual eu estava sentada. Havia uma garrafa de bourbon pousada entre as minhas pernas, porém intocada. Eu a havia levado comigo e, por mais que eu quisesse beber, sempre que eu a olhava sentia vontade de vomitar.

Talvez fosse culpa das náuseas que me acometeram desde que Yuna fez
suas revelações pra mim.

Eu levei as mãos até os cabelos, entrelaçando-os entre meus dedos com
certa força e ri sem qualquer traço de humor da situação.


Ela sugeriu que meu pai pagasse Yeji pra se aproximar e ainda tentou beijá-la. Que tipo de amiga ela era? Tudo bem que sobre a primeira questão a intenção dela deveria ser tentar me ajudar a parar de ser uma otária, assim como Ji e meu pai. Mas e quanto ao beijo? Por que ela tentaria beijar a garota que sabia que eu gostava?

O pior de tudo era que eu conhecia Yuna. E eu sabia que fazer aquilo não era do feitio dela. Por isso tudo era dificil de digerir. Ficava preso na minha garganta e embrulhava meu estômago.

Eu respirei fundo, sentindo a raiva tremular meus lábios. A raiva e a pura mágoa. Tanto pelo o que Yuna fez, quanto por aquilo ter sido omitido de mim por Jisu e por Yeji.

Eu chutei a garrafa de bourbon com o pé, vendo-a rolar pelo píer por cima da grama. Queria apenas socar alguma coisa, qualquer coisa pra mandar pra longe minhas frustrações.

Mas meus olhos saíram de imediato da bebida e pousaram numa figura que surgia de entre o bosque da propriedade. Eu suspirei audivelmente, fazendo uma nota mental de relembrar o porteiro sobre não deixar ninguém entrar sem minha autorização.

Lia veio caminhando pela praia até o pier, e do píer ela veio até mim. Eu a observei durante todo o trajeto, encarando seus olhos de forma torta e desagradável.

— Será que você pode dar meia volta e me deixar em paz? — Pedi com toda a educação do mundo.

Ela me ignorou, pois em vez de fazer como eu sugeri, simplesmente se sentou ao meu lado e recostou as costas no mesmo tronco que eu.

— Eu te del dois dias de reclusão, Jin. — Lia falou, suspirando contra a maresia. O perfume dela se arrastou pra dentro de minhas narinas. — Dois dias. E agora chegou a hora da gente conversar.

— Eu não quero conversar. — Retruquei com uma careta. — Já falamos tudo o que tinhamos que falar no apartamento.

— Não, não falamos. — Ela rebateu, firme. — Ainda há muito o que ser conversado, especialmente entre você e Yu. E sei que sabe disso.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora