58 | Mirrors

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ALERTA DE MAIS DESGRAÇA.

YEJI

Estávamos praticamente na metade do corredor quando ouvimos o tiro. Mia agarrou meu pulso e me puxou de volta para a garagem de barcos.

— E se eles atiraram nela? — Perguntei baixinho, o coração esmagado de medo dentro do peito, lançando um olhar na direção de onde o walk talk afundou. — Você não deveria ter descartado ele.

— Fiz isso pro desgraçado não ter escolha. — Ela retrucou no mesmo tom. — Ou arrisca não fazer nada, já que não vamos mais responder, ou vai atrás do irmão. Se ele for, é menos um pra gente derrubar.

Engoli em seco, o coração batendo nas orelhas com a força do receio.

— E você ouviu a discussão, Yeji. — Mia completou. — Pode ser que eles atiraram neles mesmos. Sempre tem essa possibilidade.

Ela estava na borda da arcada, espiando o extenso corredor adiante por ali. Metade de seu corpo estava oculto pelas paredes rochosas. Ao seu lado, eu me forcei a assentir.

Tenha esperanças, Yeji. Esperanças. Pense positivo.

Era difícil, mas eu sabia que era o único jeito de eu prosseguir em frente sem fraquejar. Era o único jeito de não trazer possibilidades ruins pra assombrarem meus pensamentos.

Mia se afastou subitamente da borda da arcada, colando o corpo na parede e o ocultando por inteiro. Ela pareceu prender a respiração.

— Um deles está vindo. — Sussurrou, os olhos inquietos indo para todos os lados da garagem à procura de uma escapatória.

O medo que eu já sentia se misturou com receio, nervosismo e ansiedade. Sem pensar duas vezes, eu agarrei o pulso de Mia e a puxei na direção do barco. Havia uma prancha que ligava o cais e o pesqueiro, e foi por lá que subimos à bordo. Nós nos agachamos atrás da amurada um segundo antes do sequestrador aparecer.

Estávamos espiando da borda, tomando cuidado para que ele não nos visse.

Era o quarto, aquele que eu e Mia ainda não tinhamos visto, e muito certamente o mesmo que falou conosco pelo walk talk.

Ele tinha uma mochila nas costas e estava sem máscara, portanto tivemos um vistumbre de seu rosto. Não era ninguém que eu já tivesse visto antes. Os cabelos eram vermelhos, praticamente raspados, e o olhar era significativo. Ele parecia nervoso e alheio ao entorno enquanto caminhava à passos duros e pesados no caminho à esquerda do barco, onde o cais se alongava até uma passagem no rocheda. Uma espécie de escadaria talhada na pedra que, acreditava eu, levaria ao lado de fora do faról.

Troquei um olhar com Mia depois de tensos minutos de expectativa.

— Viu, Yeji? — Ela forçou um sorriso sem qualquer traço de emoção. — Menos um.

Respirei fundo e me permiti olhar melhor o entorno, vendo que o pesqueiro tinha uma cabine extremamente parecida com a de uma lancha. Ou quase.

Mas o suficiente.

Uma ideia me ocorreu.

— Ao invés de voltar pra floresta, a gente pega os três e vêm direto pra esse barco. Ryujin me ensinou a pilotar, então eu tenho uma ideia de como se faz. Posso tentar tirar a gente daqui.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora