10 | Dream

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A Monopoly Party acontecia num salão de festas pouco distante do edifício principal da SMC. Eu estava recostada com Yuna na parede mais distante aguardando Yeji subir ao palco. Tínhamos uma boa visão de toda a extensão do salão daquela região específica. Haviam mesas redondas espalhadas por toda a parte e a grande maioria dos convidados estava sentada ao redor delas, fechando negócios ou tentando acrescentar mais diretores e presidentes executivos para seu círculo empresarial.

A maioria dos presentes era do ramo automobilístico, normalmente os CEO's, seus representantes e suas mulheres ou maridos, embora muitos executivos da RCA Records também estivessem à vista, assim como empresas ou personalidades que tinham parceria com meu pai.

Yuna era filha do diretor executivo da filial da SMC na Coréia, mas como seu pai estava por lá e não pôde comparecer à festa, ela foi como sua representante, por mais que sua presença ali fosse totalmente simbólica, como a minha própria.

Quando uma mulher passou servindo champanhe, eu peguei a quarta taça e a virei de uma vez.

— Essa porra não deixa ninguém bêbado. — Resmunguei, posicionando a taça vazia junto com as outras três na mureta ao meu lado.

Yuna, que estava deslumbrante num vestido preto brilhoso que caía em ondas ao longo de suas pernas, nem sequer dirigiu o olhar até mim.

— Você deveria tentar não ficar bêbada pelo menos uma vez na sua vida, Ryujin. Especialmente hoje, já que precisa passar uma boa impressão para a RCA.

Eu respirei fundo, os braços cruzados sobre o peito, e pousei o olhar sobre a mesa bem ao centro do salão, onde meu pai, Peter Edge e sua assessoria estavam sentados e imersos numa boa conversa regada à taças de champanhe intocadas. Eu já deveria ter ido até lá, mas ainda não me sentia devidamente preparada pra ser a boa garota.

Eu nunca estive, realmente.

Minha atenção, porém, rapidamente mudou de rumo quando as luzes do salão se apagaram e apenas o palco com o fundo destacado pelo logo da Monopoly Party e de todas as suas empresas representantes ficou aceso. Aos fundos havia alguns instrumentos específicos que não tardaram a ser empunhados por homens e mulheres perfeitamente bem vestidos. Era quase como uma orquestra, onde a voz principal seria a de Yeji.

Eu a acompanhei com o olhar quando ela subiu ao palco. Trajava um elegante vestido vermelho-vinho que chegava até os pés e que tinha uma fenda perfeita na lateral de uma das pernas, deixando a mesma à mostra. Eu imediatamente gostei do vestido.

Seus cabelos estavam amarrados num rabo de cavalo longo e suas feições denunciavam sua concentração impressionante. Eu não podia negar, Hwang Yeji era extremamente profissional. E estava extremamente linda.

Ela agradeceu pela oportunidade de estar ali, cumprimentou os convidados e, quando a melodia deslizou pelo salão, ela soltou a voz.

Havia um pequeno coral ao lado que servia pra intensificar os momentos finais de cada frase que ela cantava. Aquilo só tornava tudo melhor, embora definitivamente Yeji não precisasse de nada mais. Sua voz era perfeita por si só.

Eu notei o exato instante em que a cabeça de Peter Edge virou com tudo na direção dela. Sorri ao constatar, nem um pouco surpresa, que ela havia ganhado seu lugar na RCA com apenas alguns segundos de apresentação.

Peter Edge se inclinou na mesa e perguntou algo ao meu pai, mas seus olhos não saíram de Yeji nem por um segundo sequer.

Eu me recostei na parede, satisfeita, e voltei a observá-la. Seus olhos estavam fechados e a canção que deixava seus lábios era suave. Lábios tão vermelhos quanto o vestido que ela vestia.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora