04 | Sweet But Psycho

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Eu voltei pra dentro da mansão à procura de paz, porque ali, do lado de fora, eu não teria nenhuma. Tinha pensado em chamar Sunghoon para ir embora, mas quando vi que ele finalmente conversava com Chaeryeong, decidi que lhe daria mais um tempinho. Afinal, a audição no Píer seria às 11 da noite. E ainda eram 9 horas.

Assim sendo, me aprofundei ainda
mais na casa de Ryujin, observando
fascinada cada detalhe da decoração
arcaica enquanto tentava suavizar meus
pensamentos e tirar da cabeça aquele
maldito sorriso que perseguia meu
raciocínio lógico.

Segui sem rumo pelos imensos corredores da mansão, me deparando com casais aos beijos nos cantos mais dispersos.

Foi só depois de um tempo e de muitos
metros caminhados, que encontrei um
canto aparentemente vazio. Estava tudo
escuro, e além de um arco largo, não
havia porta. Era uma espécie de alcova
de descanso, com um sofá, várias estantes com pequenas esculturas, e uma grande parede de vidro que tornava possível ver a bagunça que ocorria na piscina no andar inferior.

Parei no batente do
arco quando vi um gato peludo em
cima do espaldar do sofá, lambendo
preguiçosamente uma pata.

Caminhei até ele, estendendo o braço pra tocar seu pelo macio quase que de forma inconsciente, quando tomei o segundo susto da noite ao ver Lia debruçada sobre o próprio corpo no chão, bem nos pés do sofá.

Franzi o cenho, espiando melhor pra
ver se ela estava viva, e me sobressaltei
novamente quando ela olhou por cima do ombro e me concedeu um sorriso zonzo.

— Yeji, né? — Disse, a voz meio sonolenta.

Apesar de estar escuro, a luz que vinha
do lado de fora clareava bem seu rosto
suave.

— Isso aí. — Eu falei, meio desconfiada,
enquanto respirava fundo pra acalmar
meu coração trovejante. Franzi o cenho. — Você tá bem?

— Eu...

Ela nunca conseguiu terminar.

Se debruçou novamente sobre si mesma,
e com o gesto breve pude ver que havia
uma espécie de balde entre suas pernas.
Ela vomitou as tripas ali dentro, e eu tive
certeza que não foi a primeira vez na
noite.

Dei a volta no sofá sem nem pensar.

— Deixa eu te ajudar. — Falei, segurando os cabelos sedosos para que ela não os sujasse.

O odor do vômito preencheu todo o cômodo, e eu me segurei pra não vomitar junto.

Quando terminou a primeira leva, Lia vomitou uma segunda. E então uma terceira.

Por fim, se reclinou pra trás, o rosto cheio de gotículas de suor, e limpou os vestígios do vômito ao redor da boca com um lencinho tirado de um bolo que havia ao lado dela. Continuei segurando seu cabelo com suavidade e, com a outra mão, segurei seu ombro para mantê-la no lugar. Seu mal estar era intenso, e eu sabia que a fraqueza que ela sentia naquele momento era gritante.

— Acha que acabou? — Perguntei baixinho.

Ela assentiu, os olhos meio vítreos.

— Vou buscar água pra você. — Falei.

Ela assentiu novamente, e eu me levantei, levando comigo o balde pela metade com o líquido que ela expeliu. Durante os minutos que passeei pela mansão, pude conhecer alguns dos cômodos. Inclusive a cozinha. Fui até lá, servindo um copo bem gelado com água e deixando o balde ali mesmo pelo meio para que Ryujin limpasse na manhã seguinte.

Voltei rapidamente para aquela alcova sobressalente e ajudei Lia a beber e se hidratar.

Demorou um pouco, mas quando terminou, seu sorriso doce estava de volta. Ela me olhou, e notei que parte da zonzeira que cobria seus olhos anteriormente havia se dissipado.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora