13 | Head Above Water

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Acordei com o terrível sol da Califórnia na minha cara e quando abri os olhos, fui obrigada a fechá-los outra vez por causa da potência da luz. Minha cabeça doía tanto que poderia rolar pra fora do corpo a qualquer instante.

Eu começava a ponderar se isso seria bom, dado ao latejar constante e arrepiante que a socava por todos os lados.

Tateei a cama até esbarrar num montinho macio que julguei se tratar de um travesseiro. Eu o agarrei e o pressionei contra o rosto na tentativa de proteger meus olhos do sol, sendo inundada por um aroma familiar que era uma mistura de cítrico e salgado.

O cheiro de Ryujin.

Ryujin. Eu lembrava de ter conhecido a boate dela e lembrava de ter visto Lia por lá. Lembrava do primeiro, do segundo e do terceiro shot. E...

Meu Deus! Eu não lembrava de mais nada depois disso! Era tudo um borrão negro e indistinguível. E se eu e Ryujin tivéssemos...

Não!

Aquilo me despertou imediatamente.

Joguei o travesseiro pro lado e empurrei pra longe os lençóis, bufando de alívio quando vi que o vestido da noite passada, todo amassado, permanecia no meu corpo.

Era quase como se eu estivesse revivendo a noite em que dormi na mansão dos Shin, algumas semanas antes. Mas diferente do episódio atual, por lá foi a exaustão e não a bebida que me derrubou.

Pisquei algumas vezes, tentando acostumar meus olhos pouco abertos com a claridade terrível, e olhei ao redor. Percebi que aquela luz toda vinha da parede de vidro à minha esquerda. E o sol nascia especificamente daquele lado, dentre os edifícios e a paisagem mais afastada, o que tornava a vista de tirar o fôlego.

Constatei rapidamente que aquele não era o quarto que eu havia acordado na mansão. Era outro. E esse parecia, sem qualquer dúvida, muito utilizado. Era organizado, mas também ficava claro pelos livros espalhados e por alguns objetos fora do lugar que alguém vivia ali constantemente.

E tinha o cheiro dela, coisa que o quarto na mansão não tinha.

Deslizei meus olhos por todo o cômodo até me deparar com um roupão em cima
de um criado mudo, escova e pasta de dente, e um blusão enorme que parecia muito confortável. Meu celular estava ali também.

Fui até lá com passos sonolentos, massageando as têmporas pra tentar afastar aquela dor de tirar o fôlego e encontrei um bilhete ao lado. A letra era meio embolada, mas não perdia seu charme.

"Eu deixei a hidromassagem preparada pra você, Hwang Yeji. Um banho quente sempre ajuda a curar ressaca." - Era tudo o que dizia no papel, mas eu não precisava de nada além pra saber que aquelas palavras e aquela caligrafia pertenciam a Ryujin.

Coloquei os itens supracitados debaixo do braço e, curiosa, fui até a porta entreaberta do banheiro, passando pro lado de dentro. No caminho, olhei as horas no celular e vi que eram quase dez da manhã.

Uau.

O banheiro era enorme, e bem no meio dele havia a hidromassagem que Ryujin citou no bilhete. Vapor saltitava do interior e eu imediatamente me animei com a ideia de mergulhar o corpo ali dentro.

Escovei os dentes e arranquei o vestido que estava extremamente decadente, já me afundando na água quentinha.

Fiquei ali por tanto tempo, esfregando meu corpo com os cheirosos produtos que havia na borda da hidro, que quando finalmente saí, tive a impressão de que o sol havia subido alguns centímetros a mais no céu extremamente azul.

Vesti o blusão que tinha o cheiro de Ryujin, penteando os cabelos com uma das dezenas de escovas que havia na pia, e me preparei pra sair do quarto.

Estava levemente nervosa, pois tinha medo de ter feito algo errado no dia anterior pra Ryujin ter tido que me levar pra sua casa. Eu havia bebido tanto ao ponto de não me lembrar, o que já era ruim. E todas as possibilidades de ações tornavam tudo pior ainda.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora