49 | My Only One

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⚠️TW: VIOLÊNCIA.⚠️

Os próximos capítulos podem atingir um nível maior de violência e/ou ser um gatilho para algum leitor, por favor, pare de ler caso te incomodar.

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Desespero. Agonia. Medo. Pânico.

Lá estava ele outra vez, o pânico. Quando ele atacava, era como se meus pulmões fossem acorrentados por uma corrente bem grossa e pesada, tão pesada que paralisava o meu corpo, reduzia minha velocidade, e praticamente fazia com que eu me arrastasse em mim mesma.

O desespero era a pior parte. Ele me escalava. Suas garras se afundavam em mim e me abriam de dentro pra fora. Doía demais, e eu quase tinha a sensação de pele se rasgando, de sangue escorrendo por cada centímetro dela.

Eu me sentia presa, imóvel. Meus olhos agitados estavam fechados, movendo-se loucamente nas órbitas, e meu corpo estremecia bem de leve com os tremores que o percorriam. Eu conseguia sentir as gotas de suor gelado escorrendo pelas laterais do meu rosto, ou se concentrando em regiões bem específicas do meu corpo.

Me afogava em escuridão; negra, desesperadora, dolorosa e cheia de ecos. Ecos da voz de minha omma. Eles estavam por toda parte e por mais que eu quisesse ignorá-los, não havia mais nada ali dentro onde eu pudesse depositar minha concentração. Se eu não focasse nos ecos, eu focaria no desespero e aí a sensação de pânico apenas aumentaria em proporções gigantescas.

Respire, Yeji. Foque na respiração. Ouça sua respiração.

Eu sentia as lágrimas fazendo pressão em meus olhos, loucamente tentando escapar pelas pálpebras fechadas. Havia um frio insuportável em meu corpo. O suor espesso que parecia sangue congelava tão logo saía de dentro
de mim.

Respire.

Eu consegui mexer as mãos. Senti meus dedos se esticarem e tive a vaga impressão de sentir a textura dos lençóis sob minha pele. Respire, foque na respiração.

Respiração. Eu travei minha concentração na busca por ouvir o ruído pesado e audível do ar descompassado que deixava minhas narinas.

Ignorei os ecos, ignorei o desespero. Me prendi inteiramente no som da minha respiração.

Abra os olhos, Yeji. Abra os olhos.

Pressionei os lábios, me esforçando pra me erguer mesmo com aquelas correntes pesadas me puxando pra baixo. Eu já conseguia sentir a textura do lençol por completo. Estava quente, acolhedor e confortável.

Abra os olhos.

Cítrico e salgado. Eu podia identificar o cheiro suave naquele bolsão de ar que havia ao meu redor.

Abra. Os. olhos.

Senti o movimento vagaroso de minhas pálpebras se retraindo enquanto se esforçavam pra se abrir por inteiro. Eram como cortinas pesadas de metal, tão difíceis de empurrar.

Mas eu consegui e, tão logo isso aconteceu, o desespero se foi e o mundo ganhou vida. Estava escuro, mas era um escuro leve. Não mais pesado, não mais agoniante e sem fim nem começo.

As lágrimas escorreram quando finalmente encontraram um caminho pra fora de mim. Eu me sentei na cama de uma vez, o coração batendo forte e pesado. Toquei meu rosto e me assustei ao afundar os dedos numa grossa camada de suor. Suor tão gelado que me arrepiou por inteiro. As lágrimas que saíam doloridas abriam trilhas por ele através de minhas bochechas, tão ardentes que pareciam queimar onde quer que passavam.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora