40 | I'm Here

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Dei dois toques na porta e aguardei. Quando não houve resposta, eu franzi o cenho e bati novamente.

Mais uma vez, nada. Chequei a placa dourada com o número do quarto só pra ter certeza e fiquei ainda mais confusa quando constatei que o número ali era o mesmo que Yeji havia me mandado por mensagem mais cedo. Bati novamente, daquela vez com mais insistência. Até onde eu sabia, ela não iria sair aquele dia. E, quando eu fui até a recepção e descobri que minha passagem estava liberada, a recepcionista confirmou que Ji não havia deixado o quarto, então certamente estava presente.

Assim sendo, não fazia qualquer sentido ela não abrir a porta pra mim. Saquei o celular e disquei seu número. Chamou, chamou, chamou e caiu na caixa postal.

Com um suspiro, voltei a bater na porta.

— Ji?! — Chamei. Quando não obtive resposta, elevei o tom de voz. — Sou eu, Ryujin. Você está ai?!

Eu iria bater pela terceira vez, mas me interrompi quando ouvi a clic da
chave girando na fechadura. Em instantes a porta se abriu e a imagem de Yeji me fai revelada.

Ela usava um pijama completo, de calças e blusa de frio. Os cabelos estavam completamente bagunçados e o rosto estava inchado. Seus olhos estavam vítreos, piores do que em nossa vídeo chamada, como os olhos de uma
pessoa chapada.

A testa dela estava úmida, com pequenas gotículas de suor. Notei, com uma sensação estranha, que uma poderosa lufada de calor escapou do quarto quando a porta foi aberta.

O aquecedor deveria estar no máximo, e aquele nem era um dia especialmente frio em Nova York.

Yeji ficou me olhando meio grogue e eu franzi o cenho profundamente, tentando entender a cena em si e a expressão perdida carimbada em seu rosto.

— Ji. — Eu murmurei, estudando cada centímetro de suas feições.

Ela piscou algumas vezes e ergueu o olhar de encontro ao meu. Seus olhos brilharam por alguns instantes e um sorriso zonzo curvou seus lábios.

— Ryujin! — Ela exclamou de repente, a voz quase flutuante.

Eu franzi o cenho um pouco mais, ainda estudando seu rosto e achando sua expressão muito curiosa. Um calafrio de medo percorreu minha espinha.

— Você esqueceu que eu vinha hoje?— Consegui perguntar.

— Você... O quê? Ah, não! Eu dormi. — Ela sorriu. — Dormi e perdi o tempo. Mas você veio!

Ela soltou a porta e veio até mim, jogando os braços ao redor do meu pescoço. Seu rosto se afundou no meu peito e, ao mero toque, eu imediatamente me preocupei. Na verdade, só fiquei ainda mais preocupada do que já estava. Ji queimava. Estava extremamente quente. Não era uma temperatura corporal normal, e disso eu tinha certeza.

Eu soltei a mala e a abracei de leve, buscando na memória qualquer droga da qual eu tinha conhecimento que deixava alguém naquele estado.

— Você está com febre, Ji. — Murmurei puramente confusa contra seus cabelos. — Está se sentindo mal?

— Oh, o quê? Não, não. Mal não.

Eu a afastei alguns centímetros para que eu pudesse ter uma melhor visão de seu rosto.

— Você está muito quente, meu anjo. Muito.

— Eu estava sentindo frio. — Ela falou, dando de ombros. Mas sua resposta não teve qualquer sentido pra mim.

Rindo meio grogue, ela me soltou e entrou pra dentro do quarto. Extremamente preocupada e curiosa, eu também entrei e fechei a porta atrás de mim.

Ali dentro estava um forno. Literalmente um forno.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora