59 | Safe Inside

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Por favor, não, não, não, não...

Eu agarrei o corpo de Ryujin com toda a minha força, chorando de forma incontrolável. Meus olhos estavam fortemente cerrados enquanto os soluços violentos escapavam da minha garganta.

Mal, mal o estouro do primeiro tiro se foi, logo veio um segundo. Era impressionante como eu quase não conseguia escutar nada além daquele latejar constante nas minhas orelhas. O latejar da dor e do medo. O profundo e angustiante medo de perdê-la.

Era horrível, doloroso, e terrivelmente dilacerador. Eu não conseguía soltá-la, não conseguia soltá-la, era incapaz de...

— Ji.

Ryujin continuava de pé na minha frente. Tudo era o mesmo.

Ela me soltou para que eu pudesse ter uma melhor visão da porta, mas eu não consegui soltá-la de volta. Continuei agarrando sua blusa, apertando sua cintura com medo de que, caso eu a soltasse, ela fosse embora pra sempre. Mas me obriguei a espiar por cima de seu ombro, mesmo incapaz de soltá-la. E foi aí que eu vi.

O corpo de Chefe estava caído no chão, um tiro perfurando sua nuca e um
círculo de sangue se expandindo sob seu corpo.

E bem ali ao lado, onde Mia o havia deixado, estava Cachorrinho. Um furo perfeito havia estourado sua têmpora, um filete de sangue espesso e quente começando a deslizar pela lateral da cabeça.

Com o coração batendo na garganta enquanto milhares de sentimentos me atacavam ao mesmo tempo, deixei que meus olhos embaçados vagassem rumo à entrada do cativeiro. Três homens de preto estavam lá, seus longos fuzis em punho e os olhares atentos pesando em nós.

Acabou. — Um deles falou, cortando aquela áurea mortal de silêncio que havia se expandido pelo lugar. — Vocês estão salvos.

Aquelas palavras foram o ápice do meu cansaço. Foi ali, ao som delas, que eu desabei, caindo de joelhos quando o choro me atingiu com toda a força. Ryujin caiu na minha frente, me envolvendo em seus braços e me doando seu calor. Afundei o rosto em seu peito, soluçando forte e de forma avassaladora enquanto tudo ia se assentando dentro de mim.

Enquanto o alívio, o cansaço, a dor... Enquanto tudo me atingia tão forte e de todos os lados possíveis.

Eu quase a perdi. Estive à segundos de perder o amor da minha vida. A segundos e aí... E aí...

Eu afundei os dedos em sua blusa, chorando em seu peito toda aquela angústia que torcia de forma violenta o meu coração. Ryujin também soluçava contra mim, seu corpo tremenda sob o meu, seus braços firmemente enlaçados no meu corpo enquanto ela me segurava com toda a força.

— Nós ainda não acabamos, meu amor. — Ela sussurrou baixinho, a voz falhando de forma gritante. — O nosso infinitamente não acabou.

Aquilo só me fez chorar mais, e mais, e mais ainda. Me deixei sentir tudo o que me impedi de sentir pra ser forte, me deixei sentir o pesar por meu amigo, o alívio por saber que Ryujin estava bem, a exaustão por levar meu corpo além do limite... Absolutamente tudo.

E então mergulhei na escuridão da inconsciência quando tudo me atingiu forte demais e eu fui incapaz de aguentar. Quando tudo foi pesarosamente intenso e me esmagou en mim mesma, até que não restasse mais nada além de escuridão. A boa e velha escuridão.

RYUJIN

Eu segurei a mão do meu amor, levando meus lábios até sua palma aberta. enquanto passeava os olhos por seu rosto tão pálido e desolado.

Ela estava inconsciente desde tudo, mas talvez fosse o melhor por ora. O melhor antes de acordar e ter de aceitar o fim daquela história. Antes de aceitar tudo o que perdemos ali. Tanto fisicamente quanto emocionalmente.

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora