51 | Rise Up

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TW: VIOLÊNCIA.

Minha cabeça doía tanto e com tanta força, que quando tentei abrir os olhos, quase desmaiei outra vez. Minhas orelhas latejavam, e minhas têmporas pareciam em chamas de tanto que ardiam.

— Que porra... — Eu murmurei baixinho, sentindo um gosto seco e ferroso na ponta da língua. Minha garganta estava tão ressecada que parecia uma lixa.

Meu cérebro estava leve, insuportavelmente leve.

Leve de um jeito errado.

Quando finalmente consegui forçar meus olhos a se abrirem, vi tudo embaçado, tudo borrado. Minhas pálpebras deslizavam sobre as órbitas como se estivessem cheias de areia. Eu quase podia sentir os grãos pequenos e fininhos se arrastando nos globos oculares.

Pisquei diversas vezes pra afastar aquela sensação horrível, até finalmente conseguir enxergar algo que não me parecesse duplicado ou borrado.

O entorno era escuro, com uma pequena escotilha em formato familiar que imediatamente me deixou claro que eu estava em um barco. Logo em seguida, pude sentir o balanço sutil do oceano sob meu corpo.

Um feixe de luz do sol entrava pela vigia de vidro, a única luz ali dentro. Cerrei os dentes, ainda tentando ignorar a dor lancinante que me tomava a cabeça, e me encorajei a explorar melhor o entorno.

Foi quando a vi. Paredes de madeira mofadas e torturadas à parte, minha garota estava alguns passos distante de mim, os olhos fechados e o hematoma na testa com uma coloração escura, arroxeada e evidente.

Eu me impulsionei pra tentar ir até ela, mas não consegui. Meu corpo voltou no mesmo instante e eu bati com tudo no que me servia de apoio, algo duro, fino e redondo. Foi quando senti a pressão de cordas presas ao redor dos meus pulsos e, ao descer um pouco os olhos, também puder notar aquelas ao redor dos meus tornozelos.

Tentei me forçar pra frente, fitando o rosto imóvel de Ji, mas tudo o que consegui com tal movimento brusco foi fazer os fios de cânhamo se afundarem ainda mais em meus pulsos. Estavam tão presos em mim quanto no pilar de madeira às minhas costas. Tentei olhar por cima do ombro e vi que, além de mim e de Yeji, tinha mais gente ali.

Hyunjin dividia o mesmo pilar que eu, mas tudo o que eu conseguia ver eram suas costas. Sua cabeça pendia pra frente e ele parecia desacordado como os demais. Sunghoon estava preso com as costas coladas nas de Mia, os dois próximos de uma das paredes daquela pequena cabine maltratada. Ambos tinham as cabeças caídas de qualquer jeito e os lábios entreabertos.

Voltei a pousar os olhos em Ji. Seu tronco estava rodeado por cordas ao redor de uma pilastra só dela. As mãos estavam presas com os punhos unidos na frente do corpo, e suas pernas esticadas também estavam circuladas nos tornozelos por cordas.

Passeei meus olhos por todo o seu corpo à procura de mais hematomas, porém, com exceção daquele na testa, ela parecia bem. Bem na medida do possível. Usava a mesma roupa do aeroporto, com suco seco por toda parte.

— Ji. — Eu a chamei, cerrando os dentes de raiva enquanto sentia a aflição me corroer. — Ji!

Meu amor....

— Yeji! — Eu tentei outra vez, sentindo a agonia escalar meu corpo quando uma gama de possibilidades que eu preferia não citar, me atingiram.

Tentei me forçar pra longe daquelas malditas cordas outra vez, mas elas pareciam ser feitas de aço e nem mesmo se moviam. Tudo o que faziam era se afundar ainda mais em meus pulsos, abrindo minha pele.

— Filhos da puta! — Eu grunhi, sentindo um turbilhão de dor de cabeça quando as memórias dos meus últimos minutos de consciência deslizaram por mim. — Vocês vão pagar por isso!

You Give Love a Bad Name | RYEJI Onde histórias criam vida. Descubra agora