Ariel Cristal Haywood estava terrivelmente impaciente enquanto andava de um lado para o outro no hospital em que trabalhava, esperando e esperando.
-Vai abrir um buraco no chão desse jeito. - murmurou Pedro e a mulher o calou com um aceno de mão, ignorando as palavras do melhor amigo. Pedro soltou um suspiro e voltou a ler o jornal.
-Ari, sente aqui com a gente.- suplicou Lúcia, mas a Haywood ignorou a melhor amiga. Estava nervosa, ansiosa demais para o resultado dos exames que estavam para sair.
-Sabe, não foi nada fácil enganar Edmundo pra vir aqui te acompanhar fazer esses exames.- disse Pedro fechando o jornal e olhando para a mulher a sua frente, que o lançou um olhar desafiador. -Poderia pelo menos nos dizer do que se trata.
-Pedro tem razão, Ariel.- concordou Lúcia. -Está doente? É algo sério?
Ariel deu uma pequena gargalhada. Algo sério... Não, não era algo sério, se fosse o que ela pensava. Aliás, havia muito tempo que nada sério acontecia na vida dela, não como da última vez.
O coração dela se apertou com a lembrança da tragédia há um ano, tragédia que havia tirado dela pessoas preciosas. E talvez tivesse tirado a vida dela também se Edmundo não tivesse se atrasado naquele dia em que estavam destinados a pegar aquele trem. Aquele trem que tirara a vida de seus pais e dos pais de seu marido. Que tirara a vida de seu irmão mais velho.
O rosto dela deve ter adquirido uma expressão sombria, pois Lúcia se levantou e segurou as mãos de Ariel nas suas com uma cautela nos olhos espertos.
-Sabe que pode nos contar o que quer que esteja te deixando aflita. - falou a amiga e Ariel assentiu.
-Eu sei.
-Então diga!- falou Pedro, de fato o mais ansioso dos três ali naquela sala. Ariel deu uma risadinha.
-Você vai descobrir logo, Pedro, pare de ser um velho rabugento!- ralhou Ariel e Pedro resmungou.
Pedro continuava, sem sombra de dúvidas, a ser o melhor amigo de Ariel. Seu irmão de coração. Mas nos últimos meses, uma sombra de dor e tristeza tomava conta daquele homem que um dia fora rei de uma terra distante. Sombra aquela que percorria Ariel também. E a dele só havia se intensificado mais depois que Ashley e ele terminaram o namoro que durou tantos anos.
Ariel achava que os dois fossem se casar um dia. Torceu por isso. Mas no fim das contas, eles tinham objetivos diferentes. Objetivos que não conseguiriam conquistar juntos. Mas sem sombra de dúvidas aquele término ainda assombrava Pedro profundamente, e tudo ficava ainda pior quando Ashley e ele ocasionalmente se esbarravam em uma das muitas reuniões de família na casa de Ariel e Edmundo.
Todos os pensamentos de Ariel foram embora quando ela viu a Enfermeira-Chefe MacKenzie, sua superiora e mãe de consideração, caminhar até ela. Definitivamente April MacKenzie conseguia esconder bem suas expressões, pois nada transpareceu em seu semblante enquanto andava até Ariel, o envelope branco em suas mãos enrugadas devido a idade. A mulher parou diante de Ariel e ofereceu o envelope para ela com um sorriso.
-Aqui está, querida.- falou a Enfermeira e Ariel aceitou o envelope, as mãos trêmulas. -Espero que seja a resposta que estava procurando. - e, com uma piscadela e um afagar no ombro da jovem, a Enfermeira deu as costas e se retirou, dando privacidade a ela e aos amigos.
-O que é isso?- disse Lúcia olhando por cima do ombro de Ariel enquanto ela abria o lacre. Mas Ariel nem sequer pensou em responder Lúcia.
Rasgou o papel, tentando não tremer tanto enquanto puxava a folha branca de dentro e lia as linhas. Seus olhos pararam em uma em especial que fez o coração dela galopar e o ar lhe faltar dos pulmões. Pedro se remexeu, tenso, no assento a sua frente.
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A Princesa Perdida • As Crônicas De Nárnia
FanfictionDurante a Segunda Guerra Mundial, Ariel vai para a casa de seu padrinho, Digory Kirke, por seus pais acharem ser um lugar mais seguro. Ariel tinha memórias daquela casa e de todas as aventuras que havia vivido lá quando era menor. Até uma que ela h...