Seventeen

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Depois da briga, saíram todos em silencio para voltarem até o Peregrino da Alvorada. O clima entre eles estava tenso, e ninguém ousou dizer uma palavra.

Ao chegarem próximos ao mar, Caspian foi até seus homens para ver o que haviam achado de comida, mas os resultados não haviam sido tão bons quanto eles esperavam. Por ser uma ilha vulcânica, não crescia muita coisa por ali. E, ao chegarem ali e verem que a situação era ainda pior, de nada ajudou melhorar o clima entre todos. Ariel podia sentir seus nervos a flor da pele, e queria ir embora dali e esquecer todo o ocorrido o mais rápido possível.

Mas, como tudo que é ruim ainda pode piorar, logo eles se deram conta que tinha algo errado ali.

-Onde está o Eustáquio?- perguntou Lúcia olhando ao redor.

-Creio que esteja por aí, não nos ajudando a descarregar o barco.- disse Ripchip.

-Eustáquio.- gritou Lúcia mas não houve nenhuma resposta. -Eustáquio!

O silencio se instalou entre eles e nenhuma resposta foi ouvida.

-Edmundo, estou com um mau pressentimento.- disse Lúcia olhando para o irmão, que havia ficado calado até então.

-Vou procura-lo.- respondeu Edmundo.

-Vou com você. - disse Caspian e Edmundo se virou, surpreso. Kyle fez menção de ir, mas Ariel o segurou pelo braço.

-Deixe eles se acertarem.- murmurou ela e o primo concordou.

Caspian deu a espada que haviam acabado de achar para Lúcia e seguiu com Edmundo a procura de Eustáquio. Ariel se juntou aos demais dentro do barco e foram para o Peregrino da Alvorada esperar a volta de Edmundo e Caspian.

-O que deu em você, Ari?- perguntou Lúcia assim que se encontravam longe de Ashley. -Você não é assim, Ariel.

Ariel deu um longo suspiro frustrado. Ela sabia que Lúcia estava correta. Sabia que havia passado dos limites com Ashley. Mas a garota estava a tantos anos aguentando Ashley falando coisas horríveis para ela, e tudo havia explodido, no pior momento possível.

-Não sei, Lú. Não sei. Eu só surtei! Não aguento mais Ashley, e não entendo o por que logo ela tinha que vir pra Nárnia junto comigo. Só pode ser pra estragar algo que eu amo, né!- disse Ariel e Lúcias respirou fundo.

-Ariel, se ela veio pra Nárnia, teve algum motivo. Aslam nunca faz nada sem um bom motivo, e você sabe disso melhor do que ninguém!- disse Lúcia e Ariel concordou, sem conseguir olha-la nos olhos. Sabia que Lúcia estava coberta de razão.

Ariel abriu a boca para dizer algo, mas um rugido rasgou o ar, fazendo com que todos ficassem alerta. Um rugido alto, que só poderia pertencer a uma criatura grande. E pensar nisso foi o suficiente para deixar Ariel desesperada. Afinal, Caspian e Edmundo ainda não haviam voltado.

-O que foi isso? - perguntou Lúcia para Drinian, mas ele nada disse. Continuou a olhar em direção à ilha.
-Foi o vulcão?- perguntou a menininha, Gael, que havia acabado de chegar para ficar com Lúcia.

-Ah, não. Isso não foi nenhum vulcão. Todos para o convés! Arqueiro, preparem-se! - gritou Drinian para seus homens.

                Os homens começaram a se preparar e Ariel pegou seu arco e se manteve preparada. Foi quando um dragão gigantesco passou voando bem ao lado da borda do navio, fazendo todos ficarem em choque. Ashley um um grito alto e caiu de bunda no chão, Lúcia ficou olhando embasbacada, Ariel recuou com o susto, Kyle ficou chocado e Gael se escondeu atrás de Lúcia.

             Mas a surpresa de todos logo se foi quando Drinian começou a gritar ordens e mais ordens . Ariel assumiu sua posição e aguardou. O dragão se sentou no mastro que erguia a vela do navio e Ariel sabia que devido ao peso do dragão, logo tudo iria desabar. Os homens começaram a disparar contra o dragão, mas Ariel se deteve. Ele não parecia querer machuca-lo, na verdade, parecia assustado.
       
                 Mas mal tivera tempo pensar, pois RipChip correu até o dragão, o espetando com sua pequena espadinha para que ele saísse logo dali e não levasse tudo a baixo. O dragão rugiu de dor e voou para longe dali., fazendo os homens comemorarem. Mas a alegria durou pouco, pois logo o dragão voltou, e, carregando entre suas patas, havia uma pessoa: Edmundo.

-Edmundo!- gritaram Ariel e Lúcia no mais puro desespero. O coração de Ariel bateu mais forte do que nunca naquele momento, e ela viu o dragão se afastar outra vez.

-Vamos voltar pra ilha, agora!- gritou Ariel descendo de onde ficava o timão e indo até Drinian.

-Princesa, não podemos arriscar...- começou ele mas ela o cortou.

-Não foi uma pergunta, Drinian. Foi uma ordem!- disse ela é ele assentiu com a cabeça, indo preparar o bote.

                  Quando enfim conseguiram chegar a ilha, Caspian estava junto de Edmundo do dragão. Ariel puxou seu arco, mas Caspian o abaixou.

-Esse é o Eustáquio.- explicou ele. Ariel foi até Edmundo e o deu um forte abraço, que ele retribuiu.

-Sendo o Eustáquio ou não, eu quase morri do coração!- reclamou ela é eles riram.

-Eu to bem, Cris.- disse Edmundo e segurou a mão de Ariel. -Ele deve ter sido tentado pelo tesouro.

-Qualquer um sabe que o tesouro do dragão é encantado.- disse Caspian olhando para o bracelete de ouro no pulso do garoto. Quero dizer, dragão. Eustáquio o olhou feio e Caspian se corrigiu.-Bem, qualquer um em Nárnia.

                        Lúcia se aproximou de Eustáquio com calma, e fez menção de remover o bracelete. Ele esticou mais a imensa pata, e ela removeu o bracelete de seu pulso. Ele deu um rugido de dor e ela se afastou.

-Há algum jeito de torná-lo humano?- perguntou Edmundo para Caspian.

-Não que eu saiba.

-A tia Alberta não vai ficar nada contente. -murmurou Edmundo.

-Os botes estão prontos.-disse um dos homens.

-Não podemos deixá-lo sozinho.- reclamou Lúcia.

-Nem levá-lo a bordo, majestade.- respondeu Drinian.

-Drinian, você e os demais voltam em um dos botes.-ordenou Caspian. -O restante fica aqui até o amanhecer e veremos o que fazer.

-Mas não temos previsões e não temos como nos aquecer, majestade.- disse o pai de Gael. Foi quando Eustáquio cuspiu fogo e incendiou um pedaço de madeira que estava ali, fazendo uma pequena fogueira.

-O que estava dizendo?- disse RipChip.

                    Eles deram uma fraca risada e logo se deitaram para poderem dormir. Afinal, o dia havia sido cansativo e estressante para todos. Sem ao menos se dar conta, logo Ariel adormeceu, deitada e aquecida nos braços de Edmundo.

A Princesa Perdida • As Crônicas De NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora