Seven

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            Depois de se encontrarem e conversarem um pouco, os cinco desceram as escadas atrás de Dona Marta, perguntar que horas seria o almoço.

-Ela é o diabo em pessoa.- sussurrou Susana para Ariel. -Não sei como você pode estar tão calma.

-Dona Marta sempre foi muito gente boa comigo. -Respondeu a garota dando de ombros. Susana a olhou, incrédula. -Ela é legal! Quando quer.

-Precisa rever seus conceitos sobre "legal". - murmurou Edmundo logo atrás de Ariel, recebendo um olhar de censura de Susana e Pedro.

            Chegaram a sala de jantar, onde a mesa já estava posta, e o professor, sentado lendo jornal. Não havia sinal de Dona Marta, o que deixou os Pevensie aliviados.

-Ah, vejo que já encontrou nossos visitantes, Cristy. - disse o homem para Ariel, que sorri.

-Quem diabos é Cristy?- sussurrou Edmundo para Pedro.

-Deve ser de Cristal.- disse Susana a ele.

-E quem diabos é Cristal?- dessa vez quem perguntou foi Pedro.

-Ora, em que mundo vocês vivem? Só tem nós cinco aqui com quem ele possa ter falado, e obviamente não foi com a gente!- disse Susana.

-Cristal é o segundo nome da Ariel. - disse Lúcia docemente. -Mas não a chamem por ele, ela não gosta.

-Ótimo!- disse Edmundo esboçando um sorriso maldoso, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, se sentaram todos a mesa.

            Comeram em um silêncio constrangedor que Ariel nunca havia presenciado ali naquela casa. Logo após o almoço, o professor pediu licença e se retirou, deixando na sala somente Ariel e os Pevensie.

-Então...- disse ela meio sem graça, brincando com a barra de seu vestido. -Vocês querem fazer o que?

-Você que conhece bem a casa.- disse Pedro e sorri. -Acho que você que deveria escolher.

            Ariel sorriu de volta para Pedro. Ele era legal, e decidiu logo que gostava dele, assim como de Lúcia e Susana. Eram muito diferentes de Edmundo, que desde que havia chegado, estava sempre emburrado e resmungando, e isso aborrecia Ariel. Por que ele estava tão descontente com tudo e todos? Isso seria algo que ela ainda iria descobrir.

-Bem, a casa é bem grande. Querem dar um volta?- sugeriu ela.

-Estou morrendo de vontade de fazer isso desde que chegamos.- confessou Susana. -Essa casa é gigantesca!

            Ariel riu e se levantou, logo sendo seguida pelos Pevensie.

-Não sou uma boa Guia como Dona Marta, mas conheço os lugares mais legais da casa.- disse Ariel subindo as escadas.

            Mostrou a eles tudo: a biblioteca no andar de baixo, os outros quartos da casa, a cozinha, a sala de estar, a parte onde viviam os animais, o riacho ali perto. Ficaram algumas horas andando, conversando e rindo ( Edmundo ainda emburrado, claro ) antes de enfim sentarem-se sobre o sofá da sala e soltarem um suspiro de cansaço.

-Realmente. - comecou Pedro. -É uma tremenda duma casa.

-Amanhã podemos ir la fora fazer algo, se quiserem. Agora está escurecendo. - sugeriu Ariel e os Pevensie logo concordoram, inclusive Edmundo, que geralmente criticava tudo que ela falava.

            Ficaram então, os quatro ( Edmundo se fingiu de surdo e mudo ) conversando animadamente pelo resto do dia. Brincaram das brincadeiras mais malucas inventadas por Lucia, ouviram sobre as aventuras estranhas de Pedro, estudaram um pouco com Susana e escutaram com atenção as histórias de Ariel sobre uma terra encantada com animais falantes.

-Você tem uma mente bem fertil, Ariel.- disse Pedro rindo. -Parece a Lu.

-Ah, não. Tenho certeza que Lu é bem mais criativa do que eu.- disse Ariel e a menina sorriu. Olhou de lado e viu Edmundo calado, parecendo meio triste. Ela então se sentiu mal. Não haviam falado com o menino a tarde toda! -E você, Edmundo?

-O que é que tem eu?- disse ele meio estupido, mas, no fundo, no fundo, feliz por ela o ter incluido da conversa. Ariel se ajeita melhor na cadeira para o olhar.

-O que gosta de fazer? Quais suas historias mais malucas e aventuras favoritas?- disse ela dando um sorriso. Por um breve momento, achou ter visto um sorriso no rosto de Edmundo, mas ele logo sumiu, e a cara emburrada que ele tanto fazia, voltou.

-O que eu gosto ou não de fazer não te interessa! - disse Edmundo virando a cara para Ariel. De repente, ela se sentiu bem mal. Seus ombros cairam, e seu sorriso foi morrendo.

-Edmundo, como você é grosso! Ariel só está tentando ser legal. -disse Pedro olhando feio para o irmão.

-Ah cale a boca!- respondeu o menino fechando ainda mais a cara.

-Já chega, Edmundo, peça desculpas a Ariel e a Pedro!- disse Susana.

-Você não é minha mãe, Susana.- disse o menino, sério.

-Tudo bem, gente, sério.- disse ela forçando um sorriso. -Desculpa se te ofendi em algum momento, Edmundo, não queria ser inconveniente.

             Todos olharam para Edmundo, esperando uma resposta. Mas ele estava tão surpreso com o que a garota disse que não conseguia dizer nada. Mesmo depois de tudo o que havia feito e falado, ela ainda o tratava com compaixão. Qual o problema dessa menina? Pensou ele.

-Bem, você não deveria se meter tanto na vida dos outros, Cristal.- disse Edmundo esboçando um sorriso. Ariel sente um nó formando em sua garganta. Odiava que a chamassem assim, e perebeu que ele falou isso para a provoca-la.

-Não me chame pelo meu segundo nome. Por favor.- ela disse tentando manter a calma. Antes não tivesse dito nada! O sorriso se Edmundo cresceu ainda mais.

-Oh, me desculpe. Quer que te chame de Cris?- disse ele.

-Ok, por que você é tão babaca com as pessoas?- disse ela magoada, se levantando. -Eu nunca te fiz nada! Quer ser babaca comigo? Ótimo, seja. Isso é problema seu.

         E saiu da sala, deixando os quatro Pevensie sozinhos.

-Parabéns, gênio!- disse Pedro irritado.

-Ela só estava sendo gentil!- disse Lúcia tristemente.

-Eu não preciso da gentileza dela!- disse Edmundo irritado, mas já muito arrependido, se levantando e abandonando a sala também.

A Princesa Perdida • As Crônicas De NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora