Two

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  Foram parar em um tipo de caverna. Estavam confusos. Por que haviam ido parar ali, assim, sem mais nem menos?

             Ariel não compreendia, mas a verdade era que, não precisava e nem sabia se queria compreender. A alegria de estar ali já era o suficiente e a deixava abobada.

                Sairam os cinco da caverna, se encontrando em uma praia. Eles se olharam e sorriram antes de correrem até o mar, deixando algumas peças de roupas e sapatos espalhados pelo caminho.

                Quando Ariel sentiu a onda gelada bater em seu corpo, sorriu. Há muito não se sentia tão feliz, tão livre, tão... Viva.

                   Pedro jogou água nela e ela deu um grito, fazendo ele rir. Ela correu até ele e o empurrou na água no momento em que a onda veio e o afundou. Ele se levantou, ofegante, e Susana e Lúcia deram uma alta gargalhada.

-Então, você gosta de brincar com os outros é?- disse Edmundo atrás dela predendo seus braços e a levantando.

-Ed! Ed! Me solta!- ela gritou ainda rindo, enquanto ele a jogava na água.

             Ficaram assim por alguns minutos, mas para eles, alguns minutos de diversão já bastavam. Estavam tão felizes! Até do ar diferente de Nárnia havia sentido falta.

              Edmundo então parou, e olhou pra cima.

-Ed? O que foi?- perguntou Ariel.

-Onde acha que estamos?- perguntou ele.

-Onde você acha?- disse Pedro como se fosse óbvio.

-Bem, não me lembro de nenhuma ruína em Nárnia.- disse ele e todos olharam pra cima. Podiam ver ruínas do que antes fora um castelo. Ficaram confusos. Edmundo estava certo, não havia ruínas em Nárnia quando sairam de lá.

-Lembre-se que o tempo aqui passa diferente. Não sei ainda ao certo como. Mas enquanto pra nós se passou só um ano, pra eles podem ter passados séculos. - disse Ariel com um suspiro. -É confuso.

-Bem, de qualquer forma, -disse Susana. - acho que deveriamos fazer alguns planos. Logo estaremos com fome, e não sei se arranjaremos comida tão cedo.

-Bem, tenho alguns lanches que minha mãe me deu.- disse Ariel. -Estão no bolso do casaco.

-Eu também trouxe os meus.- diz Edmundo.

-Os meus estão no bolso do casaco. - disse Pedro.

-Deixei os meus na maleta.- lamentou Lúcia ao se lembrar que sua maleta havia ficado em Finchley.

-Eu também.- disse Susana.

-Assim, temos três almoços para cinco. - disse Ariel. -Não é muito, mas deve bastar por ora.

-Agora, eu realmente quero mais é beber água do que comer. A agitação toda me deu uma sede!- disse Lúcia.

-É como se a gente tivesse sofrido um naufrágio. - comentou Edmundo. -Nos livros, sempre se encontra na ilha uma fonte de água fresca e cristalina. Deviamos procura-la.

-Já posso ver o sábio Rei Edmundo voltando ai dentro.- zomba Ariel e o amigo revira os olhos antes de sorrir.

-E teremos que ir por aquela mata fechada?- pergunta Susana apontando para o imenso matagal. Aliás, parecia que estavam numa ilha onde boa parte era mato e o resto areia e água.

-De maneira alguma.- disse Pedro. -Se há fontes aqui, elas têm de vir pRa o mar; assim, se formos andando pela areia, devemos acha-las.

             E então todos colocaram seus sapatos e pegaram suas roupas espalhadas pelo chão e começaram a caminhar pela areia a procura de uma fonte de água doce que pudessem beber.

               Caminharam em silêncio, estavam com sede e fome e cansados demais para qualquer coisa. Só queriam encontrar logo a fonte e poder se refrescar.

               Pedro andava na frente de todos; Susana e Lúcia iam lado a lado, um pouco atrás dele. Ariel e Edmundo iam atrás delas, um do lado do outro, em silêncio.

-Ari.- chamou Edmundo quebrando o silêncio entre eles, e ela o olha. -Onde você arranjou isso?

              Edmundo levantava na sua mão uma corrente de ouro muito bonita, digna de um Rei. Aliás, ela de fato havia pertencido a um. Ariel sente suas bochechas ficando vermelhas.

-Oh, oh. Ed, não pensei que fosse abrir o presente agora.- ela diz e ri fraco. Edmundo ainda a olhava, confuso.

-Como conseguiu isso? Achei que tudo o que tinhamos de Nárnia havia se perdido quando atravessamos o guarda-roupa, mas como...?

-Eu sei! É confuso, mas, quando fui para a casa do meu padrinho nas férias, fui até o guarda-roupa. Eu sabia que não iria conseguir vir pra ca pelo guarda-roupa nunca mais depois daquele dia, mas o que custava tentar, não é? Mas bem, a questão é, quando entrei lá ( não achei nenhuma passagem, como é óbvio ) encontrei essa corrente no chão. E ela era tão parecida com a que você havia ganhado e nunca tirava ela, lembra? Ai me dei conta de que realmente era, pois você também a estava usando no dia em que voltamos.- disse ela e Edmundo a observava atentamente. -Eu guardei. Seu aniversário estava proximo, eu pensei que ia poder te entregar no dia, mas... Bem, esse é seu presente. Meio atrasado, mas ainda assim.. Acho que vale. - ela disse meio sem graça e Edmundo a olhou e sorriu.

-Vale sim, Ariel. Obrigado.- ele disse e a abraçou forte, como sempre fazia. -Nem acredito! Achei que nunca mais veria isso.

          Logo o sorriso no rosto de Edmundo foi sumindo, e ele assumiu uma expressão seria e pensativa.

-Ariel, por que acha que voltamos?- diz ele para a amiga. Ela olha pra ele, agora pensativa também.

-Não sei. Quando estivemos aqui pela primeira vez foi por que precisavam de nós, sabe? Será que Nárnia corre pergio agora também? Não sei, Ed, e não gosto nem de pensar no pior.- ela disse e Edmundo concordou, logo mudando de assunto.

-Aquele seu primo, Kyle...- disse Edmundo, e Ariel olhou pra ele. -Por que ele nos ajudou? Quer dizer, agradeço a ajuda dele, mas... Apanhar por desconhecidos?

-Kyle é uma boa pessoa.- disse ela sorrindo meio besta. -Ele disse entrou na briga só pra socar Anthony e Elliot, mas é mentira. A verdade é que Kyle odeia pessoas como eles. Odeia essas coisas que eles fazem, sabe? E Anthony anda usando Ashley, e ela está tão afim dele que nem percebe o quão besta está sendo.- disse Ariel revirando os olhos.

-Ashley é a sua outra prima? Irmã dele?- pergunta Edmundo e Ariel faz que sim. -Você tem uma família grande e confusa.

-Eu sou a mais normal.- disse ela e Edmundo riu. -O que é?

-Você ta mais pra mais estranha da família, Cris.- diz ele e Ariel revira os ollhos, o empurrando.

-Falou o mais normal dos Pevensie.- disse ela com sarcasmo.

-Ah, eu sei.- diz ele piscando pra ela.

-Olhem! O que é aquilo?-gritou Lúcia e seguiram com os olhos para onde apontava. Era uma coisa sinuosa, comprida e prateada que se via na praia.

-Um riacho! Vamos!

A Princesa Perdida • As Crônicas De NárniaOnde histórias criam vida. Descubra agora