O vento batia forte no rosto da garota de pele pálida enquanto ela andava com dificuldade pela neve densa; ela se encolheu mais no casaco grande de pele, o agarrando com força contra seu corpo frágil, numa tentativa falha de se aquecer diante daquele frio de doer até os ossos. Logo, logo ela chegaria a onde quer que estivesse indo (nem ela mesma sabia ao certo) e o frio passaria. Aliás, como ela havia ido parar ali? Era como um sonho, um sonho que Ariel Haywood não compreendia. Um sonho tão real...
Mesmo com todo aquele frio e o clima de solidão, aquele lugar ainda assim era belo e familiar para a garota, que olhava para todos os lados absorvendo cada pequeno detalhe da floresta coberta de neve. Continuou andando por mais um tempo, sem saber ao certo o que fazia. As árvores lhe pareciam tristes, se é que algo assim era de fato possível.
Você está quase lá, Ariel. Escutou uma voz soar calma em seu ouvido, mas ao se virar, não viu nada. Olhou ao redor e tudo o que encontrou foram as árvores e a neve e nada além disso.
Logo nos encontraremos outra vez. Disse a voz novamente. Não era uma voz assustadora, era uma voz familiar e suave, uma voz que fez a garota se sentir segura e confortável e ao mesmo tempo intimidada. Fechou os olhos com força, enquanto o vento gelado batia em seu rosto.
Esse lugar era tão calmo e acolhedor, mas ao mesmo tempo era triste e tenebroso. Algo que, para Ariel, era ruim e, ao mesmo tempo, maravilhoso.
Por mais que ela dissesse a si mesma que nunca esteve ali, uma voz no fundo de sua mente lhe dizia que ela esteve ali antes, há muitos anos atrás. O que era estranho, pois Ariel tinha certeza que se lembraria de cada detalhe de um lugar como aquele, tão belo e encantador.
Quando chegou ao meio da floresta, se deparou com algo meio peculiar. Era um lampião, com sua luz fraca. Um lampião brilhando no meio da floresta. Ariel estranha e se aproxima dele, andando ao seu redor. Por que um lampião estaria no meio de uma floresta? Pensou a garota.
-Como isso veio parar aqui?- perguntou em voz alta para o nada, prestes a toca-lo.
-Acho que você sabe desta história, filha de Eva.- diz uma voz atrás de Ariel. Com o susto, ela puxa sua mão de volta e da um pulo, se afastando do lampião, o coração batendo forte; e ele dispara mais ainda a medida em que ela se virava para ver de quem pertencia a voz sombria e fria.
Então, virou-se e deparou-se com uma mulher alta e esbelta, grande e formosa, com um olhar assustador e cortante. Tinha o rosto pálido, quase tão branco quanto a neve que tocava as árvores e a boca tão vermelha quanto uma maçã, lábios que se destacava diante de tanta brancura. Ariel sente um arrepiu subindo pela sua espinha. A mulher estava com um casaco de pele branco e uma coroa de ouro na cabeça. Nas mãos trazia uma varinha dourada, varinha a qual não servia para o bem. Ela se aproxima a passos lentos de Ariel, que vai para trás e para trás, até suas costas baterem contra o tronco de uma árvore.
-Não achei que fosse ter coragem o suficiente para voltar a Nárnia depois da última vez!- disse a mulher com um rosnado de raiva.
-Desculpe senhora, mas eu te conheço? E o que diabos é Nárnia?- disse Ariel confusa, tentando não demontrar o quanto a mulher a assustava.
-Garota insolente! Acha que consegue me fazer de estúpida? Se ajoelhe diante de sua rainha! Jadis, Rainha de Nárnia!-ela grita e Ariel estremece. Quando não se ajoelha diante a Feiticeira, a mulher se aproxima da garota, dando lhe um tapa forte na face. Ariel sente sua bochecha arder e fecha os olhos com força, espantando suas lágrimas de raiva. -Eu avisei para nunca mais voltar!- diz a Rainha levantando sua varinha e a atravessando pelo peito da garota, sem um pingo de dó. O grito de dor de Ariel rasgou o ar, fazendo com que qualquer animal ali perto fugisse para o mais longe possível.
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A Princesa Perdida • As Crônicas De Nárnia
FanfictionDurante a Segunda Guerra Mundial, Ariel vai para a casa de seu padrinho, Digory Kirke, por seus pais acharem ser um lugar mais seguro. Ariel tinha memórias daquela casa e de todas as aventuras que havia vivido lá quando era menor. Até uma que ela h...