ATO I
Theos se agita, sua voz inquieta com a frustração. - É impossível de nós o ganharmos! Ele é o primordial! - exclama, as mãos crispadas, os olhos arregalados refletindo a magnitude de sua preocupação.
Ao seu lado, Zulfiqar, imponente em sua confiança, rebate com uma serenidade quase provocante. Sentado no tronco robusto de uma árvore glergási, ele enrola um cipó vivo criado por Bucu em seu pulso. - E nós somos deuses, Theos! - argumenta, seu tom repleto de orgulho, olhar firme e penetrante. - Máterum nos moldou de sua própria essência, nos dotou de uma fração de seu poder. Unidos, nossa força pode rivalizar até mesmo com a dele.
Deitado relaxadamente sobre a grama verde, Zilevo acompanha a discussão com um olhar pensativo. Seus dedos brincam inconscientemente com a grama enquanto pondera, refletindo sua natureza analítica. Ele se une à conversa com uma voz calma, mas firme. - Zulfiqar tem razão. Além disso, não estamos sozinhos nesta luta. Réslar, Lésnar e outros deuses estão ao nosso lado, prontos para nos apoiar.
Theos, com uma expressão enigmática, sentado em outro tronco ao lado de Tanri, inclina-se para frente. - Se não tivermos um plano sólido e bem estruturado, esta guerra estará perdida. - Ele gesticula sutilmente com as mãos, enfatizando a seriedade de suas palavras. - Máterum não só conta com deuses a seu favor, mas também com planetas-vivos - sua afirmação lançada de maneira esotérica, como geralmente faz.
Eu, absorvido pela revelação, encho-me de curiosidade. Meu coração bate mais rápido, e eu me inclino para frente, ansioso. - Como assim 'planetas-vivos'? - pergunto receoso.
Theos continua, imerso em sua aura de mistério. - Durante o período em que estávamos confinados em Salacrum, Máterum utilizou seu poder para transformar Toihid, Moam e Térax em entidades vivas.
Zulfiqar, com uma expressão de ceticismo marcada em seu rosto, interrompe, a desconfiança evidente em sua voz. - E como soube disso? - Ele pergunta, enquanto seus dedos brincam distraidamente com o cipó em seu pulso, esticando-o e soltando-o lentamente, como se tentasse aliviar a tensão interna.
Theos, mantendo uma calma estudada, responde com um olhar direto, seu olhar fixo em Zilevo. - Consegui essa informação através de Réslar e Lésnar. Elas se infiltraram para descobrir os planos de Máterum e descobriram algo perturbador: ele transformou Toihid, Moam e Térax em entidades vivas. - Ele faz uma pausa deliberada, adicionando. - E mais, Lésnar me enviou uma carta recentemente; elas estão escondidas, mas seguras, no deserto de Primárium. - A maneira como seus olhos se fixam em Zilevo sugere que ele antecipa a reação do irmão.
Zilevo, até então relaxado, agora se ergue abruptamente, a irritação fulgurante em seu rosto. - Quando você decidiu que tinha o direito de comandar sem nos consultar? - Ele indaga, sua voz subindo em volume, enquanto cessa abruptamente o gesto de mexer nos cabelos, um sinal claro de sua crescente agitação.
Theos, consciente da relação delicada entre Zilevo e Lésnar, tenta se explicar, embora suas palavras soem como uma justificativa frágil. - Não havia outra opção. Se eu tivesse sugerido isso, vocês teriam se oposto, principalmente pela presença de Lésnar, com quem você tem tanta intimidade - ele termina a frase, parecendo perceber tarde demais que suas palavras podem ter acendido um pavio curto.
- O quê você disse?! - Zilevo exclama, levantando-se furioso em direção de Theos. Seus olhos faíscam com uma ira raramente vista, um testemunho de como ele valoriza sua relação com Lésnar e sua aversão a ser subestimado ou julgado.
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As Crônicas de Marum - O Primordial
FantasíaNeste fascinante épico mitológico, mergulhamos no início dos tempos, onde o Universo nasce de uma união transcendente, emergindo como uma entidade de poder e consciência absolutos. Em meio à vastidão do nada, ele enfrenta a solidão primordial, dando...