ATO III
No grande salão, o ar se enche de expectativa e tensão enquanto Máterum se posiciona em sua cadeira, a postura ereta e o olhar penetrante. Até que então, ele toma a fala. - Reuni-vos aqui hoje, pois realizaremos uma missão contra os deuses renegados ao amanhecer. E cada um de vós desempenhareis um papel crucial na nossa vitória. - Ele pausa, deixando as palavras ecoarem pelo salão, enquanto os olhares dos deuses se cruzam, alguns com determinação, outros com uma ponta de receio.. - De antemão, aviso que nem todos irão a Zaranler comigo. Alguns ficarão aqui para proteger o castelo de um viável ataque surpresa dos deuses renegados.
Dynes, inquieta, tamborila os dedos sobre a mesa, sua curiosidade palpável na sala silenciosa. - E quem irá contigo a Zaranler? - indaga, a voz tingida de curiosidade misturada com uma ansiedade sutil.
- Sim. Muntera, Moam, Toihid, Córpulus e Ézus - Máterum anuncia, enumerando os nomes com confiança. Seu olhar percorrendo o rosto de cada deus escolhido, como se reforçando a importância de seu papel.
Um silêncio pesado cai sobre a sala, quebrado apenas pelo som de uma cadeira se movendo. Báron, com um misto de surpresa e desapontamento, inclina-se ligeiramente para frente, suas feições refletindo um conflito interno. - Eu não irei? - Sua voz, normalmente calma, carrega um toque de incredulidade e um leve traço de desafio. Ele olha diretamente para Máterum, buscando uma explicação, enquanto os outros deuses lançam olhares curiosos em sua direção, sentindo a tensão crescente no ar.
- Báron, és o meu melhor guerreiro, por isso, és o mais indicado para ficar e defender Malbork.
Incrédulo, Báron contesta. - Não consigo compreender, Pai. Minhas habilidades são mais necessárias no campo de batalha. Por que me pede para permanecer aqui? Deixe outro em meu lugar! - Sua voz é firme, mas seu olhar revela uma busca por respostas, um pedido silencioso para entender a lógica por trás da escolha de Máterum.
Enquanto Báron expressa sua frustração e discordância em relação à seleção dos deuses que vão a Zaranler, sinto uma mistura complexa de emoções se formando dentro de todos. Por um lado, compreendendo a frustração de Báron e a sua vontade de estar presente na batalha. Afinal, Báron conhecido como o melhor guerreiro de Marum, seria de grande valia no campo de batalha.
A sala, até então preenchida por um murmúrio subjugado, agora se encontra em um silêncio expectante. Os olhos dos deuses se voltam para Báron, cada um ponderando a seriedade da objeção levantada por ele. Suas palavras não são apenas de um guerreiro desejando lutar, mas sim de um líder questionando a estratégia de guerra.
Sinto-me desconfortável ao ver a sombra da incerteza se espalhando entre os deuses. Pensamentos como "Se até Báron discorda, algo não está certo" e "Será que a seleção para o ataque está bem-feita?" rodeiam a mesa, alimentando suas próprias dúvidas.
Máterum, mantendo sua postura calma e soberana, responde em tom benévolo. - Báron, seu valor como guerreiro é inquestionável, mas tua habilidade de liderar e proteger é igualmente importante. Malbork precisa de tua força aqui. - Ele faz uma breve pausa, avaliando a reação de Báron. E também captando os pensamentos duvidosos dos deuses. - Não obstante, se tiveres certeza da objeção, deixo Toihid no teu lugar. O que achas?
Báron, após alguns momentos de reflexão, percebe também os pensamentos de dúvida que gerou com sua contestação. Ele sabia que o líder dos deuses tinha uma sabedoria profunda e sempre agia em prol do bem maior de Marum. Sentindo um arrependimento profundo ao descordar da decisão de Máterum em frente a todos e, assim, gerar incertezas nos pensamento dos outros deuses, ele inclina a cabeça em um gesto de aceitação resignada. - Não será necessário. Entendo e respeito sua decisão, Pai. Se acredita que minha presença aqui é crucial, assim será. - Conclui Báron, dispersando partes dos pensamentos; seguidamente, olhando as estrelas no céu.
- Como desejar, Báron - declara Máterum.
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As Crônicas de Marum - O Primordial
FantasíaNeste fascinante épico mitológico, mergulhamos no início dos tempos, onde o Universo nasce de uma união transcendente, emergindo como uma entidade de poder e consciência absolutos. Em meio à vastidão do nada, ele enfrenta a solidão primordial, dando...