Era Primordial - Parte III

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ATO VII

Tudo mudou quando Zilevo, movido por um sentimento de irmandade, decidiu agir. Ele se embrenhou furtivamente nas sombras de Salacrum. Lá, ele testemunhou a situação deplorável de Theos, seu irmão aprisionado. Zilevo ficando imerso em uma batalha interna, uma luta constante entre a submissão e a revolta, travada em sua mente e espírito.

Zilevo observava, seu coração apertado pela compaixão e pela dor de ver seu irmão em tal estado. Ele sabia que confrontar Máterum diretamente seria um desafio colossal, mas também sentia que não poderia permanecer indiferente à injustiça do aprisionamento de Theos.

Com um suspiro pesado, Zilevo retornou aos seus irmãos. Reunindo-os, ele compartilhou sua angústia e suas descobertas, descrevendo a condição torturante de Theos. Seu relato era carregado de emoção, suas palavras oscilando entre a urgência e a cautela.

Ao ouvir Zilevo, os irmãos foram tomados por uma odisseia de sentimentos. Eles já não concordavam mais entre si. Alguns, agitados pela compaixão e pelo senso de justiça, clamavam pela libertação de Theos. Seus rostos estavam marcados pela determinação, seus olhos ardendo com o fogo da solidariedade.

Outros, no entanto, hesitavam, divididos entre a lealdade a Máterum e o desejo de ajudar seu irmão. Eles se debatiam com o dilema, temendo as consequências de desafiar a autoridade do pai. Suas expressões refletiam a agonia da escolha, o conflito interno entre a lealdade e a justiça.

No fim, após intensas deliberações e debates emocionais, a maioria dos deuses, para desgraça e melancolia do Pai, optou por uma decisão dolorosa. Eles escolheram a traição, não por desrespeito ou ódio a Máterum, mas movidos por uma necessidade profunda de agir contra o que consideravam uma injustiça. Seus olhares trocados eram sombrios, cientes da gravidade de sua escolha, mas firmes em sua decisão.

Esta decisão marcou um ponto de virada trágico, uma escolha que traria desgraça e melancolia ao coração de Máterum, um reflexo do amor fraturado entre um pai e seus filhos.

Ózis, Tanri, Zilevo, juntamente com Urum, Críngu, Lésnar, Réslar e Gálidus, os deuses que optaram pela deslealdade, se moveram com uma determinação sombria em direção a Salacrum. Seus passos eram silenciosos, mas íntegros de um propósito firme: libertar Theos de Salacrum.

No entanto, ao chegarem a Salacrum, eles se depararam com uma realidade inesperada. Máterum, ciente da traição, havia preparado uma armadilha astuta. Os deuses se viram repentinamente envoltos em uma emboscada, suas expressões transformando-se rapidamente de determinação para surpresa e desespero.

Máterum, com uma fúria fria e um desapontamento profundo, condenou esses filhos ao aprisionamento eterno em Salacrum. Ele os encarava, seus olhos refletindo a dor de um pai traído.

Zulfiqar e os outros deuses restantes, Dynes, Tempórious, Ézus e Muntera, haviam escolhido permanecer leais a Máterum durante a rebelião. Eles observavam a cena com expressões complexas, misturando alívio por terem mantido sua lealdade com uma tristeza crescente pela sorte de seus irmãos.

Apesar de sua lealdade inicial, a tensão continuou a crescer. Dois anos depois, Zulfiqar e Tempórious, movidos por uma crescente inquietação, conspiraram para libertar os deuses aprisionados. Máterum, descobrindo a conspiração, reagiu com uma decepção ainda maior. Sua decisão de aprisionar Zulfiqar e Tempórious refletia um coração cada vez mais endurecido pela desconfiança e pela traição.

A atmosfera entre os deuses tornou-se carregada de melancolia e um sentimento de perda irreparável. O que antes era um panteão unido, agora estava fragmentado por escolhas difíceis e lealdades divididas. Máterum, olhando para seus filhos restantes, não via mais resquícios dos deuses originais a sua volta. Ele lutava internamente com a realidade de que suas ações haviam alterado irreversivelmente o curso de sua família divina.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora