Hipernova - Parte IV

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ATO V (Réslar)

Encurralada e exausta, eu me abrigo entre as sombras das imensas pedras de areia. Cada respiração é uma batalha contra a agonia, enquanto o sangue que escorre de meus ferimentos pinta a areia de vermelho sombrio. Meus ossos, muitos fraturados, gritam por descanso, mas a vontade de sobreviver é mais forte.

Agonizantemente, encho a bolsa com areia, um peso adicional que promete ser útil em um confronto inevitável. - Ou me levanto, ou morrerei aqui - penso. O tempo é um luxo que não tenho; cada segundo perdido é um convite para a morte. Apoio as mãos trêmulas no chão frio e me arrasto, as costas raspando na parede áspera das pedras.

Com passos torturantes, avanço, cada movimento um triunfo da vontade sobre o corpo. Meu pensamento está focado em uma única missão: encontrar Lésnar. A cada passo, a realidade da minha situação me golpeia: estou no limite das minhas forças, e a cada momento, a morte se aproxima silenciosamente.

Um passo seguido de outro e mais outro; até, por fim, sair da área de pedras, onde me encontro com o fim. O mundo ao meu redor se torna um borrão, um cenário distante e irreal. A única coisa real é a dor, a exaustão e a resoluta recusa de me entregar ao destino que me persegue.

Dor excruciante envolve meu peito, como se cada fibra do meu ser estivesse sendo dilacerada. Minha visão, turva e instável, oscila entre a realidade e a escuridão. Olhando para baixo, meu coração se aperta ao ver a estaca ensanguentada, embebida em sangue e adornada por fios dos meus cabelos ruivos, cravada nas minhas costas. A queda sobre meus joelhos é mais do que física; é o peso da derrota, da dor insuportável e do medo paralisante.

- Achou mesmo que conseguiria me despistar tão facilmente? - A criatura sem alma zomba, sua voz exalando um prazer sádico enquanto retira a estaca das minhas costas. O som do metal cortando a carne e o jorro de sangue que se segue são quase tão torturantes quanto a dor física. Ela ri, uma risada cruel e desprezível, que ecoa em meus ouvidos. - Suas estacas foram um belo passatempo. Admito, você me surpreendeu - ele diz, brincando com a estaca ensanguentada e enrolando meus cabelos em torno de seus dedos. - Mas eu falei que pagaria por ter perfurado meu lindo abdômen. Não falei? - Seu sorriso sarcástico crescendo. - Diga-me, qual será seu último lamento? - Provoca, olhando-me com o sorriso sarcástico, esperando que eu suplique ou chore.

Reúno toda a força que resta em mim para amaldiçoar a criatura. - Eu vou te matar... Maldito... eu juro... No dia da sua morte, estarei lá para garantir que sofra como nunca! - prometo com uma voz de ódio, engolindo a melancolia e as lágrimas, recusando-me a dar a ele a satisfação de ver minha dor.

Meus lábios se apertam, tentando conter meus sentimentos sorumbáticos. - Lésnar, me perdoe... Não consegui cumprir sua última vontade - minha voz se quebra, um murmúrio carregado de pesar e remorso. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas me recuso a deixá-las cair, mantendo minha dignidade até o fim.

A criatura solta uma gargalhada desdenhosa, seu sorriso torcido refletindo a maldade em seu coração. - Ah, então você planeja voltar dos mortos? Que piada! Vou ficar esperando.

De repente, ela agarra meus cabelos com brutalidade, puxando minha cabeça para trás, expondo meu pescoço vulnerável. Sem hesitação, ele crava a estaca ensanguentada cruelmente em meu pescoço.


ATO VI (Réslar)

Conforme a lâmina se aproximava do seu pescoço, Réslar sentiu uma mistura avassaladora de angústia, desespero e medo. Seu coração pulsava descontroladamente, ecoando em seus ouvidos como um tambor triste. Cada batida era uma lembrança dolorosa de tudo que estava preste a perder.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora