Zaranler - Parte VIII

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ATO XIII (Críngu)

O azul do céu se extingue nas trevas, escondendo o Sol atrás das negrumes nuvens que surgem no horizonte. Pequenas partículas de água alvejam o campo aberto, onde cravos selvagens balançam ao sabor do vento inclemente. Essas gotículas, persistentes e frias, acumulam-se rapidamente, formando poças de lama que mancham a beleza natural do lugar.

Zilevo, Bucu e Urum acabaram de partir, deixando para trás um cenário sombrio. O planeta-vivo e Ézus se erguem furiosos entre os cravos agitados, prontos para a batalha iminente.

— Isto promete ser um verdadeiro espetáculo — anuncia o planeta-vivo, com um olhar fixo e desafiador, com seu torso da armadura levemente amassados.

Ézus, com olhos irados, arranca seu machado de uma árvore próxima, as fibras da madeira estalando sob a força bruta de seu puxão. — Não o subestime! — Ele alerta, descartando sua manopla restante.

Gálidus, enfrentando os oponentes com um olhar avaliador. — O que vocês querem aqui em Zaranler? — Ele questiona, posicionando-se estrategicamente, analisando cada movimento de Ézus e do planeta-vivo,
— Achei que fosse óbvio — responde Ézus, apertando o cabo de seu machado com força. — Estamos aqui para colocar um fim nessa guerra fútil.

Sem paciência, eu disparo a Kurasi em direção ao planeta-vivo. Mas o planeta-vivo, com reflexos rápidos, se esquiva com agilidade, cortando o cipó da Kurasi com a adaga Primordial.

— Tentou me ferir com esta arma ordinária? — ele provoca, zombando do ataque falho. Com um movimento rápido e despreocupado, ele agarra a foice da Kurasi e a lança para longe, sua força descomunal fazendo a arma zunir pelo ar antes de desaparecer na densa vegetação ao redor.

Gálidus, com a mão pressionada contra seu torso enfaixado, lança um olhar preocupado para mim. — O que faremos, Críngu? — Ele pergunta.

— Ele é rápido demais — sussurro de volta, um plano começando a se formar em minha mente. — Precisamos atacá-lo de surpresa. — Meus olhos analisam o campo, procurando uma vantagem tática enquanto me afasto, buscando a posição ideal.

— Vocês vão ficar aí falando ou vão lutar? — o planeta-vivo desafia, gozando de nossa indecisão momentânea, estressando Gálidus que ignora a estratégia em formação, sua frustração transbordando em ação precipitada.

Com um rugido de desafio, Gálidus avança impetuosamente. Seus punhos, impulsionados pela fúria, miram o planeta-vivo. Mas a criatura se esquiva com uma facilidade quase insultante e, em um movimento fluído, o planeta-vivo afunda a adaga primordial no ferimento já existente de Gálidus. O grito de dor de Gálidus corta o ar, um som visceral. — Isso foi patético — ele zomba, o desdém em sua voz é irritante. Aproveitando a vulnerabilidade de Gálidus, agarra seus braços e os amarra com o cipó, imobilizando-o.

— Por que tinha que ser tão impulsivo?— penso, assistindo a cena com revolta. — Parece que não aprendeu nada com o treinamento.

— Vocês são mais fracos do que eu imaginava — zomba o planeta-vivo, sua voz transbordando desprezo. Segurando Gálidus com os braços amarrados, ele o ergue como se fosse um boneco. — Vocês não são dignos de serem chamados de deuses! Como vocês me decepcionam! Matarei vocês de uma vez e me saciarei com Zilevo.

Assistindo Gálidus ser brutalmente imobilizado pelo planeta-vivo, uma fúria ardente me consome. Sem hesitação, lanço-me em direção ao campo de batalha, determinado a salvar meu companheiro.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora