Mudança (Zilevo) - Parte III

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ATO IV

Ao passo que os deuses abandonam o local, a atmosfera muda sutilmente. O ar, antes carregado com a tensão do desconhecido, agora parece mais leve, embora ainda permeado por uma sensação de cautela. Restamos apenas eu, Zulfiqar e Urum.

Zulfiqar, com um semblante sério, se volta para mim. Há um silêncio ponderado entre nós, como se estivéssemos reunindo nossos pensamentos antes de verbalizá-los.

Urum, ainda de pé, cruza os braços, seu olhar alternando entre Zulfiqar e eu. Ele emana uma energia de prontidão, como se estivesse preparado para entrar em ação a qualquer momento. Seu rosto jovem é uma máscara de foco e intensidade, demonstrando a seriedade com que ele encara a situação.

Eu me aproximo dos dois, sentindo a responsabilidade da liderança pesar sobre meus ombros. — Precisamos discutir nossos próximos passos — começo, quebrando o silêncio. — Zulfiqar, sua missão para Arcríris é vital. Precisamos saber o que aconteceu com Ózis e Tempórious. Tem certeza que não vai precisar de companhia? — Meu tom é firme, mas com uma preocupação fraterna.

Zulfiqar assente, compreendendo a gravidade da tarefa. — Sim, a furtividade é essencial. Quanto mais de nós, maior o risco de sermos detectados.

Concordo com um aceno de cabeça, reconhecendo a lógica em suas palavras. — Que assim seja. — Meu olhar então se desloca para Urum, ciente do laço que une os dois. Observo a expressão de Zulfiqar, percebendo a preocupação em seus olhos quando pensa em Urum. Lembro como ele o guiou e moldou em Salacrum, criando uma ligação tão profunda quanto a que Máterum tinha por nós.

Permaneço em silêncio por um momento, refletindo sobre a complexidade dos laços. — Certamente Urum aceitará, mas e Zulfiqar? — penso. Modelando um plano em mente.

Urum ostenta um corpo esculpido como resultado de árduo treinamento sob a tutela de Zulfiqar. Seus músculos são como pilares de força, firmes e imponentes, testemunhas de incontáveis horas dedicadas a aprimorar sua força e resistência. Cada linha definida em seu físico representa seu comprometimento e disciplina que investiu para alcançar tal forma.

Seu rosto, embora sereno, carrega a marca de uma jornada de aprendizado e superação. A cicatriz distinta em sua sobrancelha esquerda, um fino risco memorável, é um troféu conquistado em um dos intensos treinamentos com Zulfiqar. Essa cicatriz é mais do que uma lembrança de um duelo passado; é um símbolo de honra e resiliência, um lembrete constante da primeira vez que foi vencido por seu mestre. Simbolizando a determinação de Urum em evoluir e a profunda gratidão que nutre por ter um mentor tão astuto e habilidoso como Zulfiqar.

Enquanto observo Urum, minha confiança em sua capacidade para a missão que pretendo confiar-lhe se fortalece. Sua respiração calma e controlada, mostra uma serenidade conquistada através de uma mente treinada.

Assim, com um olhar firme e uma voz resoluta, decido abordar Urum sobre a missão crítica que tenho em mente, plenamente ciente de que ele é mais do que capaz de cumpri-lo. — Urum, — começo, pausando brevemente para medir minhas palavras. — há uma missão... é complicada e perigosa. Entenderei completamente se recusar.

Urum, com uma curiosidade aguçada, ajeita seu coque com um gesto familiar, um sinal de que está pronto para ouvir. — O quê? — Ele indaga, seu olhar fixo em mim, a intensidade de sua atenção clara.

— Quero que vá a Primárium. Procure por Lésnar e Réslar.

Zulfiqar, observando a troca, interrompe com uma preocupação evidente. — Não, Urum. Não é seguro. — Seu tom é assertivo, mas uma inquietação subjacente tinge suas palavras. Ele quer proteger Urum, um sentimento paternal se manifestando em sua expressão. Desejando conversar com Urum a sós, porém não obtendo sua aceitação.

As Crônicas de Marum - O PrimordialOnde histórias criam vida. Descubra agora