Seus planos

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Rey P.O.V

Tive que encontrar forças para fazer aquilo, perceber que Kylo merecia todo aquele ódio que me consumia. Não queria me sentir medíocre perante os outros, era difícil fazer o certo quanto o que meu coração dizia era deixá-lo ir.

Meus pensamentos eram focados nele dia e noite, isso no entorno de uma semana, vasculhei aquele maldito quarto do chão ao teto mas não tinha uma pista se quer, meu tempo com Poe também estava acabando, ele me procurava todos os dias por informação e Finn eu o dispensei quando percebi que estava sentindo pena de mim, não queria ver aqueles olhos, contar a ele meu sofrimento apenas me fez sentir pior. Talvez estivesse ficando louca.

Não pisei no apartamento nos últimos três dias, Millenium Falcon era uma espécie de fuga, agora entendia a obsessão que Leia disse que Han tinha por ela, assim como seus donos anteriores, aqueles corredores, aqueles cômodos perdidos ou escondidos, as milhares de luzes coloridas, queimadas, sempre precisando de um ajuste, de uma atenção, ela sugava sua alma aos poucos.

Estava entrando em meu quarto, e foi ali em frente a cama que percebi que era um dos poucos cômodos que não tinha procurado nada. Invadir a mente dele não era fácil naquela distância, e quando conseguia ele me encontrava no mesmo instante. Tirei as cobertas, olhei debaixo do colchão, todas as gavetas, o banheiro, os espelhos, minhas roupas, os bolsos. Poderia desistir ali mesmo mas no momento em que retornava as coisas em seus devidos lugares, sendo mais direta o maldito travesseiro que eu encontrei entre a espuma, um metal preto, que era familiar, fazia parte do localizador de Exegol, nele estavam gravada coordenadas numeros e letras que naquela altura não seriam complicadas de encontrar.

Eu deveria ter levado instantaneamente a Poe, mas tranquei aquela nave, arranquei todos os seus localizadores, esses que foram colocados a poucas semanas, não por mim e sim pela República, fui inconsequente em espioná-los, não pediram minha permissão mesmo sabendo que ela me pertencia. Localizadores destruídos e um computador de bordo antigo não rastreável.

Suas coordenadas me levariam para muito longe, talvez quase quanto seu exílio, totalmente oposto a Exegol, sinceramente sempre achei que ele tivesse um tipo de obsessão como a minha por aquele lugar. Para ser sincera, embora o lugar fosse assombroso, atraia minha atenção, saber o que tinha lá, se eu pudesse descobrir mais sobre mim.

Não fui estúpida, esperei a hora certa, naquela madrugada saí daquele lugar sozinha e fui ao encontro dele, frase tola mas literalmente matar o que estava me matando.

_*Rey*_ De novo ouvia aquela voz, somente ela.

_*Se sente sozinho? Por isso me chama? Fiquei sabendo que esse sentimento vai acabar logo, não da maneira como quer.*_Respondi com os olhos fechados, estava em minha cama com a coberta cobrindo todo meu corpo.

_*Rey...*_ Naquele momento meus olhos se abriram, e minhas bochechas ficaram absurdamente quentes. Seu tom de voz estava grave, mais que o normal, não somente sua voz mas sua respiração descompassada, era como se sentisse ele na minha frente. _*Rey...ham...*_ Era mais óbvio o que ele estava fazendo, Kylo não tinha me ouvido, pois ele continuava, seus gemidos, até mesmo o som de mão eu conseguia ouvir.

Me debrucei na cama, agarrando o travesseiro e o mordendo. Queria me sentir furiosa, repudiar aquilo mas era tão gostoso ouvir seus gemidos, meu nome baixinho e imaginar tal cena, conseguia acompanhar até quando ele aumentava a velocidade, imaginado o cabelo dele sobre seu rosto, seus músculos rígidos, as lembranças daquelas noites me chicoteavam. Era como música, uma música bem longa e agitava, não podia o ver, estava deitada na cama fitando o teto, apertando aquele cobertor entre minhas pernas, estava ficando maluca.

Um gemido longo havia ecoado, e tinha entendido o que ele tinha sentido. Um peso afundou a ponta da cama, era assustador, sentindo sua mão esbarrar em meu pé, me buscando.

_*Rey?*_ Ainda o ouvia, seu tom agora confuso e respiração ainda descompassada. _*Se estiver na minha mente, não brinque comigo assim, é cruel até mesmo para mim.*_ Seu tom dramático era frequente, Kylo era um garoto mimado, sempre abusando da ingenuidade das pessoas. _*Não quer falar comigo?*_ Ele insistia, me mantive quieta. O peso da cama diminuiu e por um momento pensei que ele tinha acabado. _*Estou ficando maluco, eu tenho que ir embora aqui, se continuar falando sozinho desse jeito, eles devem chegar logo.*_

Ouvir ele dizer aquilo me fez ter ainda mais certeza, ele não tinha fugido apenas para se esconder, seu plano permanecia, nada poderia o parar, a sua ambição desenfreada. Ouvia seus passos como se ele estivesse em meu quarto e segundo depois o som de um alarme, seus passos aumentaram e logo desapareceu.

Não consegui pregar olhos durante toda aquela viagem, se Millenium Falcom fosse voar depois daquela viagem tão agressiva eu não sabia mais, a realidade era que teria que impedi-lo quanto antes.

Kylo Ren P.O.V

Eu não era louco, naquele momento ela estava ali, seu silêncio foi apenas para me testar, não posso negar que não pensei no que aconteceu na última vez, quando ela quase me acertou e por um milagre não o fez, talvez fosse um teste para averiguar se era possível. Não deveria continuar duvidando de Rey, não seria a primeira vez que ela tentaria me matar, felizmente sua misericordia a impedia.

Nas inúmeras telas da sala de controle eu recebi mensagens, eu não estava sozinho, muitos haviam pensado que eu tinha morrido e enquanto lia suas respostas, senti aquela sensação, me sentia afortunado, simpatizantes da Primeira Ordem, eles esperavam o meu retorno, Cavaleiros Ren ainda existiam em algum canto daquela galáxia e obviamente eles teriam que me acompanhar, aquilo ía além de sua vontade própria.
Rey era a peça que faltava, ela tinha um lugar naquilo tudo, um lugar que era seu por direito e que se quisesse a ajudaria até o último minuto. Não deveria exigir tanto dela, não obteria resposta, sabia disso agora. Agora não tinha certeza se tinha feito o certo em deixar as coordenadas em seu travesseiro, naquele momento a paixão que sentia por ela estava severamente intensa e não me fez raciocinar direito. Não queria revidar caso ela chegasse mas sentia que seria necessário. Admitir que estava com medo era humilhante, mas o sangue dela falava mais alto em algumas circunstâncias.

My Monster - Kylo Ren e Rey (Reylo)Onde histórias criam vida. Descubra agora