Seu sorriso

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Quando chegaram na primeira cidade, Rey estava animada, sair daquela nave e explorar um novo planeta era excitante. As frase que temia foi dita por Finn, mais uma vez teria que ficar dentro da Millenium o vigiando. Até mesmo Rose tentou convencê-lo de que seria de grande ajuda, o que não adiantou. Na porta de aço ela ficou observando os homens de Poe e os de Finn subirem em suas motos, e dirigindo grandes caminhões, o planeta era tão pequeno que somente havia duas cidades grandes, onde se encontraria toda a população que depois da guerra haviam sido aniquilada pela Primeira Ordem mesmo sendo seus aliados. Na realidade a Primeira Ordem nunca teve aliado, somente escravos, nações e planetas amedrontados pelo seu grande arsenal.

Os sóis estavam se pondo, mas em duas horas eles estariam no alto novamente, a rotação daquele pequeno planeta era bem rápida. Fechou a enorme porta, suspirando antes de virar as costas e seguir para a cabine do capitão, BB8 estava ao seu lado, contando informações sobre Poe, mesmo sendo seu Droide pensou que naquele momento Finn o precisava ainda mais.

_Hum?_ Rey virou seu rosto, por um momento imaginou ter ouvindo um soluço, ou um suspiro angustiado, se levantou e caminhou cautelosamente até Kylo, onde o avistava deitado na pequena cama, ou não tão pequena. Estava de costas, virado para a parede, mesmo com as luzes todas acessas não podia ver seu rosto no reflexo da parede metalica. Seu coração apertou, ele estava dormindo, sonhando, pressionou o botão para que pudesse entrar, sentiu de imediato sua angústia, sua triste e nos breves milésimos de segundos que se conectou identificou que se tratava dos pais de Ben.

Ela não conhecia aquele sentimento de arrependimento, seus pais se foram tão jovens, ela se manteve só por tanto tempo buscando a família que Ben havia rejeitado, queria entendê-lo mas ele era muito difícil e intenso. Se aproximou, ficando em pé atrás dele, sua mão quase o tocou como a última vez mas hesitou, não queria provocar aquela reação mais uma vez ou faze-lo lembrar. Kylo tinha aquela expressão de dor, franzindo as sobrancelhas e se encolhendo ainda mais.

Rey retirou os sapatos, sentou na cama, olhando por uma última vez na direção da porta, estavam sozinhos, ela sabia e sentia. Cuidadosamente deitou atrás dele, a cama relativamente pequena a deixou colada ao corpo dele, ela pegou um pequeno impulso para ir mais para cima, não queria ficar encarando as costas largas do mesmo, queria ver seu rosto. Os cabelos de Kylo estavam bagunçado, e ela os arrumou como daquela vez. Apenas fazia, não se importava se ele acordaria ou iria se incomodar. Gostava de seu rosto, de seus traços fortes, do seu nariz um pouco exagerados e seus lábios grossos, e seu cabelo,  talvez ele fossem a melhor parte, deslizando seus dedos finos sobre ele percebia a maciez e como eram negros.

_O que está fazendo?_ Aquela voz grave a fez voltar, encarando em seus olhos castanhos esverdeados , ele a observava de canto, ainda imóvel e desconfiado. Era sua vez de suspirar em frustração.

_Achei que estivesse chorando, eu vim ver como estava._ Sim, estava debochando dele, ele merecia. Por outro lado, ele revirou os olhos e voltou a mirar aquela parede.

_Eu não estava chorando, não lembro da última vez que fiz. E você? Fica entrando na cela dos seus prisioneiros?_ A voz dele mesmo séria a deixava feliz, ele não a intimidava nem um pouco e nem se quisesse.

_Eu te vi chorar aquele dia, em Exegol. E não, você é o primeiro._ Ben virou o rosto bruscamente para ela, mas somente o rosto, não mexia muito seu corpo era como se quisesse que ela ficasse ali, deitada atrás dele.

_Eu não estava chorando, isso é mentira._ Mais uma vez seus olhos se cruzavam e tão próximos, mais calmos que o dia anterior. _Eu não gosto de sonhar com eles, queria que entendesse._ O coração de Rey parecia em pedaços, o vilão a sua frente estava tão vulnerável, sem poderes, sem pais, sem amigos, sem casa e sendo levado para seu exílio. Sua alma gentil, se sentia desafiada a faze-lo se sentir melhor.

_Eu entenderia se me explicasse, não quero invadir sua mente mais uma vez._ Naquele momento, Kylo abriu ainda mais seus olhos. Agora fazia sentido, então aquele sonho, o questionável e provocativo sonho do dia em que estava em coma havia sido produzidos por ela? Somente por ela? Não. Mas sabia que tinha tido um papel principal. Rey se acomodava, se apoiando nos braços para vê-lo melhor.

_Você que deveria me explicar…_ Kylo tinha a intenção de questioná-la, era ele quem fazia as perguntas.

Sentiu a mão dela em seu rosto, virando seu rosto para ela, foi rápido mas ele atendeu ansioso. Os lábios de Rey contra os seus mais uma vez, a maciez dos lábios de uma mulher, qualquer delicadeza que recebesse o conseguia desmontar por completo. Por que ela fazia aquilo?

Suas mãos estavam algemadas, não conseguia virar seu corpo para ela, caso contrário a derrubaria da cama. Abriu os olhos quando ela se afastou, num olhar mais confuso e perdido que o dele, ela ajeitava os próprios cabelos que caiam graciosamente sobre o rosto dele. Sentia seu coração tão rápido quanto num treinamento intenso.

Ela o beijou mais uma vez, mas Kylo não permitiria que fizesse somente isso com ele, ele queria mais. Claro que quando sentiu seus lábios, apreciou sua maciez mais uma vez, mas não por muito tempo, ansioso, ergueu um pouco seu tronco, agora era ele quem a beijava.

Não somente com o selar que ela havia lhe dado, os lábios grossos do cavaleiro a brincava com selares mais afoitos e moldando bem seus lábios aos dela. Mas ainda muito pouco para alguém como ele, Kylo estava tão tenso pensando naquele maldito sonho, pensando naquele beijo inventado, queria estar livre para fazer o que bem entendesse. Num dos suspiros de Rey, avançou ainda mais, invadindo a boca dela com sua língua, tímida ela o recebeu, conduzindo o beijo com a maestria que tinha em tudo que fazia, sua timidez não o rejeitava e isso o deixava mais excitado. 

_Para!_ A mão de Rey o empurrou com tanta força contra a cama, que ele não conseguiu disfarçar sua insatisfação no olhar.

_Foi você quem começou as duas vezes. Por que está fazendo isso comigo?_ Estava irritado, seu coração ainda acelerado não o ajudava a pensar direito. Rey virou o rosto, puxando os cabelos para trás, estava tão perplexa quanto ele, era impulsiva e não tinha uma resposta para aquela pergunta, para qualquer uma que viesse dele.

Ela deslizou o corpo sobre o colchão, se deitando atrás dele e quando Kylo tentou se virar para encara-la ela o empurrou e o abraçou por atrás, apoiando a bochecha em suas costas e com a mão apoiava no peito dele. Ela sorriu, sentir o coração dele bater tão rápido, a sua impaciência, aquilo a deixou feliz, era um sentimento raro para aquelas últimas semanas.

_Isso é algum tipo de teste?_  Ben perguntou contido, temendo por ter exagerado em suas reações anteriores, seu suspiro profundo fez Rey sorrir mais uma vez, ele não percebia isso.

_Não seja tolo. Eu não gosto de vê-lo sozinho, mesmo que você seja péssimo para fazer amigo._  O riso contido que ouviu de Ben a fez sorrir ainda mais. Somente tinha o visto sorrir uma única vez, e queria ter visto agora mas ouvi-lo bastou.

O que ela não sabia, era que Rose estava na Nave, chegando a poucos minutos, na sala de segurança recém construída, quase tudo naquela nave não era mais original. E ela via, pela câmera da cela Rey o abraçando, não compreendia tal comportamento, a razão que ela estaria fazendo aquilo, a hipótese até surgia em sua mente mas era melhor nega-la compulsivamente.

My Monster - Kylo Ren e Rey (Reylo)Onde histórias criam vida. Descubra agora