My Monster - Kylo Ren e Rey (Reylo)

Primeiro contato

Um mês havia se passado, e todos os dias ia até a enfermaria para vê-lo, agora sentia a força dele voltando, ainda tão frio como sempre foi, e o silêncio já não era tão ensurdecedor. Rey não tinha conseguido mais encontrar suas presilhas de cabelo desde a primeira noite que voltaram a aquele planeta, eram presentes de sua mãe, uma das poucas coisas que tinha deles, e isso a fez se sentir ainda mais solitário, odiava aquele sentimento. A solidão as vezes se tornava numa raiva momentânea, o que não acontecia antes e por isso não prendeu mais seus cabelos nada parecia adequado e claro que causou estranheza para os outros nos primeiros dias.

Poe se tornou um dos senadores da Nova República Galática recém instaurada, claro que era um dos favoritos e Finn, seu melhor novo amigo, estava a cargo do planeta. E como comemoração houve uma festa, uma tremenda festa.

Rey nunca tinha bebido antes, e sentir o álcool em seu sangue foi engraçado nos primeiros minutos, até mesmo uma festa como aquela era novidade. Era novas emoções e aqueles último dois anos tinham se passado tão rápido que havia se esquecido que tinha vinte e um anos, as vezes sentia que tinha muito mais e em outros percebia que não tinha vivido metade como uma pessoa normal.

….

Estava sentada em uma cadeira esperando que Rose retornasse com um copo de água já que precisava antes que se sentisse mal, não tinha tolerância alguma ainda assim tinha gostado.

Escutava o som das pessoas, a música, as conversas, as gargalhadas, tinha um sorriso gentil nos lábios quando seu coração se torceu, como se alguém tivesse o agarrado com as próprias mãos.

Kylo. Algo nele estava tão estranho, respirou fundo fechando os olhos e tentando se concentrar a ele, e por breves segundos ela o viu, quase que desaparecendo, tão perto e tão longe, não via seus olhos, apenas seu corpo numa mesa de mármore negra, aquele cenário ela começava a reconhecer, era como a Base da Primeira Ordem, onde viu Snoke aquela vez, um grito de dor invadiu sua mente, Ben sofria.

Não teve outra reação a não ser se levantar, e correr para seu encontro, se esbarrando a alguns para poder chegar ao elevador, não tinha percebido que alguém havia notado seu desespero, BB-8.

Apertou o botão para o -12 piso, era onde Kylo estava escondido, era uma enfermaria militar antiga, e que apenas droides médicos estavam ali. Quando se aproximou, ele estava na mesma posição de sempre mas seu corpo suado, suava frio. Com cuidado tirou os fios de cabelos negros dele da testa, que estava molhada, pegando a toalha que estava ao lado, secando seu rosto, e olhou para o monitor, tudo estava normal.

Seus pulsos estavam acorrentados a cama. Ele a preocupava e não sabia se deveria mas queria tirar-lo daquela angústia, abriu um pouco mais da camisa que ele usava, percebeu que tinham trocado a roupa dele e se perguntava quem tinha tido tal coragem. Seria tola se mentisse que não ficava envergonhada com a situação, como naquela primeira e última vez, o corpo dele era tão bruto e grande, e seu peitoral parecia uma grande rocha, a pele continha a cicatriz que ela mesma havia feito a pouco mais de um ano, torceu os lábios quando notou o estrago que tinha feito em uma pele tão bonita.

Apertou os olhos afastando de sua mente qualquer distração, já que o desespero dele internamente aumentava. Pousou sua pequena mão em seu peito, sentindo seu coração pulsar de uma forma tão intensa que não coincidia com a máquina em exibição ao lado, tudo era tão estranho e suspeito.

Limpou a garganta e fechou os olhos. Ao se concentrar e finalmente conseguir o primeiro contato com sua consciência, com seu ego, ela viu a mesma cena de antes, a sala de tortura, as mesas negras, outras prateadas, Snoke, Palpatine e suas centenas de Siths, o ambiente era frio e muito barulhento, as vozes em coro e os gritos, os gritos de Kylo cada vez mais alto.

Naquele mesmo templo dos Siths, oscilando de cenário, o qual estava tendo sonhos terríveis nos últimos dias, procurava Kylo como uma louca, e quanto mais procurava mais as vozes aumentavam. O encontrou se contorcendo no chão, fechando seus ouvidos com as próprias mãos, era como se as vozes dos Siths torturasse sua mente e seu corpo, mas Rey não conseguia se aproximar.

Ver ele agonizar, seu olhos se revirarem, suas roupas sujas, a fez sentir náuseas. Respirou o mais fundo que podia, a escuridão era tanta dentro dele que sua visão começava a ficar turva mas resistiu, como sempre. A força deveria ser usava de uma maneira nova, ao menos para ela, manipular a mente de Kylo não era fácil, e tira-lo do próprio pesadelo ainda mais. A força que exigia para aquilo a fez agarrar com mais intensidade seu corpo, sem perceber suas finas unhas quase penetraram a pele.

O som diminuía, as vozes, os gritos, as ordens, e até mesmo o frio estava esvaindo, isso ficou evidente quando abriu seus olhos, e Kylo não estava mais no chão se contorcendo, e sim em pé ainda distante, a encarando. Não esboçava nenhuma emoção, seus passos até ela se iniciaram e eram largos, ele andava e andava, parecendo estar no mesmo lugar e Rey tentou fugir, como fez na maioria das vezes mas não se movia como ele. Olhou seus pés por um único minuto, o chão batido com resquícios de grama verde a rebateu como uma lembrança do seu treinamento Jedi com Luke.

Ao levantar os olhos Kylo estava tão próximo que a fez andar para trás, mas aquelas paredes de tijolos de pedra a impediu. Levantando o olhar quando sentiu ele tão perto, suas pernas pareciam querer desabar, Ben estava tão perto que ouvia sua respiração agitava bater em seu rosto, ele estava afoito, enérgico. A luz da lareira, daquela mesma noite que encostaram suas mãos pela primeira vez era barrada pela sua grande estatura.

Rey não sentia medo dele, estava assustada, sua aproximação que mesmo que não fosse algo real sentia como se fosse, até mesmo o calor daquela lareira parecia tão real.

_O que quer?_

Perguntou quando tomou coragem, sentindo o corpo dele aproximar, sentindo aquele tecido grosso de seu uniforme a pressionar. Ela não conseguiu ver seus olhos, não nitidamente, somente o que via era uma pequena luz saindo deles, seus olhos tão agitados quanto sua alma perdida.

_Eu quero sair desse inferno._  A voz como sempre tão profunda.