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CAPÍTULO CATORZE

Wangji

O cheiro de cigarro pesava no ar enquanto eu estava no cais. Mesmo o cheiro salgado do oceano não poderia afastá-lo. Minhas pálpebras se fecharam. Eu precisava de um segundo para me recompor. Eu estava fazendo muito isso ultimamente, tentando agarrar o controle do qual me orgulhava. Mas no momento em que relaxei, os olhos mais azuis apareceram diante de mim emoldurados por grossos cílios negros em um rosto bem barbeado. Uma mandíbula afiada que era perfeita para mordiscar e lábios rosados suaves que se inclinavam em um sorriso ousado.

— Abra a caixa —, disse Huan.

Meus olhos se abriram com a voz de Huan, e eu forcei tudo para baixo. Se meu irmão percebesse como eu estava fora de mim, a história se repetiria. Eu não poderia passar por isso de novo.

Três de nossos homens enfiaram pés de cabra sob a grossa tampa de madeira e a abriram. A tampa caiu no chão ao lado da caixa quando o conteúdo foi revelado. Ou falta de.
— Foda-se, — Mingjue  gemeu. Nossos olhos se encontraram por um segundo antes de olharmos para Huan. Ele ficou de pé sobre o caixote vazio que deveria conter o carregamento de armas. Aqueles que já tínhamos vendido..

— Abra todas as malditas caixas —, disse Huan com os dentes cerrados.

Mingjue  e eu pegamos um pé de cabra e fomos para as outras caixas. Todos os homens estavam lá fora abrindo as caixas. Um por um, eles foram aparecendo vazios. Só havia palha.
Mingjue  veio em minha direção.

— O que diabos você acha que aconteceu?
Eu balancei minha cabeça. Talvez se minha mente não estivesse dispersa e meus pensamentos voltando constantemente para um certo policial, eu teria uma resposta.
O som de uma arma sendo disparada ecoou ao nosso redor. Não precisamos nos apressar para saber o que aconteceu. Endireitei minhas costas e caminhei até meu irmão enquanto um dos homens estava deitado no chão, balançando para frente e para trás enquanto segurava o joelho sangrando.
— Você estava encarregado da remessa. Não consigo entender como duzentos rifles de assalto e revólveres sem identificação desaparecem.

Huan estava de pé sobre ele, a arma firme apontada para o rosto de Benjamin.

— Eu não sei, — Benjamin espremeu para fora.

Ele estava conosco há algum tempo, quase dois anos, e devia saber que a palavra que Huan menos gostava era “não sei”. Como para lembrá-lo desse fato,
Huan disparou a próxima bala em sua outra perna.

Benjamin soltou um grito indigno que ultrapassou em muito o estrondo da arma. Ele amaldiçoou enquanto agarrava ambas as pernas sangrando. Sangue espirrou por todo o chão e algumas caixas próximas. A visão era normal, e todos ficaram olhando enquanto ele tentava diminuir o sangramento.
Quanto mais irritado meu irmão ficava, mais forte ficava seu sotaque .
— Você espera que eu acredite nessa merda? Onde estão minhas armas? Huan perguntou.
Ele olhou para os outros parados ao redor, e cada um deles evitou seu olhar. Não é bom. Minhas mãos tremeram. Eu estaria me divertindo mais tarde esta noite. Eu podia imaginar agora, o sangue e os gritos da verdade finalmente vindo à tona. Geralmente me enchia de uma excitação fria que durava horas, mas parecia nada mais do que um arrepio na base da minha espinha.

— Então ninguém aqui sabe? — Huan perguntou.
Ninguém falou e Mingjue  rolou os ombros para trás, parecendo tão zangado. Demorou um pouco para proteger as armas e ainda mais trabalho para garantir que fossem entregues ininterruptamente.

— Chefe, estou dizendo ao...— Huan puxou o gatilho, inevitavelmente silenciando Benjamin para o resto da vida.
Seu corpo caiu para trás contra o chão. Suas pernas caíram em ângulos estranhos enquanto o sangramento diminuía por conta própria. Ninguém ousou se mexer.
— Alguém quer subir e conversar, ou esta vai ser a nossa noite? — Huan perguntou calmamente. Seu olhar varreu nossos homens.

O perigo se chama Wangji Onde histórias criam vida. Descubra agora