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CAPÍTULO DEZENOVE

Wuxian

Cheng acenou com a mão. Eu corri até ele, puxando a longa jaqueta cinza de Wangji em torno de mim com mais força. Ele insistiu que eu o levasse em vez do velho moletom que eu normalmente usava quando estava de folga. O homem era um pé no saco, mas eu não podia negar que sua jaqueta era mais quente e cheirava como ele. Talvez essa fosse a verdadeira razão pela qual ele queria que eu o usasse, para que eu ficasse cercado por seu cheiro, incapaz de pensar em qualquer coisa além dele, seu pênis e a maneira como ele me fez gritar seu nome esta manhã.

— Onde diabos você estava? — Cheng perguntou.

— Eu precisava de um tempo de folga. O sargento queria que eu fizesse uma pausa depois do tiroteio com Carl, então aceitei.
Ele franziu a testa.

— Ela sabe sobre você indo atrás dos Lans.

Eu endureci.
— O que?

— Por que você acha que estou ligando para você? —Ele resmungou. — O chefe montou uma força-tarefa para lidar com a escalada de violência em torno dos Lans. Assim que ela descobriu que foi você quem acessou os arquivos dela e começou a persegui-los, ela decidiu que você seria a melhor escolha para a equipe em vez de demitir você. Provavelmente porque o chefe ficou impressionado.
Sem palavras, eu o segui até a cafeteria.
— Por que ela não ligou para gritar comigo?
— Eu disse a ela que cuidaria disso —, disse ele. — Dois cafés. Um preto, outro com açúcar e creme de baunilha. Ele olhou para mim.
— Você está com fome?

Eu balancei minha cabeça, ainda pensando na bomba que ele tinha acabado de jogar em mim. Meu sargento sabia exatamente o que eu estava fazendo e agora faria parte de uma força-tarefa. O sonho que eu estava perseguindo estava ao meu alcance. Então, por que meu estômago revirou com tanta força?
— Wei?
Eu pisquei para Cheng.
— Não, eu já comi.

Cheng levantou uma sobrancelha.
— Você? Normalmente, tenho que fazer você comer antes de desmaiar.

Ele pegou nossos cafés, pagou e passou uma das xícaras para mim. Encontramos um lugar no canto, longe de todos os outros.
— Eu sei que isso é muito para processar, mas como eu disse, estou tentando entrar em contato com você há dias e você nunca atende. Onde você esteve?
Eu bebi do meu café para evitar falar. Dormindo na cama de um mafioso. Não havia como eu dizer isso em voz alta.

— Eu disse que precisava de uma folga. E andei investigando os Lans.
— O que você descobriu?

Dei de ombros.
— Nem uma tonelada. O que eu encontrei não importa. Não há evidências para apoiar nada.

— Diga-me de qualquer maneira.
Meus dedos agarraram a xícara de café com força. Líquido quente espirrou em meus dedos e picou minha carne. Amaldiçoando, eu coloquei o copo para baixo. Peguei os guardanapos junto com Cheng e comecei a absorver a bagunça quente.
— Como eu disse, não é nada. Não posso compartilhar agora, de qualquer maneira. Minha fonte é...
— Roubada? Essa é uma boa palavra?

— Tudo bem —, disse Cheng com um suspiro. — Você precisa me dar algo, Wuxian . Eu sou seu parceiro. Merda, eu sou seu amigo, cara.

Ele era, e eu não o estava tratando assim. Cheng cuidou de mim. No entanto, o pensamento de contar a ele sobre Wangji e SuShe fez meu peito apertar.
Wangji me mataria.
— Quando eu tiver algo para te dizer, eu vou, — eu disse. — Eu estava indo verificar uma unidade de armazenamento hoje que pode ter algumas respostas.

— Eu estou indo com você.
— Não, — eu disse rapidamente.
— Wuxian  —, ele rosnou. — Eu vou com você, e ponto final. Sargento me quer atrás de você, e pretendo estar certo até que ela diga o contrário. Você não é o único que tem a carreira em risco.
Ele apontou para mim.
— Você fodeu, cara. E agora recai sobre nós dois.

O perigo se chama Wangji Onde histórias criam vida. Descubra agora