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VINTE E UM

Wuxian

Pulsando. Era tudo que eu podia sentir no começo. E então um peso em meu peito, a sensação dos lençóis macios de Wangji e um cobertor em cima de mim. Forcei meus olhos a se abrirem.
— Miau!

Penelope gritou na minha cara. Eu gemi, rolando até que ela pulou de cima de mim. Sem o peso em meu peito, pude respirar com mais facilidade. Estou de volta ao quarto de Wangji. Minha mente estava confusa até que me lembrei do que Wangji tinha feito.
O latejar em meu corpo se intensificou enquanto eu imaginava cada momento anterior. Eu nem sabia quanto tempo tinha passado, mas eu ainda podia sentir o gosto de sangue nos beijos de Wangji e sentir seu pau me reivindicando de novo e de novo.
Saí da cama, parando assim que o chão rangeu. Quando Wangji não entrou correndo, continuei andando. Procurei na gaveta e encontrei minhas roupas.
— Temos que sair daqui, Pen, — eu murmurei. — De verdade desta vez. Eu não vou ficar.

Meu trabalho estava esperando; minha carreira e meu futuro estavam em jogo. Se eu ficasse com o Wangji, estaria jogando tudo isso no lixo. Caminhei até a porta do quarto, meu coração disparado quando a abri.

— Que porra você está pensando?
— Eu sei o que estou fazendo —, respondeu Wangji.
— Você? Não te lembrei do que acontece quando você acha que tem a merda sob controle? — O homem estalou, deslizando para um sotaque rápido que eu não conseguia entender. — Onde ele está?
— Deixe-o em paz,— a voz de Wangji se aprofundou, quase um rosnado.—Se você tocá-lo...
— Você vai o quê?
— Vocês dois vão se acalmar?

Era uma voz que eu reconhecia.Mingjue.

— Desde quando eu tenho que ser a porra da voz da razão?
Merda, aquela outra voz é Lan Huan?

Um suor frio desceu pelas minhas costas. De todos na família, ele era o mais perigoso. Seu arquivo era mais grosso do que o de qualquer outra pessoa, e as coisas que ele tinha feito... Eu estremeci. Não posso pensar nisso. Tenho que sair daqui.
Levou tudo em mim para acalmar minha respiração. Meus pés desceram as escadas frias, um por um. Os sapatos que eu estava prestes a calçar estavam na porta da frente. Eu poderia mesmo alcançar isso? Eu mantive Penelope agarrada ao meu lado. Ela geralmente ficava quieta quando estava em cima de mim, e eu rezava para que ele continuasse assim. Mergulhei no quarto de hóspedes, pegando minha carteira da calça que eu estava usando. Sem chaves.

— Você vai se livrar dele, — Huan rosnou.
— Não.
Silêncio.
— Wangji, não estou pedindo.
— E eu não vou fazer isso, — Wangji disse calmamente.
— Ele é meu.

Mais silêncio se seguiu, tão alto que eu podia ouvir meu coração batendo em meus ouvidos.
— Eu mesmo farei isso, — Huan retrucou.

Meu peito apertou quando dei um passo para trás. O som de Lan Huan se aproximando fez todos os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Imagens de cenas de crime e o que ele fez passaram pela minha cabeça uma após a outra. Membros decepados, órbitas vazias, corpos azuis frios. Imaginei todos eles sendo eu, e o medo desceu pela minha espinha.

Vamos Wei. Se você vai cair, faça isso balançando.

Eu me preparei, esperando para ficar cara a cara com Huan. Em vez disso, ouvi um grunhido, um baque e o som de luta.

— Porra. Vocês dois vão acabar com isso? —perguntou Mingjue.

— Droga!

Coloquei Penelope em sua caixa. Quando olhei na direção da cozinha, pude ouvi-los brigando, mas não pude vê-los. Isso significava que eles também não podiam me ver. Virando-me, examinei a área ao meu redor. A bolsa que eu precisava, aquela com minhas coisas mais importantes, ainda estava no final da escada. Eu  peguei, fazendo malabarismos com tudo enquanto fugia do apartamento de Wangji.
Parei do lado de fora da porta aberta. Eu ainda podia ouvir o som de carne colidindo com carne. Wangji vai ficar bem? Ele era um idiota, mas eu não queria que ele se machucasse.

O perigo se chama Wangji Onde histórias criam vida. Descubra agora