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CAPÍTULO VINTE E OITO

Wuxian

— Vamos lá pessoal! — A voz da sargento Jiang quebrou no rádio.
— Precisamos nos posicionar e rápido antes que os Lans percebam o que estamos fazendo.
Meu peito apertou tanto que brevemente me perguntei se deveria parar e ir direto para o hospital. Puxei meu colete à prova de balas para longe do meu corpo e gemi. Coisa estúpida parece que está me sufocando.
— Pare de se mexer, — Cheng  murmurou.
— Não posso. — Eu me contorci no meu assento.

Estava quase na hora de deixar o carro, e então a ação começaria. Este foi o exato momento que eu amei nas montanhas-russas, aquele segundo em que a plataforma mudou e não havia como voltar atrás. A verdade é que a centenas de metros de altura, meu pau ficou tão duro que poderia estourar. Mas agora? Eu estremeci. Suor frio escorria pelas minhas costas, e eu tinha certeza de que minhas bolas tinham pulado dentro do meu corpo.
— Você está bem ou não? — Cheng  estalou.
Suas sobrancelhas se juntaram e sua boca se curvou em uma carranca profunda, beirando uma carranca.
— Deixe-me preparar do meu jeito, e você se prepara do seu jeito, ok?— Eu agarrei. — O que importa para você se eu não consigo ficar parado?

Os olhos de Cheng  se estreitaram.
— Algum problema?

Minha vida é o problema. Eu queria dizer a ele para deixar isso de lado, mas eu cansei de falar. A qualquer momento, estaríamos invadindo um dos maiores armazéns de Lans. Era o tipo de traição da qual não havia volta. Quando Wangji  descobrisse, não estaríamos trepando em becos escuros. Eu estaria morto.
As sombras andavam de um lado para o outro no armazém. Havia guardas por toda parte. Sem dúvida havia mais dentro. Cada segundo que passava fazia os pelos dos meus braços se arrepiarem. Ajustei meu colete novamente, mapeando cada cenário que poderia acontecer.
Eu me mexi no meu assento, e peguei Cheng  olhando para mim. Porra, algo o mordeu na bunda. Para ser justo, toda a delegacia ficou em pé de guerra depois de ouvir e ver o que havia acontecido com o ex-policial Chandler. Meu estômago deu um nó só de pensar nisso. Eu me orgulhava de ter um estômago forte, mas vomitei todo o meu café da manhã depois de ver as fotos de seu corpo mutilado.

— O que você está passando, Wei? — Cheng  perguntou.

Eu pressionei as costas da minha mão sobre minha boca, forçando-me a engolir a bile.
— Nada. Acabei de me lembrar das coisas com Aaron Chandler.

Cheng  enrijeceu, e sua boca mergulhou ainda mais em uma carranca.
— Um bom homem torturado assim. Só um monstro poderia fazer isso.

Ele cerrou os dentes enquanto olhava atentamente para o armazém.
— Fodidos Lans.
Ao mencioná-los, meu coração disparou. Wangji .

— Não sabemos se foram eles.  Mesmo quando eu disse isso, uma parte de mim sabia que era falso. Pode muito bem ter sido Wangji  quem fez isso.
—Ele era um policial sujo. Dificilmente acho que ele se qualifica como um bom homem.

Cheng  zombou e deu um tapa no volante.
— Você está defendendo eles agora? Você precisa ficar para trás?

Eu balancei minha cabeça.

— Wei, você precisa estar do lado bom. Não posso ter um parceiro que não me proteja.
Ele tem razão. O que diabos eu estou pensando? Eu balancei a cabeça.

— Eu te protejo, Cheng.

Nós nos encaramos por mais um minuto antes que o mesmo velho sorriso aparecesse no rosto de Cheng. Foi chocante a rapidez com que suas expressões faciais mudaram.

— Bom, somos você e eu. — Ele tocou meu braço, mas parecia estranho, aquela mesma sensação gelada permeando minhas veias.
Eu balancei a cabeça, dando a única reação que pude antes de me virar e observar o armazém. O zumbido veio do lado dele, mas eu sabia que não era o chefe chamando ou Sarge. Eles usariam os rádios para isso. Eu me forcei a relaxar.

O perigo se chama Wangji Onde histórias criam vida. Descubra agora