Wind Polars

Capítulo 30

                 Narrador Onisciente

Cyno resolvia mais um longo e demorado processo envolvendo a sua família, mais especificamente, se não bastasse os problemas com Nilou, agora ele tinha dois de seus advogados e cinco lordes brigando enquanto um lindo menininho de três anos o encarava com brilhantes olhos chorosos. O que acontecia era que a criança fora deixada pela manhã por um velho mordomo de uma família escocesa afirmando que o pequeno era filho de ninguém mais ninguém menos que Alhaitham — Antes ele sequer queria um casamento e filhos, agora ele tem um bastardo — Cyno murmurou para que apenas Tighnari escutasse.

Claro que o feneco parecia a ponto de ter um colapso, ele sabia que os alfas tinham mais liberdade e sempre se relacionavam com pessoas fora de um casamento, mas o que se passava por sua cabecinha inocente era se seu marido também não tinha bastardos pelo mundo, afinal ele fizera uma grande e longa viagem pela Europa e muito antes de se conhecerem havia conhecido as Américas por dois anos inteiros — Você... Você... Não vai me aparecer com um desses não é?

— O que!? — Cyno o olhou indignado e suspirou, ele certamente ia brigar mas ao ver o olhar de sofrimento naqueles olhos tão bonitos só conseguiu acariciar seu rosto e sorrir — É claro que não. Não pense demais nisso.

Tighnari assentiu olhando para Alhaitham, seu cunhado estava com uma expressão indescritível com os cotovelos apoiados em seus joelhos, as duas mãos estavam unidas cobrindo seus lábios e sua coluna estava levemente curvada, as sobrancelhas unidas indicavam que ele estava pensativo e irritado — Eu me relacionei com um ômega alguns anos atrás quando fui concluir um trabalho de pesquisa — Todos voltaram sua atenção para ele e ficaram completo silêncio — Eu não sabia que ele era um nobre, cheguei até mesmo a "pagar" pensando que se tratava de um prostituto, agora eu pergunto, quem de vocês não dormiu com prostitutos antes? — Todos permaneceram em silêncio enquanto ele se apoiava melhor na cadeira — Foi o que imaginei. Em fim, quando soube que ele era um nobre, foi a dois anos, pouco antes de nosso pai fechar um acordo com o irmão de Newt, tentei contato durante longos meses, eu iria assumi-lo e até pouco tempo ainda tentei ter notícias deles.

— O mordomo afirmou que só encontraram o senhor por conta de sua carta — Sullivan, um dos advogados de Cyno falou entregando a dita carta — Ao que parece o ômega morreu ao dar a luz e a criança ficou com os avós, o avô morreu a um ano e a avó a algumas semanas.

— O que faremos? — Cyno perguntou para o seu advogado — Precisamos acertar uma história e evitar um escândalo.

— Isso vai ser difícil — Tighnari suspirou apertando a mão de seu amado e olhando para Kaveh que parecia uma estátua olhando para o jardim de pé  e apoiado na moldura da janela — Meu amor, acho que o melhor será a verdade, não terá história melhor.

Cyno assentiu também apertando a mão do feneco — Tem razão. Mas o que faremos com a criança?

— Ele vai comigo, de volta para Londres, vou partir em uma semana — Alhaitham ficou de pé mas não pegou o pequeno, apenas lhe mandou um olhar severo o que o fez encolher — Não se preocupe, irmãozinho, não vou sujar o santo nome da nossa família e da sua.

Kaveh saiu de uma vez da sala, pouco antes de Alhaitham, o alfa até tentou alcança-lo mas o ômega era rápido demais e já se enfiava na ala infantil do palácio a procura do quarto de Nuria, o maior suspirou apenas o observando entrar no quarto de sua filha — Talvez ele precise de espaço — Alhaitham murmurou dando meia volta e se deparando com Tighnari logo atrás de si com os olhos arregalados e os lábios curvados.

— O Cyno. Não tem. Um filho bastardo. — Ele falou pausado e explicadamente apenas observando seu cunhado dar meia volta e subir as escadas principais em busca de seu laboratório.