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Quando foram liberados, a aquariana estava de cara fechada enquanto desciam as escadarias da entrada. Ao atravessarem o grande portão, a leonina deparou-se com grandes prédios, algumas casas, propagandas e pessoas zanzando. Estavam vestindo roupas brancas, em sua maioria, assim como os carros e os prédios.

- É bem... Branco. E bonito, quero dizer, uau.

- Aqui é a área nobre da cidade. Só ficam os ricos.

- Por que estão nos olhando?

- Roupas inteiras pretas. Apenas militares em treinamento e os... ustras usam.

Ustras? Dess já tinha ouvido esse nome, mas não se lembrava bem onde.

- O que são ustras?

- Torça para nunca saber... - Débora parecia distante, como se estivesse procurando algo.

- Imagino que a pessoa que esteja procurando não esteja perto. Não pode mandar uma mensagem ou algo assim?

- Muito arriscado, teremos que ir até lá - virou-se para uma loja de roupas - Mas temos que nos misturar.

- Pensei que seria apenas uma pizza - murmurou.

Elas andaram por quase quinze minutos, pararam em frente a uma construção chique, com diversos manequins expostos nas paredes de vidro. Dess jamais entrara em uma loja de roupas; era realmente algo incrível: vários modelos de vários tamanhos. Débora procurava calças do tamanho delas, mas a leonina tinha os olhos em uma blusa. No entanto, era uma regata branca sob uma jaqueta de couro marrom. Dess pegou o conjunto enquanto Débora entregava uma calça jeans em um tom azul muito claro.

A mais alta não conseguia parar de encarar seu reflexo no espelho da loja enquanto sua parceira pagava as compras. A ruiva estava com o cabelo preso em um rabo de cavalo, mostrando as laterais raspadas e um furo na orelha. Ela apontou para dois óculos de sol:

- Vamos levar dois desses.

Saiu da loja com os olhos menos coloridos. Os óculos ajudavam a amenizar o brilho dourado de Leão.

- Vem cá, não tem como juntar o dinheiro e comprar um carro ou uma moto? - a leonina ajeitou a jaqueta, ficava bem nela - Ou vamos passar o dia inteiro andando?

- Você não tem a menor ideia de como funciona dinheiro, né?

- Nunca precisamos disso. Acho que pagávamos com trabalho.

- O dinheiro não dá, mas podemos pegar o metrô.

Para sorte de Débs, a outra sabia o que era um metrô. A entrada no subsolo ficava a poucos minutos. No caminho, a leonina observou alguns detalhes, como pequenos pedaços de lixo no chão, lixeiras transbordando, tocos de árvores cortadas. Enquanto os serpentarianos passavam olhando seus celulares, comidas embaladas e conversando, ignoravam um homem com trapos, sentado próximo à saída de ar. Estava sujo, com uma grande barba. Suas mãos eram ossudas e machucadas, elas balançavam pedindo moedas. Havia um cãozinho muito fofo mastigando algo parecido com um osso. Dess não pôde deixar de notar que tanto o homem, suas roupas e o cachorro não eram de cores claras, um borrão escuro na cidade de luz.

- Débora - indicou o homem - Por que ele está nessa situação?

A aquariana olhou pelos ombros:

- Essa é a parte feia desse sistema... Nem todos têm uma cama ou comida.

Dess não conseguia entender por que ninguém dava umas moedas, mas a aquariana sabia que não era tão simples.

- Não se preocupe - disse baixinho - Estamos lutando por um mundo melhor. Para todos.

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