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Enid está muito consciente do que está acontecendo ao seu redor. Ela nota o elevador emitindo uma pequena luz arroxeada e sente a brisa fria que sai de dentro dele. Ao seu lado, Valentina também está imóvel.

- Vamos, vamos! - grita uma das médicas.

- Seringa, agora! - grita outro médico.

Uma enfermeira jovem corre para todos os lados, buscando os objetos que são gritados esporadicamente. Quando o médico se afasta, ela consegue ver a cena novamente. Inicialmente, pensou que fosse um menino, mas é uma mulher. Baixinha, com tatuagens cobrindo toda a pele, seus braços estão encharcados de sangue, escorrendo por todo o chão do corredor. A poça de vômito ao lado do seu rosto suja os cabelos escuros, e ela parece estar viva, ainda que piscando, pelo menos.

- Tentativa de suicídio - relata a médica para outra enfermeira que anotava tudo - Overdose por hipermedicação... como ela conseguiu cortar os pulsos?!

O homem já havia retirado um aparelho semelhante a um termômetro e fechado os cortes. Um dos guardas próximos parecia ansioso, à beira dos gritos:

- Ela sabe lutar! Luta como um dos cairos... - disse o guarda - E- eu não sei como...

- Pensei que ela fosse uma civil, não militar! - reclamou a médica.

- Nós também não...

- V- vimos que faltou medicamentos e quando fui conferir e levá-la para fazer uma lavagem estomacal, ela simplesmente me atacou!

- Por sorte as armas daqui são acionadas por digital - disse outro guarda - A primeira coisa que ela tentou foi atirar na própria cabeça... depois pegou uma das facas do bolso do guarda Copaíba.

A médica deu um olhar acusatório ao rapaz que deveria ser o suposto Copaíba. Enid sente o corpo arrepiar quando um dos guardas que se aproximava olha para ela:

- O que elas estão fazendo aqui?! Leva elas pras celas, já!

Dois serpentarianos se aproximam, mas Tina segura o pulso de Enid, dirigindo-se aos guardas:

- Sabemos voltar sozinhas - dá um breve olhar para a mulher no chão - Já... já estamos indo.

Enid sente que está sendo arrastada pela mais nova, um guarda fica logo atrás enquanto se dirigem para as celas, sentindo o peso do olhar dos guardas sobre elas. Ela tenta processar o que acabou de testemunhar: a cena caótica no corredor, a mulher encharcada de sangue e vômito, uma tentativa de suicídio que quase foi bem-sucedida. Ela sente uma mistura de compaixão e horror diante da situação.

Enquanto são conduzidas pelos serpentarianos, Enid percebe que a tensão no ar é palpável. Os guardas estão nervosos, talvez até assustados pela violência que presenciaram. São jovens, talvez da mesma idade que ela.

Ao se aproximarem das celas, Enid sente um aperto no coração, mas entra sem hesitar, ainda é melhor do que ir para os experimentos de Viola. Ela dorme até o almoço.

...

Acorda com as mãos de Tina balançando-a.

- É hora de comer - diz a mais nova.

Seu rosto juvenil está abatido, o que aconteceu com Nora não sai de sua cabeça, por isso está aqui, conversando com a mais alta, gosta de Enid, apesar da personalidade intrusiva. Talvez se dêem bem porque ambas têm signos nativos da terra em seu sangue. Gostam de estabilidade.

- Humm - geme sentindo a cabeça doer - Já?

Tina senta na ponta da cama, dando de ombros:

- Não estou com tanta fome.

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⏰ Última atualização: Apr 19 ⏰

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