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- Senhora - ambas bateram continência. Eva permaneceu imóvel.

- Sua confusão no ônibus foi relatada. Pior, gravada.

O silêncio pendurou-se. Sabiam o que vinha em seguida.

- Débora Gaura, sua participação na Triagem foi revogada. Como o protocolo, voltará para a Sede em que trabalha. Você também perdeu o direito a ser pupila de seu Tenente...

A ruiva arfou, arregalando os olhos dourados:

- O que...?!

- Será apenas um guarda de Leão - continuou ríspida - Deveria agradecer, eu fiz o melhor que pude. Se caísse nas mãos do Conselho perderia até seu título de cabo... - suspirou encarando Dess.

A leonina não percebeu, mas estava mordendo os lábios. Sentiu gosto de sangue. Seu coração batia freneticamente. A ruiva parecia em inércia, em outro mundo. Seus longos fios acobreados dançavam na brisa noturna, fazendo-a parecer mais jovem do que era.

Eva virou-se para a loira:

- Dess, como você não se envolveu diretamente, terá metade de seus pontos perdidos. Mas ainda pode recuperar, com muito esforço.

Débora olhava para sua tutora, não estava brava, ou triste. Parecia que tinha dormido e acordado em um local estranho, perdida.

- Amanhã de manhã haverá um avião para levá-la para casa.

Sem dizer mais nada, a mais velha desceu as escadas sem olhar para trás. Por alguns minutos ficaram nos degraus, olhando as rosas no jardim. O vento gelava o rosto de Dess, deixando-a com um leve calafrio. Conseguia ver alguns jornalistas e fotógrafos no portão, acompanhando todo o ocorrido. Cerrou os olhos, privacidade não era algo familiar para os signos.

- Eu falhei - sussurrou, soava como uma pergunta para si mesma. Como se não acreditasse.

Dess olhou em volta, havia guardas a cada relance de escadas.

- Vamos entrar - bufou irritada.

Assim que Dess fechou a porta do quarto, a aquariana sentou-se na cama. Esperou que sua amiga gritasse, chutasse e quebrasse algumas coisas. Ou chorasse. Mas ela permaneceu quieta. Não sabia muito sobre a personalidade de Aquário. Era confiante, meio arrogante, era durona e às vezes fria, mas parecia estar fragilizada, como sua camada de gelo não conseguisse proteger seus sentimentos.

Todos quebram, todos têm um ponto de ruptura, até o mais forte.

Talvez seu orgulho não permitisse mostrar emoções mais delicadas na frente de alguém, como raiva, ou tristeza. Apenas Mishael estava no quarto, com uma camisa simples, pronto para dormir, ele não disse nada, é claro que já sabia. Apenas sentou-se ao lado da ruiva, que encostou a cabeça em seus ombros.

- Eu sinto muito - disse ele.

- Fui imprudente.

- É o seu charme - Dess deu um pequeno sorriso, aproximando da beliche - Ainda pode...

- Benjamin vai me matar. Eu...

- Ele vai entender.

A ruiva balança a cabeça inquieta, passando milhares de planos em sua mente.

- Você precisa passar. Precisa tornar-se Comandante. Eu fodi tudo! - apertou os punhos sobre os joelhos - Porra!

- Ei... - o mestiço tocou em seu rosto, fazendo-a mudar completamente sua expressão corporal e relaxar.

Débora Gaura cedeu totalmente aos toques de Mishael, sendo amansada por seus afagos gentis e abraços. A loira ergueu uma sobrancelha, desviando o olhar. Já desconfiava que o mestiço tinha uma queda por ruivas.

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