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Dess gostaria de dizer que foi rápido e agradável, mas não foi. Poupando a todos dos detalhes de vômitos e náuseas, a loira conseguiu, mas com muita dor de cabeça. Jamais imaginou uma análise tão invasiva. Encarou os diversos fios que outrora estavam em seu corpo, alguns sujos de sangue. Ela voltou a cuspir sangue; seu reflexo mostrava as orelhas e nariz também com finas camadas do mesmo. A veia de um dos olhos havia se partido.

A sala branca, agora alguns graus mais quente, possuía espelhos demais. Elizabeth estava sentada em uma das mesas, já Débora estava ao lado da leonina, que se debruçava sobre a cadeira.

- Isso não causa danos? - perguntou fraca.

- Sim, mas não se preocupe, você é um prisma - disse Débora - e em pessoas comuns, os danos são em 35% dos casos.

Dess limpou seu rosto com a toalha entregue pela parceira; não achava os números bons, ainda mais se os danos fossem graves ou permanentes. A Resistência era tão inflexível quanto o Zodíaco. Olhou para Elizabeth com um sorriso desdenhoso, mas só queria esconder que ter toda a sua privacidade invadida em escala cerebral a deixou receosa, para dizer o mínimo.

- Então você consegue acessar toda a minha mente. Achou algo interessante?

- Além de pilhas e pilhas de auto apreço?

- Se chama amor próprio.

A serpentariana voltou a digitar.

- Você é leal, compreensiva, corajosa até demais... eu diria que beira a falta de bom senso. Arrogante, ainda precisa aprender muito sobre a vida. Falta-lhe maturidade. Mas nada que já não saibamos.

- Ah, e a moça dos olhos verdes - Débs sorriu - Enid, certo?

A loira sentiu seu coração disparar, ela esfregou as maçãs do rosto e tentou se levantar, um pouco zonza:

- O mais importante: se você tem acesso a esse tipo de tecnologia, se consegue acessar coisas tão íntimas e profundas... o Rei de Serpentário também pode.

- Na realidade não - corrigiu-se - ainda não. Essa tecnologia é nova e... especial. Mas não acho que vai demorar para eles chegarem até isso. Já conseguem extrair muitas coisas superficiais.

Ela se levantou, olhando para a aquariana:

- Débs, leve Alexandra para tomar uma ducha e descansar.

- Eu estou bem - garantiu - Só preciso lavar o rosto.

- Tem certeza?

- Sim, só não espere que eu volte para uma visita.

Elizabeth Pampa deu um pequeno sorriso:

- Terei que viver com isso. Aqui - jogou uma chave para Débora - Podem usar, é um carro seguro.

- Hum - estudou a chave - a última vez que você disse isso foi guinchado.

Elas desceram sem mais comentários, saíram por uma entrada particular e Dess ficou impressionada com o modelo do carro: ele era branco e achatado, totalmente diferente dos modelos pesados que os leoninos usavam.

- Mande um abraço para os garotos - disse a serpentariana.

A ruiva entrou no carro, auxiliando Dess com o cinto de segurança:

- Claro.

- Para Benjamin também.

- Tchau, Pampa.

- - -

À medida que observava o caminho, a luz esbranquiçada foi sumindo. As ruas eram mais sujas, decadentes. Tudo muito colorido e tecnológico, mas a loira tinha a impressão que era mais fácil comprar um robô do que água potável.

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