🔹25🔹

36 5 4
                                    

O péssimo cheiro faz seu nariz torcer, os geminianos que descarregam os caminhões parecem igualmente incomodados, mas não dizem nenhuma palavra. Aquela região da cidade possuía esgotos a céu aberto.

Débora olha para o aparelho em seu uniforme, checando as horas. Onze e quinze.
Torce os lábios e olha para baixo do prédio que vigiava, Jon estava conversando com um dos serpentarianos, ela cerra os olhos quando um deles ri e oferece um cigarro para o mestiço, que aceita de imediato. Mais algumas conversas até que eles vão em direção ao beco e entram em um dos galpões.

A aquariana salta para o próximo prédio, apesar do foco não pode eixar de lembrar que a última vez que fez isso foi com uma leonina irritante e divertida. Balança a cabeça equilibrando-se entre as vigas, o caminhão de carga está partindo. Ela joga um dos micro rastreadores no veículo, esperando que pudesse ser útil no futuro.

Quando se aproxima das janelas consegue contar as pessoas: são poucos, apenas cinco, todos armados, com certeza. A ruiva ajusta o aparelho conectado a sua orelha, tentando escutar a conversa.

- Javier - a familiar voz de Jon é a primeira a entender - O que tem pra mim hoje?

O dono do nome sorriu causando mal-estar na aquariana, Javier piscou os olhos coloridos, predominantemente serpentariano, mas com uma mancha inconfundível verde escura; Gêmeos.

Um dos dentes reluzia em prata e ele apertou os ombros fortes de Jonatan.

- Depende - murmura o traficante - quantos você quer?

Débora sente o coração errar suas batidas, arregalou os olhos, vendo que o mestiço também esboçou surpresa, mas logo se recuperou, mostrando-se empolgado:

- É sério? - coloca as mãos nos bolso, as grandes serpentes tatuadas em seu corpo movimentavam-se acompanhando os músculos - Aonde está arrumando tantas?

Javier dá de ombros, uma pistola prata brilha no cós de sua calça.

- É um mercado em ascensão.

- Eu posso vê-las? - pergunta Jon.

- Claro, claro. - responde Javier, sorrindo de forma misteriosa.

Ele acena para um dos serpentarianos, que se afasta por um momento e retorna empurrando um carro plataforma com uma imensa caixa metálica coberta por lonas, Jon sente as palpitações no tórax aumentarem quando reconhece os sons emitidos por ela. Com um gesto, Javier puxa o que a cobria, revelando três crianças encolhidas no canto. Elas estão desnorteadas pela luz repentina e se encolhem ainda mais.

Jonatan se aproxima para examinar mais de perto, ele apertou os punhos com força, não podia simplesmente explodir ali. Se quisesse tirar aquelas crianças vivas teria que ser calculista. Esperava que o ódio não estivesse estampado em seu rosto quando olhou para Javier, um mestiço, assim como ele, mas estava negociando seus semelhantes. Como conseguia se olhar no espelho sem sentir completa repulsa?

Débora ainda escuta a conversa através do aparelho. Javier explica:

- Eles são M2, uma mistura especial de Touro, Peixes e Serpentário - aponta para a única menina - O mais novo é Leão, Gêmeos e Serpentário - aponta para a menor criança, deve ter cerca de três anos, estava nos braços de um garoto que parecia ter no máximo seis.

Jon sente seu pulso tremer, então esconde as mãos nos bolso.

- e esse mais velho aqui... ele é M1, Câncer e Sagitário. Resultado de anos de pesquisa. Eles tem um valor bem próximo.

Jon evita olhar para as crianças:

- Anos de pesquisa?

- Estamos fazendo mestiços agora - ele balança a cabeça, orgulhoso - Era trabalhoso e raro demais ficar procurando por eles, então... começamos a fazer.

ZODÍACO Onde histórias criam vida. Descubra agora