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Enid acordou com um salto. Seu corpo reagiu instintivamente, tentando encontrar apoio, mas acabou caindo da cama com violência. Uma dor pulsante martelava sua cabeça, a visão permanecia turva.

Um zumbido contínuo ecoava, como se tivessem perfurado seus ouvidos. Ao tentar articular palavras, apenas balbuciou incoerências. Parecia reviver o mesmo cenário do primeiro despertar.

Tocou a cabeça; apesar de íntegra, a dor era aguda. A vontade de simplesmente apagar era irresistível, mas o sono teimava em não vir. Deitou-se e aguardou, sentindo uma crescente angústia.

Despertou novamente, deitou-se mais algumas vezes até sentir-se melhor. Após um período que pareceu interminável, as ondulações na parede de vidro indicavam uma mudança. Agora, ela vislumbrava o outro lado. Uma figura de cabelos curtos castanhos estava lá. Enid levantou-se lentamente, apoiando-se no vidro. A outra jovem, deitada no chão com as pernas encostadas na parede, levantou-se ao perceber alguém se aproximando.

- H... nossa... aqui!

O som abafado tornava as palavras difíceis de serem discernidas. A jovem, vestindo roupas idênticas às da mestiça, em um quarto idêntico, tinha olhos marcantes: o direito castanho, o esquerdo rosa magenta. Parecia ter cerca de 15 anos, com um rosto redondo adornado por sardas, e era notavelmente baixa.

- Eu não consigo te entender! - gritou em direção ao vidro.

A jovem tentava mímicas, mas a comunicação ainda era confusa. Uma porta do lado oposto se abriu, revelando um corredor. A morena hesitou, mas ninguém apareceu para arrastá-la novamente. A jovem caminhou para fora e surgiu na porta dela em questão de segundos.

- Você pode sair - disse ela.

Enid aproximou-se lentamente da porta, tentada a tocar a outra para confirmar sua realidade.

- Primeiro dia, né? - soou melancólica.

Ao colocar os pés para fora deparou-se com um corredor longo, branco, ladeado por quartos semelhantes. Algumas pessoas dirigiam-se a uma porta maior com a inscrição 'Refeitório'.

- Onde estou?

- Ah - murmurou a jovem, odiava trazer más noticias - Você está no CEPAM: Centro de Pesquisa Avançada de Mestiços. É para cá que vêm todos os mestiços.

- Pensei que nos matassem.

- Até uns seis anos atrás - concordou - mas desde que a Dra. Viola começou o projeto, alguns vivem aqui.

Enid ainda estava atônita, apoiando-se nas paredes.

- Ah... o primeiro dia é sempre uma droga - a outra mestiça tocou os ombros dela, depois a abraçou. Queria afastar-se por reflexo, mas estava atordoada e surpresa. Ninguém a abraçara tão intimamente além de Zulma e Dess, casos extremos e raros. A mais jovem a abraçou sem hesitação, como se fossem antigas amigas.

No moletom branco, um holograma brilhava: Valentina Arruda.

- Vai ficar tudo bem - disse ao soltá-la.

- Há quanto tempo você está aqui? - perguntou.

- Uns quatro anos.

A morena tocou a orelha esquerda, manchada de sangue.

- Desculpe - disse sem jeito - Eu nem me apresentei: Sou Valentina Arruda, mas pode me chamar de Tina. Mestiça tipo 1: Touro e Libra, 16 anos, sem filhos. Homogênea.

Enid cerrou os olhos, tentando acompanhar. Tina falava rápido:

- Homo... o quê?

- Homogênea - apontou para os olhos, um de cada cor - significa que minha estrutura é formada igualmente por dois signos, 50% de cada, é um pouco raro. Eles não conseguem identificar qual é o parasita.

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