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Mesmo depois de um bom banho, Dess ainda tem brilho em seu corpo. Os cílios falsos e a pigmentação na sobrancelha persistiram até arrancar um grunhido insatisfeito da leonina, que cedeu à maquiagem.

Ela não é a única; a maioria dos outros signos também está com resquícios de glitter e iluminadores em seus corpos. No refeitório, as conversas estão animadas, a TV ligada passa a reprise da noite anterior, e os leoninos, é claro, estão focadíssimos no programa, ansiosos para verem a si mesmos e elogiarem a própria performance. Em um bom dia ela até faria o mesmo, mas estava com saudades de casa. Era estranho estar mais de alguns dias longe de Enid e Zulma.

As pupilas douradas correram pelo recinto, não encontrando Mishael. Ela pergunta a uma serva se o viu e logo recebe a resposta:

- Área de alvos.

A leonina segue até o local de treino, diversos membros da Triagem já estavam se dedicando às aprimorações físicas e intelectuais. Mishael lançava facas de combate. Ela se aproxima com um aceno, porém o mestiço parece em outra realidade; os músculos do corpo contraídos e excesso de suor, mesmo na baixa temperatura, entregam suas preocupações.

Dess apoia-se em um dos alvos, retirando uma faca que estava cravada superficialmente. Seus detalhes em branco e prata indicam todo o pertencimento à Serpentário. Seus dedos ágeis jogam a faca para cima, fazendo-a girar e tomá-la novamente em suas mãos.

Ela consegue se lembrar perfeitamente da pequena Dess arregalando os olhos quando Zulma fazia o mesmo movimento de jogar o objeto para o ar, pegando-a rapidamente diversas vezes. A faca de combate era preta com detalhes dourados e o símbolo de Leão.

- Essa aqui eu vou deixar com você - entregou nas mãos da menina que sorriu empolgada, não acreditando que sua Tenente havia presenteado-a.

Zulma se afastou um pouco e endireitou a postura do corpo:

- Relaxe os ombros e mantenha a cabeça erguida, o peito com um pouco de ar - disse a mais velha - Você solta a faca junto com o ar dos seus pulmões, semelhante ao tiro. Observe.

A criança assentiu e mirou atentamente a postura da mulher, que se ajeitou para começar a girar o afiado objeto entre os dedos, criando uma espécie de círculo escuro. Os olhos âmbar, no entanto, pareciam alheios ao espetáculo e se mantiveram firmes no alvo à frente.
Com um impulso certeiro, Zulma soltou a arma, afundando até o cabo no pequeno e agitado alvo.

- Vamos começar treinando alvos em movimento - anunciou ela. - Depois a uma distância maior.

Dess engoliu em seco.

Zulma sorriu e deu leves tapas nos ombros da menina. Assentiu com firmeza diante da postura de arremesso, mas deu leves risadas quando viu a pupila atrapalhar-se ao iniciar o impulso.

- Ai! - praguejou com um pequeno corte entre os dedos - Parecia bem mais fácil vendo você fazer!

Ela retirou outra faca da panturrilha e girou-a mais lentamente entre os dedos, os movimentos delicados faziam o objeto passar entre os dedos sem emitir nenhum corte ou raspão. A destreza e agilidade da Tenente era realmente invejável.

- Não pode hesitar no movimento. Nem para lançar, nem para girar nas mãos - respondeu aumentando a velocidade - Mas é comum se cortar às vezes - ela observava as próprias mãos movendo a faca rapidamente, ficaram assim por quase um minuto até finalmente a faca acertar o polegar de Zulma, tirando uma pequena linha de sangue - Viu?

- Certo... - suspirou, mantendo os olhos fixos no alvo.

Contudo, outra vez sua concentração dissipou quando ouviu o alarme de intervalo dos virginianos. Sabia que era o horário livre de Enid, mas não poderiam se ver. Ela não acertou o alvo e a tutora se sentou na grama, pacientemente.

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