ZODÍACO

🔹27🔹

Zulma não dormira bem na última semana. Além da saudade de sua pupila favorita, ainda tinha a constante preocupação com Enid, sua protegida. Agora que havia recebido notícias da capital, Ofiuco, ela sequer conseguia relaxar.

Com tantos anos de serviço deveria ser mais fácil lidar com a ausência de suas meninas, mas leoninos são sanguíneos demais, as emoções parecem emanar por suas peles como pura energia.

Ela arfa, ajeitando os dreadlocks mais firmes em sua cabeça. Quando vira em direção à sala de reuniões, há guardas no final do corredor, eles carregam as armas em punho, como se estivessem caçando algo. Ela cerra os olhos, fazendo uma anotação mental para perguntar ao seu vice-tenente, Alisso, quando foi a última vez que o General de Leão fez uma vistoria surpresa.

O mais jovem do grupo é Levi, seu pupilo, ela reconhece os cabelos crespos bem cortados e a longa cicatriz na boca. Vê o ponto onde vai cruzar com o grupo. Os leoninos parecem ansiosos, não olham diretamente para ela.

Cinco passos até se encontrarem.

Zulma para e dois homens receosos seguram seus braços, a mulher que parece liderar o grupo toma a palavra:

- Zulma Gatária. Código de identificação: 8091/5-6M. Tenente de Leão - ergue um aparelho e com um flash tira um retrato da expressão surpresa da leonina.

Os guardas apertam com mais força, ela não emite nenhuma palavra. Alen havia entrado em contato há alguns dias, sabia que havia a chance de ser pega... mas tão rápido? Imaginava que ainda teria alguns dias.

Seu corpo todo amolece, surpreendendo os outros leoninos. O guarda a solta por apenas um segundo, e Zulma desaba no chão. Depois, ela gira o corpo, lança-o para a frente e agarra a arma do coldre do mais baixo. A arma dispara ao lado de sua orelha, fazendo-a soltar um grito de dor. Os sons parecem distantes e diante da hesitação de seus subordinados a Tenente mergulha para a direita, atirando certeiramente na única mulher do grupo, depois em um leonino mais jovem. Um dos guardas que a segurava imobiliza seu braço, apontando a arma em seu rosto.

Em um momento de insanidade, Levi acerta com força o rosto de seu companheiro, fazendo-o desabar e toma a sua arma, atirando nele. O lado mentora de Zulma sentia-se orgulhosa do rapaz, não era à toa que quase tomou o lugar de Dess na missão da Triagem. Depois, ele vira, apontando a arma para o homem que a rendia. Mas ele já a soltou. Levi agarra o braço de sua líder, ajudando-a a levantar-se, depois começam a correr. Zulma corre atrás dele, desnorteada pelo som do tiro, cada passo sente uma onda de dor por toda a cabeça, sequer conseguia pensar.

Se a vissem correndo, os apatriotas infiltrados fariam como o cabo Levi e logo todos saberiam que eram traidores. Não podia deixar isso acontecer, o confronto ficaria enorme.

Corra, diz a si mesma, como se isso fosse facilitar a linha de pensamento. Sua mão direita continua agarrada à arma. Levi corre rapidamente, mas Zulma não é tão ágil, seu estilo de luta é pesado e firme. Ela não é veloz. O som dos alarmes começa, o leonino trinca os dentes:

- Tenente...

Eles escondem-se rapidamente de um grupo que corre em direção ao refeitório. Zulma arfa, encostando-se na parede, o sangue da orelha escorreu até o queixo; ela limpa, pensando nos danos futuros... Se vivesse o bastante para saber.

- Sua pílula está com você? - pergunta verificando seus bolsos, sente um grande alívio quando o recipiente frio é contornado por seus dedos.

- Sim, senhora - toca no peito e volta a olhar para os corredores - precisamos levá-la para um lugar seguro, a base isolada. Foi emitido um sinal da Resistência para os geminianos mais próximos.