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O bar da Velha-Dama é como um santuário da decadência no coração da cidade. O típico lugar que a escória se diverte.

As paredes escurecidas pelo tempo são adornadas com neon ofuscante, formando padrões obscuros que dançam conforme a música eletrônica pulsante. O fedor de cigarro e bebida barata impregna o ar abafado. Ela faz um som insatisfeito. Odeia o lugar. Odeia as pessoas.

Mesas de metal enferrujado e cadeiras desgastadas pelos anos acomodam os clientes de todas as espécies, desde os mercenários mais endurecidos até os hackers mais astutos.

Cada passo calculado, cada movimento estudado. A aquariana não quer ser vista pelas pessoas erradas. Seus olhos varrem o bar em busca de qualquer sinal da sua presa, seu alvo entre os bandidos e vigaristas que ali se reuniam.

Finalmente, ela avista-o: um homem solitário, sentado em um canto escuro, sua postura tensa denunciando partes cibernéticas como implantes em seu corpo. Os braços são malfeitos e estranhos, como sucata, totalmente diferentes da prótese bem trabalhada de Benjamin Torres.

Débora se aproxima com confiança:

- Está sozinho? - ela perguntou, deslizando para o assento ao lado dele com graça estudada. Os fios laranjas escorrem com simpatia, mas Saintpaulia não é de se deixar levar por rostinhos bonitos.

Ele a encara com desconfiança, seus olhos estreitando-se em avaliação.

- Depende de quem quer saber.

Ela sorri, um sorriso cativante que não alcança seus olhos. Então, inclina-se ligeiramente para ele, os cabelos cor fim de tarde caindo graciosamente sobre o ombro, criando um véu sutil entre eles e o resto do mundo.

- Eu estou interessada em alguém que possa saber algumas coisas - ela murmura com a voz suave - Coisas sobre os negócios... coisas sobre... segredos.

O homem a observa por um momento, ponderando suas palavras, antes de finalmente relaxar um pouco em sua cadeira.

- Você veio ao lugar certo para segredos - responde, sua voz áspera e carregada de desconfiança - Mas segredos têm um preço. O que você está disposta a pagar?

- Ah, meu chefe não tem problemas com dinheiro.

- E pra quem você trabalha? - vira mais um copo de uma bebida laranja e luminosa.

Debora não vacila. Ela desliza um pequeno pedaço de papel entre eles. O som do metal das ombreiras de Saintpaulia tilintando ecoa suavemente na penumbra do bar. Ela odiava o cheiro de cigarro eletrônico, só não é pior do que os de papel.

- Isso deve ser suficiente para começar. Mas só se a informação for boa.

O homem olha para o papel com interesse, seu olhar se estreitando enquanto avalia-a. Então, ele estende a mão e pega-o para ler o conteúdo. Um sorriso satisfeito se espalha por seu rosto enquanto examina o valor escrito e assinado. Uma assinatura muito reconhecida e cobiçada.

- Bem...- ele diz, amassando o papel e apagando um cigarro em cima, vendo-o queimar - Acho que podemos fazer negócios. Se me contar pra quem trabalha.

Ela tomba a cabeça para o lado:

- Muza. Não reconhece a assinatura?

Saintpaulia leva as costas para a cadeira e cospe no chão:

- Muza. Ele trafica crianças mestiças junto com o Javier.

- E desde quando você tem problemas com isso? - Ela sorri cínica.

- O carequinha trás problemas pra todo lugar que vai. Há boatos, garota, boatos que que Jonathan Muza trabalha com o governo, está ajudando a investigar nosso ramo. Ninguém vai mais negociar com o pessoal do Muza.

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