O Anúncio Da Tragédia

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Na penumbra do salão real, iluminado apenas pelas chamas trêmulas das tochas, a Rainha do Norte, com seu longo cabelo negro e olhos como a noite, olhava fixamente para as duas mulheres diante dela. A atmosfera era pesada, impregnada pelo cheiro de medo e dor.

— Diana, Beatriz... — A Rainha começou. — Roberto... — Sua voz embargada pela tristeza. As duas mulheres olharam para ela com a preocupação estampada em seus rostos. — Ele não está mais entre nós. Ele... Ele foi atacado pelos lobos na floresta e não resistiu.

Diana em estado de choque soltou um grito de angústia e cobriu o rosto com as mãos trêmulas. As lágrimas corriam por suas bochechas, e ela lutava para conter os soluços.

— Não, não pode ser! — Ela soluçava, soltando um lamento incontrolável.

Sua mãe, Beatriz, com seus cabelos loiros ofuscados pela iluminação do salão real detinha olhos em um ponto fixo do chão, permanecia calma e centrada ao lado da filha. Ela colocou uma mão firme no ombro de Diana, tentando acalmá-la.

— Diana, querida, acalme-se. — Beatriz disse em um tom firme, mas suave. — Acalme-se, minha filha. Precisamos ser fortes neste momento.

Diana tremia, incapaz de aceitar a perda de seu amado. Ela se contorcia, agarrando-se desesperadamente à notícia que trazia tanta dor. A Rainha do Norte observava as duas, seu coração partido pela dor da jovem bruxa e pela frieza de sua esposa. Ela caminhou até Diana, envolvendo-a em um abraço firme e amoroso, permitindo que as lágrimas de ambas se misturassem, enquanto Beatriz se afastou dando espaço para o consolo que naquele momento ela não conseguiria dar.

— Roberto sempre estará conosco em nossos corações. — Lorena, a rainha, sussurrou suavemente, acariciando os cabelos de Diana.

Diana soluçava contra o ombro de sua Lorena, sentindo-se perdida e sem rumo. Ela sabia que a vida nunca mais seria a mesma sem Roberto, seu riso, sua gentileza, sua presença reconfortante. Ela se agarrou à rainha com força, buscando consolo na única pessoa que podia compreender sua dor profundamente.

Enquanto isso, Beatriz observava a cena com uma expressão impassível. Ela compreendia a necessidade de ser forte, de manter a compostura em meio ao caos, mas algo dentro dela parecia distante, inacessível. As chamas das tochas dançavam em seus olhos, sem revelar a profundidade de suas emoções.

A Rainha do Norte se afastou de Diana por um momento, olhando para Beatriz com os olhos cheios de tristeza e desespero. Ela ansiava por um gesto, por uma demonstração de vulnerabilidade, qualquer sinal de que o coração de Beatriz também estava dilacerado pela perda de Roberto. Mas tudo o que viu foi a máscara impenetrável de Beatriz.

— Você é tão fria que não consegue demonstrar fragilidade pela perda do próprio marido. — Diana finalmente falou, cercada pela dor e ódio, entre o choro e as soluções.

Beatriz olhou nos olhos de sua filha, uma corrente de emoção passando brevemente por seu rosto antes de desaparecer por trás de sua máscara.

— Minha querida, entenda que minha maneira de lidar com a dor é diferente. — A voz de Beatriz saía serena. — Eu encontro força na serenidade, na racionalidade. Não demonstrar fragilidade agora, não significa que eu não esteja sentindo tanto quanto você.

A Rainha do Norte abaixou a cabeça, compreendendo a complexidade da situação. Ela sabia que Beatriz não era insensível, mas sim uma mulher de grande coragem e astúcia, capaz de esconder suas próprias dores para proteger aqueles que amava.

Diana soluçava ainda, seu peito apertado pela dor avassaladora e preferiu evitar um embate ao olhar para sua mãe, sentiu-se impotente diante de sua aparente indiferença.

Na penumbra do salão real, as chamas das tochas estremeciam e iluminavam o retrato doloroso da devastação da perda. O sussurro noturno envolvia a mente e coração dilacerado, refletindo o eco da dor, o silêncio urrando o desespero do cenário mortífero.

Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora