A Cerimônia

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O salão estava envolto em uma névoa densa, que parecia dançar suavemente ao ritmo sutil da luz das velas. As chamas tremulavam, lançando sombras dançantes pelas paredes de pedra, enquanto os presentes se reuniam em silêncio solene. Na extremidade oposta do salão, a figura altiva do Conselheiro Supremo Stefanos podia ser vista, seu manto adornado com símbolos ancestrais e olhos enigmáticos buscando cada rosto na multidão.

Os bruxos do coven do Norte estavam reunidos em círculo. Entre eles, a figura frágil de Diana se erguia, seus olhos vermelhos denunciando a dor profunda que a consumia. Ela balançava ligeiramente, seus cabelos escuros envolvendo seu rosto pálido, enquanto segurava uma rosa branca em suas mãos trêmulas.

Ao lado de Diana, estava Beatriz, seu semblante era impassível, os olhos fixos no altar diante deles, sem uma única lágrima ou tremor. No entanto, aqueles que a conheciam bem podiam perceber a tensão subjacente e a dor escondida por trás da máscara de tranquilidade forçada.

O altar em si era simples e solene, decorado com ervas aromáticas e símbolos antigos esculpidos em pedra. Uma aura de tristeza pairava sobre ele, como um manto invisível envolvendo toda a sala. O som suave de uma harpa ecoava no salão, enchendo o espaço com uma melodia tocante e melancólica.

À medida que o murmúrio das conversas diminuía, o Conselheiro Supremo ,Stefanos, ergueu-se majestosamente e os olhares se voltaram para ele. Sua voz ressoou no salão, carregando um peso solene e uma autoridade indiscutível.

— Amigos, familiares, e membros leais do coven do Norte, hoje nos reunimos para prestar homenagem a um dos nossos mais respeitados e amados. Roberto, um homem de grande sabedoria e coração gentil, partiu deste plano para se juntar aos antigos espíritos e às estrelas além.

Um silêncio pesado caiu sobre a assembleia, interrompido apenas pelo soluço abafado de Diana, que lutava para conter as lágrimas que ameaçavam transbordar, ao mesmo tempo que o ódio a consumia, mas, ela não poderia gritar as verdades que a devorava por dentro e suplicava para poder sair. Ela repudiava o Conselheiro com todas as suas forças, pois, se não tivesse sido aquele infeliz que dera aquela horrenda ordem, seu pai ainda estaria vivo.

Stefanos continuou, suas palavras ecoando como uma prece antiga entrelaçada com magia.

— Que sua jornada para o próximo mundo seja repleta de luz e paz, e que sua memória permaneça viva em nossos corações para sempre. Que sua sabedoria continue a inspirar nossas mentes e sua bondade a fortalecer nossas almas.

Os bruxos do coven do Norte ergueram suas mãos direitas em uníssono, um brilho suave preenchendo a sala enquanto suas energias se entrelaçavam em um tributo de despedida. As velas tremeluziam mais uma vez, como se ecoassem o lamento silencioso daqueles que permaneciam.

Enquanto o tributo se desenrolava, Diana afundou-se em uma cadeira próxima, suas mãos trêmulas apertando a rosa branca contra o peito. Seu rosto estava contorcido em dor, os olhos vermelhos como rubis brilhando com uma mistura de tristeza e raiva. Ela estava completamente despedaçada pela perda de seu pai, e a intensidade de sua dor parecia preencher todo o salão.

Enquanto isso, Beatriz permanecia ao lado dela, sua expressão fria e impenetrável mantida com firmeza. No entanto, aqueles que a observavam atentamente podiam perceber as pequenas fissuras em sua fachada, as tremuras sutis que escapavam de sua máscara de indiferença. Ela segurou a mão de Diana com suavidade, seus olhos transmitindo uma ternura oculta por trás da armadura de sua aparente indiferença.

A música da harpa continuou a preencher o espaço, o som ecoando suavemente como um suspiro coletivo das almas enlutadas. Stefanos concluiu a cerimônia com um gesto sereno, suas palavras finais carregadas de solenidade e esperança.

— Que o caminho de Roberto para a eternidade seja suave e radiante, e que sua memória permaneça como uma estrela brilhante em nossos corações. Que seu espírito encontre descanso e paz, enquanto nós, os que ficamos, nos esforçamos para honrar seu legado.

Com essas palavras finais, o salão mergulhou em um silêncio reverente. As velas continuaram a arder, lançando uma luz suave e gentil sobre os presentes, enquanto cada um refletia sobre a perda e a promessa de que a memória de Roberto viveria para sempre.

A cerimônia de homenagem a Roberto, um homem muito respeitado e amado, chegou ao fim. Enquanto os bruxos do coven do Norte se dispersavam, carregando consigo a lembrança daquele que partira, Diana permaneceu sentada em seu assento, abraçando a rosa branca como um símbolo de sua perda insondável. Ao lado dela, Beatriz permaneceu em silêncio, oferecendo seu apoio silencioso e compartilhando a dor de sua filha em meio à escuridão daquela noite.

O salão ecoava ainda com o eco das palavras de despedida, enquanto as almas enlutadas se reuniam para honrar a memória de Roberto, unidos em sua ausência e fortalecidos pelo calor de seus espíritos entrelaçados. A névoa densa pairava ao redor, envolvendo as sensações e o cenário, um reflexo tangível da tristeza e da dor que preenchiam o coração daqueles que ali estavam, reunidos para celebrar a vida e a passagem para um novo plano de existência.

E assim, a memória de Roberto continuaria a brilhar como uma estrela guia nas mentes e corações daqueles que o amavam, enquanto o coven do Norte se unia em luto e lembrança, compartilhando a dor e a promessa de que seu legado viveria eternamente.



Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora