A Carta

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— Elara, tenho um pedido para te fazer.

— Diga, mas se for algo grande...

— Não é nada complicado, apenas entregar uma carta para mim.

— E para onde seria essa entrega? — Elara se joga no sofá da sala de estar.

— No Coven do Sul.

— No Coven? Lamento, maninho, mas você sabe que não gosto de frequentar esses lugares.

Victor respira fundo, compreendendo a hesitação dela. Ele se aproxima e se senta ao lado de Elara, buscando persuadi-la.

— Eu sei, mas é muito importante. Não posso ir eu mesmo, estive na última rebelião e por descuido alguns guardas viram meu rosto, posso acabar arrumando problemas. Você é a única pessoa em quem confio para isso. Por favor, é algo que precisa ser feito discretamente.

Elara olha para ele, percebendo a seriedade em seu rosto. Ela suspira e hesita por um momento.

— Tudo bem, por você, Victor. Mas isso não significa que comecei a gostar desses lugares, hein? E uma hora você vai se dar mão por está metido nessas rebeliões contra o Conselho.

— Elara, não podemos viver da maneira que estamos vivendo.

— Sempre que me entendo por gente foi assim. Mexer com isso é caçar problemas.

— Elara, deixa de ser careta. E por esse discurso que estamos vivendo deste mod, com medo.

— Medo que tem suas origens. Você conhece a lenda da pedra, se o Conselho ousar usá-la.

— Se ela realmente existisse. Eles já teriam a usado. isso não passa de uma lenda.

— Mamãe e papai estão sabendo disso?

— Não, e voc|Você também não vai contar. — Ele se aproxima e dá um beijo em sua testa. — Agora por favor, faça o favor que pedi, é muito importante.

Elara assente contrariada.

Elara seguiu pela trilha escura, a luz das estrelas sendo sua única companhia naquela noite. Com passos firmes, ela se aproximava do Coven do Sul, observando o local à distância. Ao se aproximar dos portões do coven, ela hesitou por um momento, sentindo o nervosismo crescendo. No entanto, a imagem de Victor veio à mente, seu pedido ecoando em sua consciência. Com um suspiro, ela seguiu em frente.

Elara se aproximou do jardim externo do Coven, percebendo movimentos sutis, sombras dançantes que pareciam se esgueirar pelas plantas. Ela engoliu em seco, sentindo uma sensação estranha de percorrer sua espinha, mas se forçou a continuar.

Antes que pudesse alcançar a entrada, uma voz suave soou na escuridão.

— O que você faz aqui?

Elara se virou para encontrar uma figura etérea emergindo das sombras, uma mulher de beleza sobrenatural com longos cabelos prateados e olhos brilhantes como estrelas.

— Eu... Eu tenho uma carta para entregar, é importante que chegue às mãos certas. — Elara tentou controlar o nervosismo em sua voz.

A mulher olhou para Elara com curiosidade, os olhos brilhando com um leve lampejo de reconhecimento. Com um gesto de mão, ela se aproximou, estendendo a palma aberta para receber a carta.

— Entendo. Eu me encarregarei de entregar pessoalmente.

Elara assentiu, sentindo-se um pouco aliviada ao perceber que a mulher era receptiva ao pedido.

— Sim, é para Diana. É urgente.

A mulher sorriu gentilmente, recuando para o interior do coven com a carta em mãos. Antes de desaparecer na escuridão do jardim, ela lançou um olhar de compreensão para Elara.

— Seu segredo está seguro comigo, não precisa se preocupar.

Elara suspirou aliviada, observando a mulher desaparecer. Com um peso a menos nos ombros, ela se afastou do coven, ansiosa para informar a Victor que a carta havia sido entregue, ainda que a experiência tivesse sido inquietante.

Diana estava em seu quarto naquela noite, imersa na leitura de um antigo livro de poções quando um suave bater na janela chamou sua atenção. Ela se aproximou, curiosa, e encontrou uma borboleta de cores deslumbrantes, que brilha com uma luminescência mágica e junto uma carta flutuava próxima a ela. Sem hesitar, a bruxa abriu a janela e a borboleta adentrou, entregando fazendo cair a carta em suas mãos e logo em seguida, desaparecendo no ar.

Intrigada e ao mesmo tempo emocionada, Diana abriu o envelope com um sorriso ansioso.

"Querida Diana,

Espero que esta carta a encontre bem. O breve encontro que compartilhamos no baile deixou-me imerso em uma atmosfera de desejos por novos capítulos. Reconheço que nossos encontros anteriores não foram marcados pela melhor fortuna, contudo, acredito que talvez esteja na hora de redefinirmos essas experiências.

Estas palavras podem soar ousadas, mas emanam da sinceridade que pulsa em meu coração. Anseio pela oportunidade de um novo encontro, de explorar possibilidades que, até então, nos escaparam. Que possamos deixar para trás as sombras do passado e vislumbrar uma jornada compartilhada com novas nuances.

Com respeito e carinho,

Victor"

Diana leu cada palavra com atenção, sentindo seu coração acelerar a cada linha. Seus pensamentos corriam em várias direções ao mesmo tempo. As emoções misturadas se refletiam em seus olhos.

Ela dobrou cuidadosamente a carta, colocou-a dentro de um livro e segurou-a contra o peito. Sua mente estava em turbilhão, mas havia uma sensação de calor reconfortante em seu coração. Não sabia o que o futuro reservava, mas as palavras de Victor a instigavam, fazendo-a considerar possibilidades antes inimagináveis.

Realidades Ligadas - O Despertar da Maldição V.1Onde histórias criam vida. Descubra agora